Anos de
trabalho duro em palco e em estúdio – em grupos como Attick Demons, Dawnrider,
Divine Lust e Iberia – antecederam a criação de uma banda que Portugal deve ao
mundo do Hard Rock desde os 80s: os
Affäire! Após dois singles com grande
impacto, o tão aguardado álbum de estreia, At
First Sight, surgiu finalmente numa edição da mítica Demon Doll Records. O
baterista J. P. Costanza falou-nos deste disco e de tudo que envolveu a sua
criação.
Olá JP, tudo
bem? Fala-me deste vosso novo projeto, Affäire? Quando nasceu e como têm sido
os seus primeiros tempos?
Olá Pedro! O projeto que viria a tornar-se nos Affäire
já andava a ser cozinhado desde meados da década passada, quando comecei a
acumular ideias que não faziam sentido utilizar na banda em que estava na
altura. O gosto pelo Hard Rock existia desde miúdo mas nunca tinha havido
oportunidade de formar uma banda do género. 2010 foi o timing certo para arrancar com essas ideias e de procurar as
pessoas certas. Cerca de um ano depois surgimos oficialmente, com o nosso single de estreia Born Too Late, lançado apenas em vinil. Com um segundo single pelo meio, umas quantas datas ao
vivo e ajustes de line-up chegamos ao
outono de 2015 lançando o nosso primeiro álbum At First Sight.
Sendo que
todos vocês já tinham experiências noutras bandas, quando e porque decidiram
que estava na altura de tentar um novo projeto?
Como expliquei na pergunta anterior
tudo isto passou muito por uma questão de disponibilidade, anteriormente
limitada pelo compromisso e dedicação a bandas anteriores. Por outro lado, não
é um estilo com uma grande escola ou cena em Portugal. Apenas como termo de
comparação, teria sido muito mais fácil encontrar músicos noutros estilos mais
batidos, como Stoner, Punk Rock, Hardcore ou Metal Extremo
do que para uma banda de Hard Rock
puro.
E isto é
diferente de tudo que já fizeram até agora, não é? O que vos motivou a irem por
este caminho musical?
O mais parecido que tanto eu como o
Rick, guitarrista, tínhamos tocado, foi heavy
metal tradicional. Boa parte da motivação veio disso mesmo, finalmente
formarmos uma banda de um estilo que sempre gostámos mas que nunca tinha feito
parte do nosso percurso musical a nível de bandas. Permitiu-nos,
simultaneamente, ter uma frescura criativa genuína e uma maturidade musical no
sentido de sabermos exatamente o que queremos fazer logo de início, algo que
nem sempre existe quando uma banda de miúdos de 18 ou 19 anos dá os primeiros
passos. Estamos à vontade para falar porque também já passámos por isso… No
caso do Mike, ele já tinha tocado noutras bandas de Hard Rock, com destaque para os Iberia, com quem gravou o último
álbum.
Entretanto,
chegam ao primeiro álbum, At First Sight.
Quanto tempo trabalharam neste disco e como correram os processos de composição
e gravação?
A composição começou logo nos
primeiros ensaios da banda. Quando gravámos o primeiro single já tínhamos mais originais que acabaram, quase todos, por
vir a fazer parte do álbum. Podemos dizer que a composição terminou a meio de
2014, quando decidimos que já tínhamos material em quantidade e qualidade
suficientes para o disco que queríamos gravar. Apesar de andarmos há vários
meses com um line-up instável, tudo
acabou por se resolver na altura certa. Eu e o Rick decidimos marcar estúdio
para outubro de 2014, mesmo sem saber quem iria gravar a voz e o baixo.
Tínhamos de arriscar esta fuga para a frente sob pena da banda começar a
definhar. A verdade é que tudo se compôs de forma estranhamente fácil e
natural: entrou o Dizzy Dice Mike – com quem já tínhamos falado no passado para
cantar em Affäire, o que nunca foi possível devido ao compromisso que ele tinha
com os Iberia - para a voz e o Herr Mathïas, um amigo próximo de longa data e
com quem eu tinha tocado noutros projetos, para gravar o baixo. Passámos o verão
a entrosar a nova formação e a trabalhar na pré-produção do disco e em outubro,
como estabelecido, começaram as gravações.
