Entrevista: Derdian

 
A saída tempestuosa de Ivan Giannini está a ser uma página complicada na história dos Derdian. Ainda assim, a compilação que reúne os melhores temas da saga New Era, mostra aos novos fãs como é o passado (também ele) brilhante do coletivo italiano. Sem Giannini, o coletivo apostou em convidar uma série de grandes vocalistas para emprestarem as suas vozes a este conjunto de grandes temas. Enrico Pistolese e Marco Garau contam tudo e vão avançando que um novo álbum de originais já está em fase de preparação.

Viva, meus amigos! Definitivamente, com esta compilação, uma nova era começa para os Derdian?
Enrico Pistolese (EP): Olá amigos! Seria uma nova era se o nosso ex-vocalista Ivan permanecesse na banda. Na verdade, no início, este projeto foi concebido de modo a consagrar Ivan como o vocalista definitivo. Pensamos que pô-lo a cantar as músicas antigas poderia ser uma boa ideia para atingir isso.

Quando começaram a pensar fazer uma compilação com algumas das vossas melhores músicas da trilogia New Era?
EP: Há cerca de um ano e meio atrás.

Infelizmente, a principal novidade acaba por ser, precisamente, a saída de Ivan Giannini. O que aconteceu?
EP: Não estava à espera dessa pergunta... Há exatamente um ano, depois do nosso espetáculo no Made Of Metal na República Checa, e apesar do concerto ter corrido muito bem, Ivan agrediu-nos verbalmente pelas razões que passo a explicar. Estando particularmente feliz e cheio de adrenalina pelo sucesso do espetáculo, começou a fazer discursos estranhos, por exemplo, a controlar a expetativa dos nossos respetivos empregos para poder viajar pelo mundo a fazer concertos, sempre que quaisquer entidades individuais ou institucionais nos convidassem. Tentámos fazê-lo entender que já não somos crianças na década gloriosa de oitenta quando entras numa carrinha e vais Europa fora para tocar em todos os clubes e festivais; agora temos mais de trinta anos, com filhos e famílias e empréstimos... etc etc e (talvez) um emprego seguro, considerando que a música, infelizmente, não enche os nossos frigoríficos e coisas do género. Ele ficou tão chateado que nos deixou nos bastidores com um carro a menos para carregar todo o nosso equipamento e com o fardo de ter que comprar um bilhete de avião para poder regressar à Itália para ir ter com a minha esposa e com a minha filha (também assumiu o risco de nem sequer o encontrar - o avião estava muito cheio). Desde aquela noite nunca mais voltei a ver Ivan... Alguns dias depois, enviou-nos um e-mail a informar que a sua colaboração com a banda tinha terminado. Os outros elementos viram-no mais uma vez, uma noite em estúdio em outubro e mesmo lá, no entanto, mesmo já não fazendo parte da banda, começou a criticar qualquer coisa na mistura de Revolution Era, proibiu-nos de usar as suas faixas e foi embora batendo com a porta. Sim, leste corretamente! Ele já tinha gravado o álbum inteiro... Não tenho palavras para descrever todo esse desperdício de tempo... Nessa mesma noite, tornamos oficial de que Ivan havia deixado a banda e decidimos chamar todos os convidados que conheces, a fim de nos ajudar a tornar real um velho sonho que sempre tive: trabalhar em conjunto com estes artistas.

Portanto, nesta compilação, de um vocalista surgiram muitos. Como conseguiram todas essas contribuições?
Marco Garau (MG): Primeiro, tentamos entrar em contato com todos os vocalistas que fizeram o nosso tempo nos últimos anos para ver quem estava disponível para participar neste projeto. Para ser honesto, não esperava que tantos grandes artistas se juntassem a nós, e melhor coisa é que todos eles adoraram as músicas!

Ter novos vocalistas em músicas antigas, significa que regravaram totalmente estas músicas?
EP: Sim, regravamo-las todas, mas isso porque queríamos fazer novos arranjos para algumas partes e, em alguns casos, não estávamos satisfeitos com o som das versões antigas.

E há uma fantástica canção nova com, nada mais nada menos que Fabio Lione. Foi a primeira vez que trabalharam juntos?
MG: Sim, conhecemos Fabio há muito tempo, mas nunca tivemos a oportunidade de trabalhar juntos. E isso é realmente estranho, porque Fabio tem sido convidado em muitos outros projetos. A propósito, ele é um cantor profissional e foi muito fácil trabalhar com ele na nova canção.

Como foi essa experiência de gravar com tantos vocalistas diferentes de todo o mundo? Trabalharam juntos em estúdio ou não?
MG: Uma experiência incrível. Podes imaginar o que poderia significar trabalhar com os melhores cantores de todos os tempos, cantores que ouves todos os dias e que agora estão a trabalhar contigo. Obviamente, devido à distância, cada um deles gravou as suas faixas nos seus próprios estúdios. Pessoalmente, tive a oportunidade de falar com muitos deles sobre as músicas e foi muito bom!

A letra da nova música é curiosa com várias referências a músicas antigas vossas. Os Manowar costumava fazer isso, nos seus primeiros tempos. Como todo o álbum, esta canção é, também, uma espécie de homenagem ao vosso passado?
MG: Sim, gostaríamos de ter inserido todas as faixas restantes da Saga New Era nesta compilação, por isso, decidimos colocar todos os títulos das canções na letra. Não sei quantas pessoas perceberam isso.

A respeito de um novo álbum com material original, como vão as coisas?
EP: Sobre o novo álbum, as coisas vão bem, mas muito, muito lentamente. Não ter um cantor em estúdio é muito difícil para nós para organizar as partes vocais. E, entretanto, também estamos à procura de um novo vocalista, pelo que muito tempo que tínhamos pensado passar na composição e arranjos é dedicado a fazer diferentes atividades organizacionais. Tem sido um momento muito difícil mas esperamos ser capazes de virar a página em breve.

Quanto ao novo vocalista, irão procurar um substituto para Giannini ou optarão pela opção de vários convidados no futuro?
EP: Preferimos a primeira opção, mas não vai ser fácil. Ivan, embora tenha provado ser pouco confiável, foi um bom vocalista e será difícil substituí-lo.

Muito obrigado, mais uma vez! Querem acrescentar algo mais?
EP: Obrigado Pedro pelo teu apoio aos Derdian durante todos esses anos. Apreciamos especialmente neste período triste e chato. Stay metal!

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