Depois de um silêncio longo de seis anos, os Scream
Of The Soul estão de regresso aos discos com Children Of Yesterday que acaba
até por ser, uma das boas surpresas deste ano em termos de sons mais pesados.
Apesar dos muitos obstáculos que foram surgindo ao longo do caminho,
perseverança foi coisa que não faltou a estes rapazes de Vila Nova de
Famalicão. E o resultado vê-se… ou melhor ouve-se!
Olá! Obrigado pela disponibilidade! Para começar,
contem-nos tudo sobre os Scream Of The Soul.
Viva! Em primeiro lugar, temos nós de agradecer pela
atenção. É muito compensador sentir o interesse de outras pessoas. Os Scream of
the Soul são o nosso projeto de adolescência que, contra todas as reais expetativas
iniciais, se mantém ao fim de 10 anos, com os mesmos membros que o fundaram.
Começámos a banda em janeiro de 2007. Na altura tínhamos 13 (Alexandre -
bateria), 14 (Rudi - teclado) e 15 anos (André – baixo, e Cristiano – voz e
guitarra), e queríamos fazer música juntos. Não tínhamos um estilo em mente,
influências óbvias – até porque estávamos a descobrir todo um universo musical
novo -, mas queríamos muito fazer música e dar concertos. E isso foi
fundamental porque, apesar de termos todos pouca ou nenhuma prática, começámos
rapidamente a dar concertos, a apresentar temas originais e a misturar uns covers retrabalhados pelo meio, e a
evolução foi mais rápida. No final do verão de 2008, entrou a Ana Silva, para
dividir as vozes com o Cristiano, tendo ficado connosco até abril de 2011. No
período em que fomos um quinteto, decidimos ir para estúdio e gravar um
primeiro trabalho – que foi o nosso EP, o Pathfinder
– que lançámos em março de 2010. O EP teve uma aceitação interessante, e
estivemos dois anos com muita atividade ao vivo, tendo a Ana saído no meio
desse ciclo. Em 2012 estivemos mais preocupados em terminar os temas que iriam
fazer parte do álbum, que começámos a gravar em junho de 2013. Depois foram
aparecendo mil vicissitudes, pessoais e profissionais, que foram arrastando o
processo de gravação e produção. Para dar uma ideia do tipo de dificuldades, o
Rudi foi deslocalizado para a Alemanha – e o termo não é inocente – durante 9
meses, para a casa-mãe da empresa onde trabalha. Como os Scream of the Soul só
existem na presença dos seus fundadores, esperámos pacientemente o regresso
para lançar o álbum. Lançámos o álbum em março de 2016, já, e temos tentado espalhar
novamente a nossa música, embora as dificuldades sejam, por vezes, um pouco
desmotivadoras.
Por isso, esse longo silêncio desde 2010. Mas têm
estado ocupados, não? O que têm feito?
Como dissemos, o processo de produção deste álbum foi
muito demorado. Entre o momento em que começámos a captar bateria, até ao
momento em que lançámos o álbum, passaram 33 meses. Isso mexeu connosco,
naturalmente, porque contávamos gravar o álbum em 4 ou 5 meses, no princípio.
Foi uma fase muito complicada e houve alturas em que parecia que a coisa estava
enguiçada e que nunca teríamos o trabalho pronto. Resumindo, depois de
lançarmos o EP, estivemos 2 anos a dar muitos concertos, e quase 3 enterrados
no estúdio, com um concerto pontual. Agora voltámos à estrada, ainda a
meio-gás, mas com intenção de atingir velocidade de cruzeiro em 2017!
Onde é mais notória e visível a vossa evolução
desde Pathfinder?
A resposta mais simples é tudo. Quando gravámos o EP tínhamos
uma média de 17 anos. Era a primeira vez que o fazíamos. As canções eram todas
antigas, muito simples na sua composição e arranjos. Tivemos muito tempo para
pensar os temas, também, para definir o que é o nosso som e o que queremos que
uma canção represente. Não inventámos nada, mas é possível dizer que temos uma
identidade mais definida e fazemos canções melhores e mais ricas. Se quem nos
ouvir concordar com isto, então estamos a fazer as coisas bem!
Uma das caraterísticas deste disco é a sua curta
duração. Vocês alinham naquele princípio que diz que é melhor pouco e bom?
Sim, sem dúvida. Uma das coisas boas do período
pré-CD, é que – a menos que fosse um lançamento duplo – havia uma limitação
física na duração de um álbum. E é uma limitação que coincide com aquilo que
achamos ser o tamanho ideal de um álbum – entre 30 a 45 minutos. É uma questão
de atenção e de absorção. O CD esbateu um pouco isto. Passou a ser normal haver
álbuns com 60 ou 70 minutos e, a menos que sejam álbuns excecionais, não é
difícil que tudo o que de bom podia ter sido apresentado em 40 minutos, se vá
diluindo ao longo desse tempo. Uma vez, numa entrevista a uma banda suíça de
Hard Rock, o jornalista pergunta-lhes como correu o processo de composição. O
vocalista disse muito feliz que tinham composto 30 canções e, depois, escolhido
as 11 melhores. Porque raio não se concentraram logo a fazer 11 boas? Por outro
lado, queremos que as pessoas ouçam o trabalho na sua totalidade. Com 31
minutos, podes ouvir o nosso álbum no carro enquanto vais para o trabalho de
manhã e voltas à tarde ou à noite. Podes ouvi-lo enquanto lavas o carro,
enquanto lês um pdf chato como tudo, enfim, é todo-o-terreno. Dito isto, é
seguro dizer que muito dificilmente haverá um álbum de Scream of the Soul com
mais de 45 minutos, no futuro.
