Entrevista: Pyramaze

A funcionar como um verdadeiro coletivo, criando sem limites ou fronteiras tem proporcionado aos Pyramaze um sucessivo, sistemático e sustentável crescimento. Contigent, o mais recente trabalho dos dinamarqueses volta a subir a fasquia. E foi isso mesmo que fomos conferir com um Jacob Hansen cada vez mais envolvido e comprometido com os Pyramaze.

Olá, Jacob, como estás? Na realidade, promessa cumprida... Não tivemos que esperar mais sete anos para um novo álbum dos Pyramaze...
Sim, e é tão bom! Uma aliança estável e um grupo feliz de pessoas juntas a fazer boa música. Na realidade, não poderia estar mais feliz com a situação dos Pyramaze.

E desta vez sem os problemas habituais relacionados com os vocalistas. Terje é mesmo o vosso homem?
Obviamente sim. Sentimos que finalmente encontramos um line-up onde todos se sentem confiantes e onde são ouvidos. Esta é uma grande democracia onde todos têm o direito a ter uma opinião, mas todos encontramos o nosso lugar na banda. Morten faz aquilo em que é melhor, assim como eu e os restantes elementos, se me entendes. Há sempre alguém na banda que é bom em alguma coisa, e dividimos o trabalho entre todos os membros, portanto todos sentem que dizem.

E no que diz respeito a ti, cada vez mais envolvido na filosofia dos Pyramaze?
Ah, sim! Sinto-me como uma grande parte da banda e todos nós aprendemos muito com Disciples Of The Sun. E esta é uma banda que me faz feliz. Estou muito feliz por me terem recebido assim e por me terem dado espaço para explorar o que posso trazer para o conjunto.

De que contingente nos falam os Pyramaze neste novo álbum?
Fala de eventos que provavelmente acontecerão num futuro próximo, refletidos na forma como vemos o mundo a mudar atualmente. Na verdade, se não mudarmos a direção para onde nos deslocamos, não tenho certeza de que o futuro seja muito brilhante para a humanidade ou qualquer coisa neste planeta. Eu sei que isso já foi dito há milhares de anos, mas tornou-se cada vez mais evidente que os líderes do mundo de hoje não são de confiança e definitivamente não se preocupam com o futuro de seus próprios filhos ou netos. Importam-se apenas com o agora. Penso que toda essa filosofia está a mudar o que muitas pessoas pensam nos dias de hoje. Preferem ter dinheiro do que água potável - ou, pelo menos, parece, quando procuram os seus líderes. Não consigo entender quão terrível é a política da civilização ocidental. Felizmente, teremos uma alternativa aos capitalistas na corrida à liderança.

Pelo que se pode ver, os Pyramaze continuam a evoluir. O que torna o Contigent diferente dos vossos álbuns anteriores?
Sinto que é ainda mais nosso. Definitivamente, encontramos um novo som em Disciples Of The Sun, e isso desenvolveu-se para onde estamos agora. Todos contribuíram com ideias para este disco. Começamos a escrever músicas e a colocá-las numa enorme pasta Dropbox, e Toke, Morten e eu começamos a trabalhar na parte básica das músicas. Enviamos tudo para Jonah, que a levou para novos e excelentes lugares. Depois disso, Henrik Fevre começou a escrever as letras e linhas melódicas para as músicas, e foi tudo enviado para Terje, que começou a trabalhar nas gravações e arranjos vocais junto com Christer Harøy (Divided Multitude). Cada vez que uma nova equipa trabalhava nas músicas, elas cresciam. Adoro os álbuns antigos, mas é um animal diferente agora já que todos somos pessoas diferentes.

Em termos de composição, acabou, portanto por ser um trabalho coletivo…
Definitivamente! Como disse, todos estamos empenhados quando se trata de escrever músicas. Sentamo-nos e começamos com uma ideia e desenvolvemos a partir daí, utilizando a banda inteira, bem como nosso grande liner/letrista Henrik Fevre (Anubis Gate). Além disso, e isso é o que separa os álbuns antigos dos dois novos: todos escrevemos o que dá ao álbum uma profundidade que é extremamente importante para nós. Como referi, os álbuns antigos são trabalhos fantásticos, mas dificilmente podem ser comparados com o que fazemos agora. É Pyramaze V2.0, e estamos muito felizes, com o caminho que estamos a seguir agora.

O que mais vos inspirou neste trabalho, nomeadamente a inclusão das partes sinfónicas?
Bem, Jonah (teclista) é um fã de grandes compositores de filmes como Danny Elfman, Hans Zimmer, John Williams, etc., e acho que funciona nas canções de Pyramaze. Também a forma como estamos a dar vida às histórias é ajudada por orquestrações ao invés de ser um pouco limitado ao uso de guitarras, baixas e bateria, (risos). Acabamos por dizer a Jonah que fosse completamente louco onde quisesse para vermos onde isso nos levava, e esta é, definitivamente, uma ótima maneira de trabalhar: sem fronteiras.

Parece haver algum tipo de conceito ligado a Contigent, algo relacionado com invasões alienígenas ou algo assim. Estou certo?
É o grande conceito de ficção científica de Jonah, e é exatamente sobre isso, mas receio que lhe tenhas de perguntar, mas principalmente é um tema político de ficção científica que poderia estar a acontecer hoje em vez de no futuro.

Deste álbum, já foram extraídos três singles/vídeos - Kingdom Of Solace, 20 Second Century e, mais recentemente, A World Divided. Estão previstos mais alguns?
Ah, sim, lançaremos mais 2-3 vídeos. Sinto que é importante ser muito visual, e realmente gostaríamos de fazer vídeos para cada música. Quem sabe, poderemos fazer isso no próximo álbum. Além disso, sentimos que temos muito para vos mostrar.

No álbum anterior, entraram em estúdio sem ter as músicas completamente prontas, sendo o trabalho concluído já em estúdio. Como foi desta vez? Utilizaram o mesmo sistema?
Foi mais ou menos, sim. Sentimos que na última vez encontramos uma ótima maneira de trabalhar mantendo tudo fresco e espontâneo e queríamos que isso acontecesse novamente. Infelizmente, Toke adoeceu durante o final das gravações, pelo que Morten e eu terminamos as últimas 2 músicas, o que foi mau, mas achamos que, de qualquer forma, funcionou. E não há dúvida de que faremos da mesma forma. Talvez desejemos que Jonah se junte a nós em estúdio - veremos.

No comunicado de imprensa pode-se ler que os Pyramaze are devoted to making music that mirrors their souls. O que significa isso exatamente?
Que a música vem diretamente dos nossos corações. Mesmo. Há uma forte fraternidade na banda que nunca experimentei antes e tenho certeza de que essa amizade sai de nós nas músicas. Consigo ouvir o quanto somos divertidos quando escrevemos e gravamos os álbuns.

Após o sucesso no Prog Power USA, já estão confirmados para a edição europeia deste festival. Mas até lá o que têm programado?
Infelizmente, nada. Não fomos muito bons na criação de espetáculos para festivais, mas agora já contactamos muitos festivais para o próximo ano, portanto, espero que algo aconteça!

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