Expoente
máximo do metal progressivo no nosso
país, os Forgotten Suns vem mantendo ao longo dos anos uma linha de qualidade
que os coloca, indubitavelmente, no mesmo nível dos maiores nomes
internacionais do género. When Worlds
Collide é já o quarto álbum da banda lisboeta e estreia um novo teclista
após a saída de Miguel Valadares. Mas esta não foi a única mudança no seio da
banda, como se pode ler em mais uma entrevista que o guitarrista Ricardo Falcão
nos concedeu.
Olá Ricardo, tudo
bem? A última vez que falamos foi há cerca de cinco anos. O que se passou no
reino Forgotten Suns durante este período?
Viva Pedro, a última vez que falámos
foi quando produzimos o EP Revelations em
finais de 2010 (17 Dez) que consistia nas faixas que não entraram no 3º álbum Innergy. Desde essa altura aconteceu
muita coisa mas resumidamente: tivemos uma importante e decisiva mudança de
teclista (Miguel Valadares), nessa altura foi delicado porque ele também era um
dos principais produtores na banda, foi com ele aos comandos da engenharia de
som que coproduzimos o álbum Innergy
e o EP Revelations, portanto a sua
decisão de seguir outros caminhos de produção na música deixaram-nos numa
situação delicada. No entanto houve imensa amizade e profissionalismo e nunca
tivemos nenhum problema até à entrada em jogo do novo elemento Ernesto
Rodrigues com quem já compusemos o 4º álbum When
Worlds Collide. No final de 2015, muito recentemente deu-se a mudança de
vocalista, com Marco Resende a entrar para a banda. De resto tem sido um caminho
de promoção, abrimos a nossa label
Premiere Music o ano passado e estamos a preparar-nos para compor um próximo
disco.
Entretanto,
regressam com um novo álbum. A matriz identitária de FS continua presente, mas
por momentos parecem que estão um pouco mais irritados (risos) com o aumento da
agressividade vocal. Foi uma evolução natural?
Este disco é muito autobiográfico,
os temas liricamente retratam muitas das experiências que vivemos de 2010 a
2013, de registar que o disco foi composto durante 2013, estivemos um ano a
negociar com algumas labels e isso
levou a que o disco saísse mais tarde, levou também à decisão de apostarmos na
abertura da nossa própria editora Premiere Music de vez. Em termos estéticos,
em Forgotten Suns, a voz funciona como outro instrumento e a extensão/dinâmica
é igual a usar um pedal diferente para uma determinada parte…também existe a
natural teatralização e interpretação dos personagens dentro de cada tema,
creio que o fazemos porque podemos e gostamos, se somos melhores interpretes
então será uma evolução.
Seja como
for, uma das principais caraterísticas – a junção de momentos mais agressivos com
outros mais melódicos – mantem-se...
Sim, este disco foi comentado por
nós internamente como uma fusão dos ambientes do 2º álbum Snooze e do Innergy. Quem
sabe como será próximo? Acho que a beleza e o interesse de tudo isto residem
nisso mesmo.
Sempre com
esse toque de técnica elevada e apurada. Nota-se que a banda tem crescido em
todos os termos. Até onde podem chegar?
Gostamos de fazer música que
transmita mensagem, um conceito. A técnica só por si não diz nada, é algo
estéril, vazio e egocêntrico. Temos para nós que quando consegues cativar
alguém fazendo-o com um alto nível musical e um grande conceito (equivalente a
um guião para o cinema) é porque estás a fazer as coisas de uma forma marcante
em que ambas as partes, ouvinte e performer
sintam a magnitude do tema. Há muitas formas de dizer a mesma coisa, pessoas
diferentes, com backgrounds
diferentes, expressam-se de modos completamente únicos estando a abordar o
mesmo assunto.
Como já
referiste, pelo meio, houve a mudança de teclista. Há quanto tempo está o
Ernesto convosco? Foi fácil a sua adaptação?
Sim, como referido acima ele
entrou em setembro 2012 após termos vindo da Suécia (Estocolmo), esse foi o
último gig com o Miguel Valadares. O Ernie é um músico fantástico, é um dos
raros teclistas que toca progressivo em Portugal, descobri-o no YouTube e convenci-o a vir para Lisboa,
ele é alentejano de gema, algo com o qual me identifico porque a minha família
do lado paterno é de Odemira e é uma das pessoas mais íntegras e profissionais
que conheço. Este detalhe pessoal, a relação músico/pessoa é algo
importantíssimo que define a maioria dos grupos e aproveito para estender a
todos os elementos da banda Sam, Nuno e Rez. Creio que a longevidade da banda
se deve a uma paixão pela nossa música, uma amizade muito forte e a um
profissionalismo enorme, aqui incluo também o Nio e o M. Valadares que têm
muito crédito na sua passagem.
E já teve
oportunidade de participar no processo de composição?
Sim, este disco foi composto de raiz
com ele. Existe uma química muito boa, creio que quando existem os predicados
que referi anteriormente tudo o resto é muito fácil porque é natural.
E quanto a convidados,
sei que contaram com gente exterior à banda. Como se proporcionou essa
participação e que papel tiveram esses músicos
Tivémos duas convidadas, a Filipa
G no violoncelo em Somewhere In The Darkness porque queríamos the real thing em vez de samples e a estrondosa voz da Tânia
Tavares em The Light Behind Your Eyes.
A Tânia é das melhores vozes femininas nacionais e participou em dueto nesse
tema ao vivo na apresentação do disco que fizemos em março (Paradise Garage).
Ainda em
relação a When Worlds Collide, quanto
tempo tiveram, efetivamente, a trabalhar nele? Correm sempre tudo sobre rodas
ou tiveram que ultrapassar algum percalço?
A composição foi alongada porque
não trabalhámos dias inteiros como fizemos com o Innergy, se formos juntar todas as horas efetivas diria que
demorámos mês meio. Em estúdio estivemos cerca de um ano como referi atrás,
houve bastante produção/composição de detalhes em estúdio.
Entretanto,
acabaste por criar a tua (vossa) própria editora que, naturalmente, lançou When Worlds Collide, bem como outros
títulos. Que objetivos nortearam a criação dessa editora?
A Premiere Music posiciona-se
como uma editora independente para já e o nosso objetivo é o de fazer chegar a
nossa música e a de outros projetos mais além de uma forma efetiva e
profissional. Em 2016 vamos abrir para outra (s) vertentes que não só a edição
e promoção, fica a curiosidade no ar…
E é,
definitivamente, o passo que faltava para a vossa total independência como
falavas em 2010?
Sim sem dúvida, é um caminho que
estamos a desbravar e nos dias de hoje é Do
or Die por isso é algo que há que assumir e fazê-lo ao nível que
ambicionamos ser.
E como está a
ser a aceitação disco quer cá dentro quer lá fora?
Está a ser bastante boa, temos
tido opimo feedback ao novo álbum e a nossa base de fãs tem crescido ao longo
dos anos, álbum após álbum.
Projetos para
os próximos tempos – o que têm em mente?
Estamos a dias de arrancar
oficialmente com a composição de um novo disco e esperamos promover ao vivo a
nossa música com o novo vocalista Marco Resende.
Muito
obrigado, Ricardo. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Quero agradecer-te mais uma vez
pelo incondicional apoio que sempre tivemos da parte do Via Nocturna e para
quem não conhece a banda, ouçam-nos no YouTube
e restantes redes sociais - juntem-se a nós fazendo LIKE em www.facebook.com/forgottensuns.officialband
e comprem o disco em www.premiere-music.net
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