Entrevista: Naked


Pode surgir a confusão afirmando que os Naked se estreiam com End Game ou estão de regresso com End Game. A justificação para o facto é dada, mais abaixo, pelo vocalista Peter Sundvall, que acedeu responder à nossa entrevista. Independentemente disso, o facto a relevar é a qualidade de mais um disco de excelente hard rock saído da escola sueca e da label Escape Music.

Viva Peter! Parabéns pelo vosso excelente álbum e obrigado pela disponibilidade! Podes apresentar os Naked aos rockers portugueses?
Muito obrigado! Bem, gostamos de pensar que Naked é uma banda de rock melódico que se curva ao altar do AOR e das hair bands dos anos 1980 com uma abordagem um pouco diferente no conteúdo lírico.

Importas-te de falar um pouco da vossa história até agora?
De modo algum. Originalmente formamo-nos como uma banda de covers em torno de Mats e de mim próprio, mais ninguém. Tocamos músicas de Kiss, Scorpions, Rainbow e Black Sabbath da era Dio para citar alguns. Eu estava em outras duas bandas e saí dos Naked quando Mats paulatinamente começou a fazer canções originais. Isso resultou numa gravação feita no estúdio do Tony Borg que Mats pos cá fora por conta própria, sem apoio de qualquer editora. Essa versão da banda desfez-se, por várias razões, mas Mats seguiu em frente e continuou a fazer músicas. Depois, ligou-me em 2012-2013 para trabalhar em algumas das suas demos num estúdio e senti que poderíamos ir algum lado para além da fase de demos.

Portanto, começaram como uma banda de covers. E foi só em 2012/2013 que sentiram que era o momento certo para assumir o risco de criar as vossas próprias músicas?
Em 2013, sentimos que tínhamos produzido o material suficiente para ir procurar uma gravação adequada. Uma vez que Mats e Tony Borg tinham permanecido amigos desde a primeira tentativa dos Naked, entramos em contacto com ele para gravar as 5 ou 6 músicas que tínhamos prontas. Durante esse processo inicial, Tony envolveu-se cada vez mais nos arranjos das músicas, tocando peças de guitarra, baixo e teclados. Depois de algumas sessões, disse-nos que queria participar no projeto como músico e quem éramos nós para recusar! Para responder à tua pergunta, o input que recebemos do Tony nas misturas fez-nos perceber que poderíamos ir ainda mais longe em termos de qualidade e estrutura das músicas, correndo o risco que falas para criar mais músicas originais.

Quanto a esse primeiro álbum, Get Naked. O que aconteceu depois desse lançamento?
Sim, como mencionei anteriormente, foi posto cá fora por Mats no seu próprio selo. Teve alguma atenção na imprensa especializada na época, mas não havia nenhuma estrutura de distribuição disponível. Depois a banda desfez-se antes que pudessem tentar fazer uma tournée de apoio o que também não ajudou, claro. O engraçado, porém, é que estamos a receber um grande número de solicitações para esse álbum, a partir do momento em que começamos a promover este novo no nosso site - www.naked.se – e no Facebook. Acho que Mats ainda tem algumas cópias se estiveres interessado.

Portanto, embora apresentado como estreia, End Game acaba por não ser bem uma estreia de forma total…
Bem, é uma estreia no sentido em que redefinimos a nossa direção musical e o line-up, mas poderás Naked 2.0 se quiseres! O denominador comum é Mats Stattin, só isso.

Este álbum é uma coleção dessas canções que vocês têm escrito ao longo dos últimos dois anos?
Sim, correto. Apresentamos a primeira meia dúzia de canções a diferentes editoras, e a Escape Music mostrou algum interesse inicial, mas foram muito claros que queriam ouvir 12 canções para tomar uma decisão. Isso levou-nos quase 9 meses a escrever novo material. Provavelmente poderia ter sido um processo mais rápido, mas todos nós trabalhamos e Mats vive a cerca de 500 km de Tony e de mim.

