Mergulho em Loba
(JOANA BARRA VAZ)
Mergulho em Loba é novo álbum da
artista Joana Barra Vaz, a lançar no
final deste mês de setembro, via Bi-Du-Á, sendo a continuação da trilogia f l u m e iniciada em 2012 com o EP Passeio Pelo Trilho. Há em Mergulho Em Loba
três suites que sustentam o disco e
onde as canções seguem sem paragem entre elas. O primeiro single é Tanto Faz, onde Joana partilha a
interpretação com Selma Uamusse, num
tema gravado por
Bernardo Barata assistido por Diogo Rodrigues nos Estúdios Iá, Luís Nunes em Alvito e a
própria Joana Barra Vaz na Smup. Em Tanto Faz, também participam os
músicos: David Pires (bateria, arranjos ritmo e sopros, coro), Ricardo Jacinto
(violoncelo), David Santos (baixo eléctrico), Ana Nagy (coros), Mário Amândio (trombone)
e Gabriel Correia (trompa). Globalmente, Joana
Barra Vaz inspira-se no mar para criar Mergulho
em Loba, um trabalho escrito durante os anos de 2012 e
2013, que se posiciona entre o folk e
a eletrónica, com momentos de dança e introspecção num mergulho que se adivinha
predominantemente rítmico. Um disco criado como uma viagem sonora, escrito em
português e acompanhado de um coro, sopros, cordas e pontuais incursões na pop eletrónica contemporânea.
Oxalá
(TERRACOTA)
Os Terrakota estão de volta aos álbuns de energia limpa, formação
renovada, baterias recarregadas e ainda mais força! Oxalá, é o nome deste novo registo, tratando-se, à semelhança dos
seus últimos registos, de uma edição completamente independente. Desta vez, a
maioria dos temas são em português, tornando a mensagem mais clara.
Musicalmente, continua o caldeirão multiétnico com imensos sons, ritmos e
cadências oriundos, principalmente, de Brasil e África, embora se possa já
notar a espaços algumas tendências rock com
a guitarra com uma distorção controlada a surgir tímida mas efetiva. Secção rítmica
pujante, diálogos constantes entre as linhas vocais, as guitarras, utilização
de instrumentos tradicionais como o kora,
o sitar, o ballafon, as percussões e outros instrumentos provenientes de
diferentes culturas que consolidam a tendência do world music. E com participações de um enorme número de músicos,
artistas visuais e escritores. Destaques para as participações vocais de Vitorino, Mahesh Vinayakram, Selma Uamusse,
Anastácia Carvalho e Florian Doucet; uma letra de Luaty Ikonoklasta e as contribuições
visuais de Pedro Feijão e Caelyn
Robertson. O álbum é lançado este mês de outubro.
Those Who Throw
Objects At The Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them
(BRUNO
PERNADAS)
Dois anos após How Can We
Be Joyful in a World Full of Knowledge, eis que o aclamado músico e compositor Bruno Pernadas está de regresso. E regressa não com um, mas com dois
presentes: dois novos discos. Primeiro, o que agora aqui nos ocupa, Those Who Throw
Objects At The Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them,
descendente direto do seu disco de estreia. Depois, Worst Summer Ever, um produto
que promete espelhar uma linha mais jazzistica.
Foquemo-nos, então, no primeiro, onde Bruno Pernadas parte de uma busca pessoal pela relação entre a
mitologia egípcia no que diz respeito à adoração do crocodilo do Nilo e
o comportamento humano contemporâneo ocidental. E a atenção é logo
despertada pelo longo, intrincado e esquisito título. Depois, a apresentação
dos temas, com dois grupos distintos de canções, cada um iniciado por a
narração de um curto poema ilógico. Musicalmente, Those Who Throw Objects At The
Crocodiles Will Be Asked To Retrieve Them acaba por ser uma viagem eclética por
uma mão-cheia de universos musicais, numa bem elaborada combinação de vários estilos tais como West Coast jazz dos anos 70, lounge oriental, krautrock, freak folk, pop music, sampling e soul, bebendo inspiração
de todos os cantos do mundo – desde as guitarras da música tuareg do Norte de África em Problem
Number 6, à mistura infinita na faixa Ya
Ya Breathe, que vai da música indiana à experimentação de uns Sonic Youth. Este é, portanto, um disco
criativo, colorido e agradável.
Marrow
(YOU CAN’T WIN, CHARLIE BROWN)
Marrow, aparentemente
o nome de um vegetal, foi o título escolhido para os You Can’t
Win, Charlie Brown (YCWCB) batizarem o seu terceiro álbum. E,
de facto, não poderia ser mais despropositada a relação entre o termo e a
música da banda lisboeta. Uma música onde os arranjos não servem para disfarçar
lacunas ou para tapar a falta de ideias, mas sim para levar o mais longe
possível aquilo que uma simples conjugação de harmonia e melodia promete ser. Chromatic (2011) e Diffraction/Refraction (2014), os dois primeiros discos do
coletivo, usavam esse dispositivo com mestria. E Marrow, mantendo a traça melancólica que os carateriza, adiciona
uma nova atenção aos sons elétricos que induzem uns passinhos de dança. A prova
vem logo no primeiro single, Above The Wall, de uma cadência eletro-rock que se aproxima de uns Suuns. Já Pro Procastinator, segundo single
de Marrow, lembra a forma como os My Morning Jacket e os Fleet Foxes nos fizeram pensar que a folk pode ser um território agitado, sem
leis, fronteiras ou fim à vista. E daí em diante, os YCWCB avançam de surpresa em surpresa, atmosféricos (Mute ou In the Light There Is No Sun), provocadores e dançáveis em (If I Know You, Like You Know I Do), clássicos
inquietantes e imprevistos (Joined by the
Head e Frida (La Blonde)). Celebremos
os YCWCB: sem trair aquilo que há
muito neles admiramos, mas como nunca antes os ouvimos.
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