Entrevista: Chapa Zero

Continuar a agredir… com ternura! Assim são os Chapa Zero. E voltam a mostrar isso num segundo trabalho, Fia-te na Virgem e Não Corras, claramente vários passos à frente em relação à sua estreia homónima. Se querem punk, os Chapa Zero estão aí para isso. Se querem muito divertimento e boa disposição, também podem contar com eles. Como aliás, se depreende desta entrevista com Kaveirinha e Marco António.

Olá pessoal, tudo bem? Segundo álbum… e ainda mantém essa vontade de agredir com mais ou menos ternura?
Kaveirinha (K): Claro! Cada vez mais (mas sempre com ternura)!

O principal aspeto que salta à vista é a mudança de editora. Como se sentem na casa nova?
Marco António (MA): Muito bem, o Emanuel (Ramalho) e a Ana são pessoas 110% e têm dado todo o apoio possível. Estamos mais que satisfeitos.

E agora, definitivamente como um quarteto…
K: E está muito melhor, não está?

Depois do Vitor Rua, agora trabalharam com Emanuel Ramalho. Houve diferenças na forma de trabalhar?
K: A diferença foi da noite para o dia ou do inferno para o paraíso (estou a brincar); com o Rua gravámos tudo em direto e ao primeiro take, com o Ramalho foi tudo com mais calma.

Mantendo a vossa tradição do politicamente incorreto, a que assuntos foram buscar a inspiração para as letras desta vez?
K: Bom, a inspiração vem sempre daquilo que nos rodeia, tudo o que acontece à nossa volta. Vivemos num mundo onde cada vez mais está tudo maluco.

Curiosa a vossa escolha do tema Zumba Na Caneca para fazer uma versão! Esperava-se qualquer uma… menos essa! Como surgiu a ideia? (risos)
K: A ideia surgiu no arraial da escola dos meus filhos; era o fim do ano letivo, na altura estava eu e o ex-baixista (Machado), ainda antes de se gravar o primeiro álbum, e já sabes como são as músicas que passam nos arraiais - só pimba. De repente começou a dar essa música (a versão da Tonicha) e eu virei-me para o Machado e disse "Olha, esta é que era boa para a malta fazer uma brincadeira". A ideia ficou- e quando surgiu a oportunidade, gravámos.

Sendo um tema tradicional foi popularizado pela Tonicha – ela já vos agradeceu a desconstrução? (risos)
K: Esta pergunta é um bocado complicada para mim. Quase ninguém sabe, mas a Tonicha foi convidada a participar no tema e - espantem-se - aceitou. Mas quando gravámos e ouvimos a nossa versão, achámos que não havia espaço para "encaixar" mais nada e decidimos manter a música assim.
MA: Mas não, não recebemos nenhum agradecimento, para responder à tua pergunta (risos).

E depois é curioso o escolho de outros nomes – desta vez a agressão é feita também com… humor! 
MA: É verdade. Se somos uma banda que aponta o dedo ao "sério" quando é preciso, também temos o nosso sentido de humor, e somos os primeiros a rir de nós próprios quando é altura. Mas gostamos de conciliar a seriedade dos temas com a simplicidade das palavras- é mais eficaz. E honesto. As nossas letras podem ser ouvidas no dia-a-dia dos portugueses.

Desta vez tiveram algum convidado?
MA: O Emanuel Ramalho participa em alguns temas, a tocar várias percussões. A chapa a ser martelada no Bat'Chapa é ele, por exemplo.

Como foi a experiência no Aqui Há Gato? Correu tudo bem, espero, sem nenhum gato escondido…
K: Para mim foi quase como estar em casa- senti-me muito à vontade, mesmo.
MA: Foi excelente! Já tinha trabalhado com o Mestre Ramalho num EP que fiz em 2015, e já sabia que com ele as coisas iriam ser tranquilas e sem "stresses" desnecessários como acontece tantas vezes num processo deste tipo. O Ramalho é das melhores pessoas que conheço neste meio e um tipo que percebe mesmo do que faz. Foi incrível, e um enorme privilégio.

Como está a ser a preparação das apresentações ao vivo?
K: Até agora, tudo a correr bem. Mas ainda só demos 2 concertos...
MA: Apesar de ainda não termos tido muitas oportunidades para tocar desde o lançamento do disco, as reações foram boas, muito boas mesmo. Toda a gente nos diz que este disco está muito fixe e mostra o crescimento da banda - não podemos pedir mais.

Obrigado! Querem acrescentar mais alguma coisa que não tenha sido abordada nesta entrevista?
MA: Apenas agradecer aos nossos fãs e amigos que nos têm apoiado desde o início, bem como deixar um grande Abraço à nossa editora, "A MOCA DA FOCA". E vemo-nos em breve!

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