Falando de End Game, como descreverias este álbum?
Propositadamente fomos para um som old-school dos anos 80 carregado de teclados com foco na melodia nas partes vocais e leads. Não queríamos que soasse muito polido porque alguma da música que sai hoje é quase como máquina com toda a sintonização automática, compressão e outras coisas. Seremos bem-sucedidos se houver, pelo menos, um par de canções que as pessoas não parem de cantarolar após algumas audições.

Como foi a experiência em estúdio?
Bem, para mim, foi a primeira vez e achei que foi uma experiência muito agradável e criativa. Algumas vezes foi um pouco entediante, especialmente quando se é o vocalista e não podes contribuir para encontrar o tom da guitarra perfeita naqueles 10 segundos mas, no geral, foi uma grande experiência. Especialmente com as cerca de 6 músicas em que eu estive 100% envolvido na escrita, tive a oportunidade de deixar a minha marca desde o início. Basicamente Mats veio com um esqueleto da música e talvez com uma ideia para um título, e depois, juntos, Tony, eu e ele trabalhamos no final da canção e nos arranjos num verdadeiro esforço colaborativo que é a forma como eu gosto. Em algumas das minhas bandas anteriores acabávamos por matar o potencial da música por muito se comprometerem, mas neste projeto, estávamos todos sintonizados em termos de resultado final e do que procurávamos. Todos nós, os três,  compartilhamos uma forte ética de trabalho que é fundamental para avançar.

Sei que tiveram alguns convidados, não foi? Como se proporcionou isso?
Tivemos, sim! Podemos começar com o excelente Mr. Paul Logue. Ele foi sugerido pela editora quando percebemos que precisávamos de substituir as linhas de baixo das demos na mistura final. Felizmente, ele concordou e irei para sempre valorizar a memória de passar 3 dias (e noites) a trocar arquivos com ele para a frente e para trás. Ele não só foi rápido (12 canções em três dias!), como também acrescentou um elemento que não estava lá devido ao seu virtuosismo. E é uma pessoa fantástica. Depois, Pete Newdeck surgiu como uma proposta para misturar o álbum. Conhecia-o dos Eden’s Curse mas não sabia que fazia misturas de álbuns. Ele pegou nas músicas e nós adoramos o que ele fez e o resultado pode ser ouvido no álbum. Para um álbum com um orçamento baixo, autofinanciado, acho que o Pete deu-nos mais do que poderíamos ter esperado em termos de som global e direto. Também acrescentou alguns backing vocals aos meus em algumas canções, e, vejam só, ainda toca piano, pela primeira vez numa gravação em End Of Eternity - tema bónus da nossa versão japonesa. Isso leva-nos ao terceiro e último convidado, a encantadora Jenny Jahns. Ela é uma conhecida de infância de Mats e toda a sua vida tem cantado semiprofissionalmente. O seu trabalho atual é a dobragem, o que significa que ela dobra filmes infantis como Harry Potter, muitos filmes da Disney, é ela a voz sueca de Vilma em Scooby Doo, entre outras coisas. Ela disse que tinha que estar e acho que ficou ótimo – as nossas vozes ajustam-se bem. Jennie é também uma senhora muito fixe.

E quanto a tocar ao vivo? Como vão as coisas?
Aqui temos que equilibrar os nossos outros compromissos com o forte desejo de sair e tocar. De momento, estamos a negociar com algumas agências e gostaríamos de ter a oportunidade de entrar na lista de alguns dos festivais no próximo verão. Até agora, temos tido a sorte de obter uma grande resposta para o álbum, não menos importante do sul da Europa, e seria ótimo poder fazer alguns espectáculos para promover o álbum fora da Suécia, onde não está muito frio para se andar nu!

Muito obrigado, Peter. Dou-te a oportunidade de acrescentares mais alguma coisa…
Obrigado! Esperamos que os teus leitores em Portugal consigam uma cópia do CD e gostem do que ouvem. Se baterem um pouco o pé, cantarem e sentirem-se bem, então o nosso trabalho está feito. E, por favor, visitem-nos em www.naked.se para uma atualização do que estamos a fazer. Fica bem e obrigado!

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