Profunda e sentida, a entrevista que o fundador dos
Reflection, Stathis Pavlantis, nos concedeu, só é comparável ao sentimento
intrínseco do seu regresso com Bleed Babylon
Bleed. Passaram oito anos desde o
anterior lançamento e a principal novidade é a estreia de um novo vocalista.
Quase a completar um quarto de século de existência a mítica banda grega vive
um dos seus momentos mais inspirados – sejam eles mais doom ou mais epic.
Olá Stathis e bem-vindos de volta. O que aconteceu para
estarem quase uma década sem lançar nenhum álbum?
Para além de algumas coisas terem
ocorrido, nós não somos uma banda profissional que tem que fazer álbuns... Nós
não temos montes de faixas para escolher o que gravar.
Certamente muito aconteceu durante este tempo. O
que mais se destacaria?
Antes de mais, o nosso anterior vocalista,
Leo Stivala, não poderia continuar a deslocar-se continuamente entre Malta e a
Grécia e ele/nós decidimos separamo-nos e foi muito difícil encontrar um substituto.
Em segundo lugar, depois de termos encontrado um vocalista, fizemos muitos
ensaios, gravamos o álbum e pouco antes da mistura, fui diagnosticado com
linfoma de Hodgkin (cancro) e tudo desabou. As quimioterapias foram duras e não
consegui lidar com a banda. A minha prioridade era a minha família. Os meus
filhos e a minha esposa. Outro ano e meio foi adicionado ao projeto. Quando
recuperei voltamos ao trabalho...
Mas também muitas coisas mudaram durante este longo
período de tempo. Como viveste e sentiste todas essas mudanças no negócio da
música, nas questões assuntos sociais, e por aí fora? Isso afetou a composição nos
Reflection?
Não, acho que não. Somos um grupo de malta
da velha guarda!!! A única mudança que notamos foi o facebook em vez de Myspace!
A música e a alma são sempre as mesmas. Ainda ouvimos as mesmas bandas, fazemos
as mesmas coisas.
Bom, mas o mais importante agora é comemorar o
vosso regresso. Um regresso com um novo vocalista, como vimos. Já está na banda
há muito tempo?
George é um bom amigo de longa data.
Conhecemo-lo há séculos! Trabalhei muitas vezes com ele em estúdio nos seus
projetos anteriores. Ele estava mais no power
melódico e não tínhamos ideia de que se poderia transformar no vocalista que
canta no álbum! Demorou muito tempo com certeza, mas George é um
"soldado" e uma pessoa muito experiente. Fez um excelente trabalho!
Estamos juntos há 3 anos.
Este regresso acaba por ser mais orientado para o
épico e não tanto para o doom. Era essa a vossa intenção ou simplesmente aconteceu?
Não, simplesmente aconteceu. O álbum
anterior era um álbum 90% doom. Este é
mais épico talvez o próximo seja mais power.
Depende do nosso sentimento. Não temos certas regras a seguir. Limitamo-nos a gravar
o que gostamos. Adoramos as músicas e é tudo!
E com a importante inclusão de elementos étnicos, embora,
desta vez, sem nenhum título na sua vossa própria língua...
Sim. Era algo que queríamos fazer...
Ambos os lados da minha família experimentaram o genocídio. Do lado de meu pai,
os meus avós em Pontos, e do lado de minha mãe os meus avós em Pireas/Atenas
durante a ocupação dos alemães em 1940... Os meus avós conseguiram sobreviver a
esse inferno e eu cresci com esta história trágica. Era algo que tinha que
fazer como forma de homenagem. Conheço todos os detalhes desta viagem através
do inferno e vejo que o genocídio, embora devesse aparecer apenas nos livros, é
algo com que vivemos todos os dias, outra vez e em muitos lugares do mundo. Desta
vez decidimos não utilizar a nossa língua nativa, mas usamos o ponente Lyre que
foi usado no EP de 1995 Sire Of The Storm!!!
Mas este é, eventualmente, o vosso álbum mais
consistente e maduro. É assim que o vês, também?
Sempre que há um álbum novo, dizemos
a mesma coisa!!!! (risos). Acho que é até o próximo sair!
