Quando se
fala em opera metal vêm-nos à mente
muitos nomes mas, acreditamos que nenhum deles consiga juntar de forma tão
perfeita estes dois mundos como os Molllust. Em 2012 Schuld tinha deixado boas indicações e um ano depois a experiência Bach Com Fuoco mostrou o lado mais
arrojado do coletivo. O comprovativo chega com In Deep Waters, um álbum que os levou a fazer uma tour com os Orphaned Land com passagem
por Portugal numa sala lotada e entusiasta. A mentora Janika Groβ, voltou a
responder às nossas questões em torno deste novo álbum e, naturalmente da
passagem por Lisboa.
Olá Janika!
Como estás? O que têm feito os Molllust desde a última vez que falamos?
Olá! No ano passado o nosso principal
projeto foi o nosso recente álbum In Deep
Waters. Setenta e cinco minutos de música queria ser escrita, ensaiada,
gravada... Não é apenas o CD mais longo que fizemos, também houve muitos mais
músicos envolvidos, por isso foi um grande desafio organizar tudo. Além disso,
trabalhamos em conjunto com Andreas Trommler e a Leipzig School of Design nos nossos
novos belos vestidos de palco e com Rainer Zipp Franzens criamos o nosso
primeiro videoclip. Portanto, foi um
período muito ocupado, mas também ótimo! E, finalmente tivemos que nos preparar
a nossa tour acústica com os Orphaned
Land. Fizemos novos arranjos para as músicas para as deixar brilhar na sua nova
configuração acústica.
Depois Schuld e Bach Con Fuoco, este é o álbum que, definitivamente, coloca o nome
Molllust no cenário internacional, concordas?
Esperemos que sim! Schuld e Bach Com Fuoco já tiveram uma grande ressonância internacional, mas
foi com In Deep Waters, que deixamos,
pela primeira vez a Alemanha para tocar essas músicas ao vivo. Além disso, por
vezes, recebemos a vontade dos reviewers e
dos fãs de outros países, para não utilizarmos apenas a língua alemã, para que
possam entender melhor sobre o que são as nossas músicas. Por isso, neste álbum
encontram um mix de línguas - temas
mais globais, principalmente em Inglês, embora os temas pessoais tenham ficado em
alemão.
… E também em
italiano e francês, certo? São quatro as línguas usadas. Como é feita essa
adaptação? E... para quando o uso de Português?
O alemão é a minha língua nativa,
Inglês e Francês aprendi na escola pelo que posso falar quase fluentemente.
Como muitas árias clássicas são em italiano, aprendi a pronunciá-lo, embora
realmente não fale a língua – embora também conheça um pouco de latim e
espanhol, o que me permite entender bastante bem quando leio um texto em língua
italiana. No que diz respeito ao Português - devido às minhas capacidades no
Espanhol, consigo entender quando leio, mas não tenho ideia de como escrever um
texto nesse idioma. Com o francês e o italiano, tinha na banda dois falantes
nativos nas pessoas de Sandrine e Tommaso, que me ajudaram. Mas para o
Português, teria que aprender a língua em primeiro lugar e de momento não temos
planos para isso.
Desta vez
alteraram alguma coisa no vosso processo criativo ou de gravação?
Desenvolvemos mais. Comparado com Schuld, tivemos a vantagem de conhecer
antecipadamente o line-up. As
primeiras músicas de Schuld foram várias
vezes rearranjadas porque começamos os nossos primeiros ensaios sem cordas. Portanto
pude escrever as linhas das músicas relativas a todos os instrumentos. Agora,
também temos um segundo violino, que abriu mais possibilidades para compor. E
adicionamos partes orquestrais, que eram mais difíceis de compor, mas também foi
muito divertido.
E houve algumas
mudanças de formação - a secção "clássica" é agora uma presença
efetiva?
Sim. A Sandrine tocou violino em Schuld, mas teve que deixar a banda
devido ao seu trabalho - teve que se afastar de Leipzig. Por isso, fomos à
procura de um novo violinista - e encontramos a Luisa, que se juntou a nós para
Bach Con Fuoco. Depois disso,
Sandrine conseguiu voltar para Leipzig. Por isso, tivemos uma escolha difícil –
duas grandes violinistas ou devemos continuar a trabalhar com Sandrine ou com Luisa?
Assim, surgiu-me a ideia para tirar proveito da situação e trabalhar com dois
violinos no futuro. E acabou por ser realmente uma boa decisão!
A respeito do
baterista podes explicar alguma confusão que parece existir: quem é o baterista
dos Molllust - Clemens Frank ou Tommaso Soru?
Tommaso gravou In Deep Waters connosco, mas neste verão informou-nos que queria
deixar a banda para se concentrar mais em outros projetos musicais. Por isso,
fomos à procura de um substituto e encontramos o homem perfeito para a nossa
bateria na pessoa do Clemens. Ele já tocou um festival de verão connosco e vocês
irão ouvi-lo nos nossos espetáculos no futuro!
Olhando para In Deep Waters, como o descreverias?
Uma mistura de música clássica e metal, às vezes com um cenário
orquestral, às vezes mais de música de câmara do lado clássico. Em contraste
com a maioria dos outros projetos de metal
sinfónico, a vertente clássica é, pelo menos, igual à vertente do metal e não apenas
background. Além disso, os principais
vocais são de soprano clássico, por isso dá-lhes automaticamente um toque mais
clássico.
É engraçado,
porque, realmente muitas vezes assistimos a uma mistura áspera entre o metal e a ópera. Isso não acontece com
os Molllust. Aqui podemos perceber verdadeiros arranjos clássicos, como se
estivéssemos a ouvir música clássica... Como conseguem isso?
Eu venho de uma base clássica, fiz música
clássica quase toda a minha vida. Portanto, as estruturas clássicas são muito
naturais para mim. Costumava cantar em coros, e tocava numa orquestra - e
também tive algumas lições de teoria da música clássica. Na verdade, no início
tive que me adaptar ao lado de metal.
Estiveram em tour com os Orphaned Land. Como foi a vossa
reação quando receberam o convite?
Ficamos muito felizes! Foi uma grande
oportunidade para apresentarmos a nossa música para as pessoas em toda a Europa
- estamos muito agradecidos e realmente apreciamos!
Como correram
as coisas, nomeadamente no espetáculo em Portugal? Foi um set acústico, não foi?
Os fãs de toda a Europa acolheram-nos
muito bem. Tivemos grandes momentos, e foi uma experiência incrível! O público Português
foi ótimo! A sala estava lotada e as pessoas foram absolutamente entusiastas!
Esperamos voltar em breve. Como foi uma tour
acústica, tocamos o nosso set acústico
em toda a tournée, não só em
Portugal.
E a partir de
agora? Os Molllust são, definitivamente uma força reconhecida. Quais serão os
vossos próximos passos?
Concertos, concertos e mais concertos.
Atualmente estamos à procura de boas oportunidades para apresentar a nossa
música ao vivo. Como muitos viram as nossas versões acústicas, é agora tempo
para uma apresentação normal com os nossos rapazes do metal!
Muito
obrigado Janika. Gostarias de acrescentar mais alguma coisa?
Gostaríamos muito de agradecer ao
público Português para nos terem recebido de forma tão calorosa. Foi um grande
prazer ter tocado em Lisboa!
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