Por falar em
gravação, a produção esteve a cargo do Fernando Matias… a pessoa adequada para
sacar toda a força das vossas músicas…
Pelo menos em Portugal, estamos
convencidos que foi a pessoa certa. Já o conhecíamos e tínhamos boas
referências em relação ao trabalho do Fernando em estúdio. Também ajudou o
facto de sabermos bem o tipo de produção que queríamos para este álbum e ele
compreendeu sem dificuldades. Queríamos um som pesado mas orgânico, e
afastarmo-nos um pouco de grande parte das produções atuais que acabam por
abusar das maravilhas da era digital… As misturas estiveram também a cargo do
Fernando mas optámos por posteriormente masterizar o disco num estúdio da
Califórnia, que recorre quase totalmente a material vintage, tendo o disco passado todo pela fita, à moda antiga. Como
curiosidade, o estúdio pertence ao Davy Vain, uma lenda dentro deste género
musical.
E como chegam
à Demon Doll Records para a edição do álbum?
Ainda antes desta masterização,
decidimos mostrar um advance do álbum
a várias editoras dentro do Hard Rock
ou, pelo menos, com evidente abertura para o estilo. A Demon Doll Records é,
desde há cerca de uma década, uma das editoras mais proativas no lançamento de
novas bandas de Sleaze, Glam e Hard Rock no geral. Por outro lado, também fazem o “favor” de
editar bandas que prometeram mas que nunca saíram do underground obscuro nos anos 80 e inícios de 90, de forma a terem
um mais que merecido registo digno em disco. No nosso caso, enviámos o tal advance pela net e, no dia seguinte, já tínhamos resposta deles, a dizer o
quanto gostaram do que ouviram e a manifestar a vontade de editar o disco.
Mas cá em
Portugal, a edição é da Raging Planet, certo?
Em Portugal a distribuição é
exclusivamente operada pela Raging Planet, que fornece as lojas interessadas em
ter o nosso disco à venda, havendo também opção de envio pelo correio. Era
importante trabalharmos com pessoas da nossa confiança e a Raging Planet tem
sido uma parceria valiosa, não só na questão da distribuição como também no
agendamento de concertos e noutros aspetos com que uma banda tem de lidar.
Logo a abrir
a vossa carreira tiveram oportunidade de compartilhar palco com Paul Di Anno e
House Of Lords. Como vivenciaram essas experiências?
O concerto com o Paul Di Anno foi
apenas o nosso segundo… É sempre especial partilhar palco (backstage e bebida, já agora…) com pessoas que fazem parte da tua
discografia pessoal. Uma das boas recordações que já temos nesta ainda curta
carreira dos Affäire. No caso dos House Of Lords, foi caricato uma banda com
álbuns lançados através de uma major label ter aparecido em Lisboa de
comboio, sem backline nenhum,
pedindo-nos tudo emprestado à exceção de guitarras, pedal de bombo e baquetes!
Mas foi outra boa experiência, numa casa cheia em que qualquer banda gosta de
tocar, a Music Box. Há público que só sai de casa para ver bandas estrangeiras
e, nesse sentido, estes concertos são sempre uma boa oportunidade de agarrar
novos seguidores e talvez fazê-los repensar esta postura mais preguiçosa em
relação a bandas nacionais.
E daqui para
a frente, o que já têm em vista ou planeado?
Neste momento, temos uma série de
concertos marcados neste primeiro trimestre de 2016 e é esse o nosso foco:
estrada! Confesso que também existe vontade de voltar a fazer música nova. Já
há bastante material para ser trabalhado, algo a que nos vamos dedicar quando
passar esta fase em que estamos mais ocupados a tocar ao vivo.
Muito
obrigado JP. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Acrescentar que temos um videoclip acabado de ser lançado: Devil’s Cross, que é a música de
abertura do nosso disco. Podem vê-lo no nosso canal do You Tube. Temos ainda uma série de concertos
de Norte a Sul, nos quais fizemos questão de ser acompanhados por algumas das
boas bandas nacionais! Estão disponíveis no nosso site (onde também é possível encomendar o
nosso disco e outro merchandising) e
na nossa página de facebook, que será previsivelmente o sítio
onde mais facilmente aparece tudo sobre os Affäire. É só fazer um “gosto” e
segui-la! Obrigado por se terem lembrado de nós e fazemos voto para que a Via
Nocturna – e não Noturna! – continue com esta dinâmica a apoiar o rock e o metal!
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