Destaque também para alguns convidados, alguns
deles de renome mundial. Como se proporcionaram esses contactos?
Albert Bell (Forsaken) é como um
irmão para mim e pensei que ele seria a pessoa ideal para narrar a introdução
de Marching To Glory. E fê-lo!!! Foi
uma grande honra! Kostas Tokas (Powercrue), por outro lado, é um amigo muito
próximo e um excelente cantor. Queríamos ter um clima totalmente diferente em Stormbringer e sua voz suave faz um belo
contraste com a voz de Thomaidis! E... Mats Leven (Candlemass/CRUX etc)!!!! Foi
um sonho tornado realidade para nós, já que admiramos Mats desde a era Abstract
Algebra. Tínhamos essa música que foi composta para uma voz como a dele em
mente, enviamos-lhe e ele disse exatamente isso! Gostou da música e fez uma
excelente performance - como sempre!
Lendo a vossa declaração inserta no álbum, nota-se
uma revolta por toda a situação política e social vivida na Grécia nos últimos
anos. Vocês também foram vítimas dessa coisa que se convencionou chamar de
crise. Como lidaram com isso? Já ultrapassaram essa fase?
A crise é algo temporário. Depois de
7 anos, já não falamos de crise, mas de uma situação permanente... Mas, sim,
podemos dizer que passamos por esta fase e agora somos, como sempre, uma
verdadeira nação ocupada pelos Alemães. Quando estás ocupado simplesmente não
"lidas" com isso. Lixa-os tanto quanto puderes até estares livre
novamente.
É daí que surge um título como Bleed Babylon Bleed?
Bem, isso é obviamente uma metáfora.
A Babilónia era o centro da civilização, o centro do comércio e o centro da
humanidade. E por uma misteriosa razão "Deus" simplesmente destruiu-a.
Acho que Pontos, é exatamente a mesma coisa! Euxine Pontos era o centro da
civilização, o centro da cultura, o centro de tudo. E "Deus" queimou
tudo, matando quase 500.000 almas. Bleed
Babylon Bleed! É a ordem divina de "Deus". Sangrar sem misericórdia.
Claro que também se refere a todos os genocídios...
Chegam à Pitch Black Records para o 50º lançamento
da editora. Também por causa disso, este é um álbum especial...
Conheço o Phivos, o proprietário, há
mais de 20 anos. Somos amigos muito próximos e foi um sonho poder estar juntos
no mesmo lado, na mesma equipa! Phivos estava tão entusiasmado e tão seguro a
respeito das canções quando as ouviu um pouco antes da impressão!!!!
Inacreditável Ele assinou um contrato sem ouvir nada!! Que honra... Este é um
lançamento muito especial para ambos os lados!
Para além disso, celebrar o 25º aniversário deve
ser um momento muito especial. Olhando para trás, quais foram os seus melhores
momentos deste primeiro quarto de século?
Só me lembro de memórias muito boas!
Desde os primeiros anos em que tivemos todo esse entusiasmo e essa paixão
(ainda tenho!!!), os primeiros shows,
a primeira demo, o primeiro single de 7", a nossa primeira mini-tour, o show com Solitude Aeturnus em Atenas... e… e… e... Conheci
pessoas muito especiais nesta viagem. Pessoas que, à medida que os anos
passavam, se tornaram os meus melhores homens, se tornaram os padrinhos dos
meus filhos, tornaram-se minha família. É disto que se trata. É o que eu chamo
de "Presente Divino".
E o que têm planeado para os próximos 25 anos
(risos)?
Nada!!! Honestamente!!! Nós não fazemos
planos! Como disse, somos um grupo de adolescentes amadores com idade
madura!!!! Mas planeamos alguns espectáculos realmente bons dentro e fora
da Grécia para promover o novo álbum e nos divertirmos, é claro. Vamos
participar em alguns grandes festivais, mas tudo vai ser anunciado a tempo! O
próximo espetáculo será em Chipre no dia 4 de novembro com os nossos irmãos
cipriotas RUST X. Até lá, stay heavy
e façam os vossos exames médicos anuais... Eles vão salvar a vossa vida...
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