Entrevista: Pristine

Ao quarto álbum os Pristine chegam à Nuclear Blast. Mas esta não é a única mudança no seio dos noruegueses. O line-up está completamente renovado para o novo trabalho intitulado Ninja. Ainda antes de sair em tournée pela Europa (Portugal ainda não incluído por agora), Heidi Solheim, que ainda se lembra da sua passagem pelo nosso país, teve tempo para conversar connosco.

Olá Heidi! Como estás, desde a última vez que falamos? Quarto álbum dos Pristine e logo para a Nuclear Blast. É a vossa consagração?
Olá Pedro! É bom conversar contigo outra vez. Eu estou bem! Acabamos de lançar o novo álbum e precisamente agora estou a trabalhar no futuro dos Pristine. A próxima coisa na agenda é a nossa tournée que irá acontecer dentro de algumas semanas. Vai ser emocionante voltar à estrada.

Mudou alguma coisa pelo facto de agora estarem numa das maiores editoras do mundo?
A maior diferença é que a Nuclear Blast é uma editora muito maior e tem um grupo incrivelmente grande de seguidores. É emocionante ver onde eles nos podem ajudar a levar os Pristine. Estamos prontos para o rock!

Em termos musicais, parece que estão mais ecléticos e ainda mais experimentais. Concordas? É o resultado do vosso trajeto e evolução como pessoas e músicos?
Sim, concordo. Acho que o nosso mais recente álbum tem um produtor muito bom e fomos pressionados a experimentar muito mais do que nos anteriores. Neste disco há mais overdubs. Gravamos o básico do álbum (bateria, guitarra, hammond e baixo) num dia. Depois, voltamos para nos focarmos nas gravações adicionais. Gosto desta forma de trabalhar com a música e acho que o ouvinte também pode perceber isso. Penso que ainda temos aquela energia Pristine, mas agora com mais temperamento.

Mas mantendo a tendência para nomes curtos. Agora, apenas Ninja! Algum significado para a escolha deste título?
O título surgiu apenas depois de ter escrito a música com o mesmo nome. Gostei daquele sentimento feroz, e depois de terminarmos de gravar o álbum, sabia o que o título deveria ser esse. Ninja reflete em torno da determinação e da força, palavras com as quais muitas pessoas se relacionam em diferentes estágios da vida e, neste momento, senti que esse era, também, o sentimento certo para Pristine.

O vosso line-up sofreu várias mudanças. Quais foram essas opções de troca e adição de elementos e instrumentos?
Sim, é verdade. Houve várias mudanças na vida de alguns dos elementos da banda. Ainda assim, nada dramático. É a vida, suponho. O baixista teve um filho e sentiu que estava na altura de se concentrar na vida familiar. O baterista sentiu que não poderia contribuir com a nova direção que Pristine estava a tomar e quis concentra-se noutros projetos na Noruega. Acho que é uma coisa muito grande e nobre ver as suas próprias limitações e eu respeito muito as suas decisões. Ainda trabalhamos em conjunto noutros projetos musicais, de modo que não há dificuldades. Ainda são meus irmãos. Os nossos novos elementos são absolutamente fantásticos! Tivemos alguns ensaios e a energia é absolutamente incrível. Na minha opinião, os Pristine estão mais forte do que nunca. Foi algo como a adição de "sangue novo" que nos mantém focados e muito motivados.

No entanto, isso não afetou o processo de composição...
Eu sou como o capitão de um navio. Os riscos são decididos e carregados por mim. Assim, os restantes elementos começam a contribuir quando nos encontramos para trabalhar nas músicas. É um método que tem funcionado bem para nós e todos estão muito satisfeitos com a liberdade que isso implica. Portanto, a criação de Ninja não foi assim tão diferente dos outros álbuns. Eu faço as músicas no meu piano ou guitarra e gravo-os no meu telefone antes de nos encontrarmos na sala de ensaio para fazer os ajustes, arranjos e riffs finais.

Sei que já existem alguns vídeos extraídos deste álbum. Queres falar sobre eles?
O primeiro vídeo musical é da música You Are The One e foi filmado em Tromsø e em Roth. Sempre gostei de velhos mopeds. Quando morava no norte da Noruega, tive o meu próprio Tempo de 1970 durante muitos anos. Esta é uma maneira absolutamente incrível de te deslocares. Quando começamos a planear esse vídeo, perguntei a um amigo meu se me podia emprestar a sua antiga Suzuki. Senti-me como uma bébé motoqueira enquanto andava, o que é bastante engraçado uma vez que sabes que esta é uma versão muito pequena de uma moto real. Depois, há The Rebel Song. Estou muito feliz com o resultado desta! Mais uma vez, gravamos o vídeo no norte da Noruega. O personagem principal do vídeo é uma senhora absolutamente bela chamada Liv Rundberg. Ela é uma ativista e tive a ideia de fazer dela uma estrela do vídeo quando refleti sobre a música. The Rebel Song é sobre mulheres fortes, que não param de trabalhar para alcançar seus sonhos, não importa o que aconteça e o quão desafiador possa ser. Os contrastes entre montanhas geladas e íngremes, o mar gelado e a pele humana são o que me inspirou a fazer esse vídeo.

Acabam, também por ter três faixas bónus, sendo que duas delas são gravações ao vivo. A respeito de Ocean, que é uma canção soberba, por que optaram, por a colocar como bónus?
Muito obrigado! Depois de terminar as gravações de Ninja, sentei-me e comecei a trabalhar na ordem que ordem as músicas deveriam ter. Foi bastante claro para mim que Ocean se destacava como uma música que precisava de seu próprio espaço. É uma música bastante escura, cheia de desespero, e, de certa forma, queria que vivesse por sua própria conta. Foi por isso que Ocean se tornou numa faixa bónus.

Quanto às músicas ao vivo, gravadas em Tromso - foram especificamente capturados com este fim?
Não, esse foi o concerto de lançamento do álbum Reboot. O nosso espetáculo em casa, na verdade. Só algumas semanas após o concerto é que ouvi as gravações e fiquei satisfeita com o resultado. Boa energia e boa qualidade de som. Quando surgiu a questão de adicionar algumas músicas como faixas extras no Ninja, encontrei essas gravações novamente e comecei a escutá-las com isso em mente.

A respeito dos teus projetos paralelos, o que tens feito ultimamente?
Lancei um novo álbum de músicas para crianças em dezembro de 2016. Adoro fazer estes discos. Muita risada e diversão e pura alegria pela música. O álbum contém muito humor e muita despretensão. As minhas duas palavras favoritas. Este Outono, também lançarei algumas músicas do meu projeto pop. Essas gravações já foram feitas há alguns anos, portanto, acho que está na hora de as lançar.

Já há planos para uma tournée? Vamos ter-vos outra vez por cá?
Sim, na verdade, entraremos em tournée dentro de algumas semanas. Para já será pela Alemanha, Suíça, Polónia e República Checa, mas já estamos a planear outra tour no início de 2018. Espero poder voltar a Portugal!

Muito obrigado Heidi! Queres acrescentar algo mais que não tenha sido abordado?
No ano passado, tivemos um período maravilhoso em Portugal. As pessoas e as cidades foram absolutamente maravilhosas. Espero que nos vejamos na estrada em breve! Muito obrigado pelo interesse na nossa música e vejo-te na estrada!

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