Como surge a Ethereal Sound Works no vosso caminho?
Depois de prepararmos a edição física, quisemos
começar a enviar promos às editoras
que pudessem ter interesse no nosso álbum ou em colaborações futuras. A
Ethereal Sound Works é uma editora de referência no panorama nacional, e tem
algumas caraterísticas muito relevantes: o ecletismo, o contacto com os
artistas e os promotores, a experiência no meio, o reconhecimento dos seus
pares, etc. Tivemos a sorte de agradar e agora estamos a preparar a nossa
parceria mais a sério. A Ethereal Sound Works lançará em breve o nosso álbum em
formato digital, em todas as plataformas, e estamos muito entusiasmados com o
que isso poderá trazer. Não sabemos ainda se a parceira se manterá a médio-longo
prazo, com lançamentos futuros – tudo dependerá de como correr esta
experiência, naturalmente – mas seria excelente para nós.
Uma vez que já passaram seis anos desde Pathfinder, pergunto, se
estes temas são todos recentes ou se resultam de um processo de composição ao
longo dos anos?
São temas que foram sendo compostos ao longo do tempo.
Nós gostamos de dedicar atenção a um tema de cada vez. Não achamos que isso
torne o álbum desconexo – pelo contrário. Queríamos que o álbum soasse diverso
e, se nós já tivéssemos uma identidade definida, isso bastaria para dar
coerência ao álbum e fazê-lo soar como um todo harmonioso, ainda que
heterogéneo. Para dar uma ideia, o tema mais antigo foi composto na altura em
que gravámos o EP, no final de 2009, e o mais recente no princípio de 2013.
Desafio: será que conseguem dizer quais são?
Em termos de gravação, como decorreu a experiência?
Onde gravaram?
Em 2009 gravámos o Pathfinder
com o Pedro “Grave” Alves no seu GraveStudio, em Braga. O Pedro tem sido mais
do que um amigo, desde então, e não havia como não voltar lá para gravar o Children Of Yesterday. Como dissemos,
foi um processo longo e atribulado. Mas o Pedro foi sempre incansável e o
entusiasmo que tinha com este trabalho foi sempre aumentando. Tendo em conta a
repetição da combinação banda-produtor-estúdio, a evolução entre o EP e o álbum
tornam-se ainda mais evidentes. O som do álbum está aquilo que imaginámos, com
muito poucos detalhes que mudaríamos. E isso descansou-nos depois desta cruzada
de quase 3 anos. Foi um verdadeiro trabalho de equipa e foi muito bom chegar ao
fim satisfeito – não seria incompreensível que já nem pudéssemos ouvir estes
temas no final, mas isso não aconteceu.
No que diz respeito a concertos? Como está a vossa
agenda?
Ainda está muito pobre! Em 2016 procurámos regressar
ao ativo no que diz respeito a concertos regulares. Demos 6, mas queremos tocar
muito mais em 2017. Tem sido complicado chegar às pessoas. O underground está muito compartimentado,
funciona demasiado por nichos e nós cabemos mal em todos, porque vamos beber um
pouco a cada pia. De qualquer forma, vamos começar 2017 com o concerto de 10º
aniversário da banda. Será na primeira metade de fevereiro no auditório do
Teatro Construção, em Joana (Famalicão). A data está ainda pendente, mas a
localização está já assegurada. Depois, esperámos poder voltar a correr este
país, de norte a sul e do litoral para o interior, tal como fizemos entre 2010
e 2012.
Projetos ainda para cumprir nos próximos tempos? O
que têm em mente?
Neste momento queremos muito continuar a promover o
álbum em concertos. Temos algumas ideias para fazer ao longo de 10º ano de
banda. Gostávamos muito de organizar um pequeno festival de hard n’heavy na nossa zona. Indoor, um único dia, low-profile. É um desejo adiado há
vários anos, e parece que esse ano poderá ser possível reunir as condições
necessárias. De resto, não ficaremos outros 6 anos sem lançar material novo! Já
temos dois temas para o próximo trabalho – fazemos sempre um de cada vez, como
se fosse um filho muito querido! – e há um terceiro em preparação. Se
conseguirmos começar a gravar de novo no início de 2018, será excelente. De
resto, é isto. Não mudou muito em 10 anos. Queremos fazer música, tocá-la ao
vivo e andar por todo o lado. É bastante simples.
Mais uma vez obrigado! Querem acrescentar mais
alguma coisa?
Muito obrigado nós, pela oportunidade de conversarmos
e nos darmos a conhecer. Queremos só pedir a quem ler estas linhas que dê um
salto ao nosso bandcamp e que tire as
suas próprias conclusões. E, se gostar, partilha, divulgue, mostre a toda a
gente. Em breve vai poder tê-la através do iTunes,
do Spotify, etc. Queremos levar a
nossa música a todo o lado! Obrigado ao Via Nocturna por nos ajudar!
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