Os
Esfera (ex-Emma) são uma banda de rock
progressivo de Setúbal, tendo começado em meados de 2013 e com alguma
experiência de outras bandas por parte dos seus membros. Esfera é, também, uma
viajante do tempo, que traz com ela a sonoridade e legado do rock progressivo. O álbum de estreia intitula-se de All The Colours of Madness, e é uma viagem de 7 faixas pelas cores
das diferentes emoções, da perspetiva de um cego. Vamos perceber melhor essa
viagem nas palavras de Nuno Aleluia.
Olá Nuno, tudo bem? Podes
explicar-nos em que consiste esta Esfera?
Está tudo bem, e convosco? Bem, é muito
simples: esta Esfera é uma amalgamação de dois guitarristas (Diogo Marrafa e
Pedro Dinis), um baixista (João Completo), um baterista (Vasco Rydin) e um
vocalista (Nuno Aleluia), que de vez em quando tenta rolar de um lado para o
outro a ver se redefine o conceito de Rock
Progressivo.
Já foram Emma, não é verdade? O
que motivou a mudança?
De facto! Não podemos dizer que a mudança
tenha vindo de bom grado, já que foi uma causa maior que nos levou a mudar de
nome: como estamos à procura de algum espaço no mercado musical nacional
tivemos de alterar o nome da banda para agradar todos os trémitos legais do
processo de nos tornarmos profissionais.
E como tem sido a existência
dos Esfera nestes últimos tempos?
Tem sido bem mais gratificante que a de
Emma, (risos). O lançamento do álbum em versão digital e gratuita na internet foi a melhor coisa que podíamos
ter feito porque nos está a trazer alguma da visibilidade que procurávamos.
Temos passado os últimos tempos a dar concertos de apresentação do disco e a
preparar o próximo projeto, por isso, entre ensaios e viagens podemos dizer que
tem sido uma existência ocupada; mas que poderia ser ainda mais.
Sei que têm acumulado alguma
experiência de palco com diversos outros coletivos nacionais. De que forma essa
experiência se repercute neste trabalho?
A experiência de palco é provavelmente a
mais importante a adquirir neste ramo e não há melhor forma de o fazer do que
partilhar um espetáculo com outras bandas que, como nós, se movam nos seus círculos
próprios e procurem um espaço no coração das pessoas. Claro que o afinar da
estética e o melhorar da técnica também são importantes passos no
desenvolvimento do processo artístico, mas a experiência das atuações ao vivo
dá lugar a uma melhor compreensão dos limites: uma atitude realista em relação
às capacidades e uma conexão emocional entre a obra e o público que nos faz
perceber o que é necessário para melhorar.
E quanto ao álbum All
The Colours Of Madness, um disco
conceptual, segundo me apercebo. Qual é o fio condutor desta história?
A ideia era poder partilhar uma opinião
sobre as definições de sanidade e de normalidade onde simultaneamente encontrássemos
espaço para nos explorar a nós próprios enquanto artistas. Por isso, decidimos
criar um sujeito poético cego que tivesse como objetivo tentar explicar o que
era cada cor para ele (atribuindo-lhes, assim, sentimentos) e demonstrar de que
forma cada um desses sentimentos pode levar alguém à loucura (quando sentidos
nos extremos).
E musicalmente, como o
descreveriam?
Musicalmente é mais ou menos como a
amalgamação que referimos ali em cima! Como o All The Colours of Madness requeria um espaço musical muito grande,
com a tentativa de fazer de cada música uma cor e de cada cor um sentimento,
acabou por se tornar uma espécie de sopa a onde cada um adicionou um
ingrediente. Se generalizarmos, é um álbum de Rock Progressivo imensamente orientado para as vocais, que varia
entre secções rítmicas electrizantes e secções expressionais melódicas. Mas
qualquer ouvinte tirará melhores conclusões do nosso trabalho se o ouvir ele
próprio, (risos)!
É curioso verificar que definem
algumas dessas cores da loucura, com cinco dos oito temas a terem como título
as cores. Há uma correspondência entre cada cor e o respeito estado de
espírito?
Sim, com certeza! As cores são um
elemento muito abstrato para se definir e como tal esforçamo-nos ao máximo para
lhes construir sonoridades plausíveis. A Green
é o mote emocional do álbum e é a Esperança, a Blue é a Liberdade, a Red
é o Amor, a White é a Paz e a Black é o Caos. Em cada uma delas
tentamos traçar o perfil de cada extremo do espectro; ou seja, há duas
interpretações antagónicas para cada sentimento (por exemplo, amar demais ou
não amar que chegue). O objetivo desta tarefa era levar o ouvinte a concluir
que a Loucura está nos extremos do sentir, e que se pode encontrar um balanço
para a vida na moderação.
Como foi todo o processo de
criação e gravação deste álbum?
Foi demorado e trabalhoso mas
divertidamente memorável! A ideia por detrás do álbum já vinha do Nuno, que nos
trouxe o esqueleto de metade das musicas para trabalharmos juntos; então
passamos imensos dias a tocar quase 10 horas de seguida e a comer McDonalds (o que se calhar nos aproximou
da loucura que era preciso)! Depois falamos com os nossos talentosos amigos do
The Shape of Tone to Come Studios e gravamos o trabalho ao mesmo tempo que lhe
alisamos as arestas! Achamos que todo o processo deixou um bichinho para
repetir!
Projetos para os próximos
tempos – o que tens em mente? Estrada está nos vossos planos?
Estrada não faltará porque, como referimos
acima, é importante manter contacto com o público! A internet é um veículo espetacular para a divulgação do álbum mas é
igualmente importante estar presente para dar as pessoas uma perceção de nós:
de onde vimos e para onde queremos ir. Fora os concertos, estamos no processo
de lançar um novo videoclip e andamos
a ensaiar regularmente para preparar o próximo trabalho!
Muito obrigado, e parabéns pelo
excelente álbum! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Nós é que agradecemos, pela paciência
para nos lerem e pela força que nos estão a dar! Não se esqueçam de ouvir o
nosso álbum gratuitamente na maior parte das plataformas online, aparecerem num concerto ou outro e seguirem as novidades
que postamos no Facebook! Esperemos
que tenham gostado desta Esfera e deixamos-vos com um "Até à
próxima"!
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