Entrevista: Avi Rosenfeld

Voltamos a Israel para nos encontrarmos, mais uma vez, com Avi Rosenfeld. O seu conceito de criar música que será executada por dezenas de músicos de todo mundo (Portugal ainda não incluído, para já), tem vindo a crescer em quantidade de discos e em qualidade musical. E desta vez, há um vocalista alemão que chega a co-assinar o disco – Marco Buono. Uma ligação que já rendeu dois discos e promete não parar. Mas o melhor é perceber o que Avi Rosenfeld tem para dizer.

Olá Avi, tudo bem contigo? Continuas, como ninguém, a lançar álbuns. Concentremo-nos em três - Very Heepy Very Purple VII, Guinevere e Many Years Ago. O aspeto mais impressionante é o teu dueto com Marco Buono, que inclusive tem o seu nome na capa. Particularmente neste álbum, como foi o processo de composição? Que abordagens tentaram?
Os álbuns com Marco são muito emocionantes para mim e adoro o resultado final do álbum. Marco é um dos melhores vocalistas que conheço, pode cantar qualquer coisa com a mesma força e emoção. Ele sente as músicas. O nosso processo de trabalho é semelhante ao processo usual com o qual trabalho com outros vocalistas. Envio a música, a melodia e as letras ao Marco e depois de algum tempo recebo as gravações que quase sempre me fazem dizer WOW MAN, isto é bonito...

E já tens outro álbum, lançado mais recentemente, com a colaboração de Marco Buono. Aparentemente, uma ligação para manter?
Assim espero! Acho que podemos fazer mais álbuns de qualidade juntos. Costumo pensar que as minhas músicas são agradáveis e com um bom potencial, mas com os vocais de Marco, elas atingem um nível mais elevado e transformam-se em clássicos. O Marco é muito fixe e é ótimo trabalhar com ele. Já estamos a trabalhar num próximo álbum e temos músicas realmente muito fixes.

E está nos teus planos fazer esse tipo de cooperação com algum outro músico?
Por que não? Estou sempre aberto para trabalhar com bons músicos, mais e melhor. Há tanta música a ser feita que os músicos são necessários!

Passando para Guinevere, aqui tentas uma abordagem musical diferente. Em que consiste?
Para mim, Guinevere pertence ao tipo mais pessoal de álbuns. Algumas das músicas lá incluídas mostram mais emoção pessoal. Aqui, os estilos musicais variam amplamente, mas têm em comum esse toque pessoal.

Vocalmente, assumes quase a totalidade dos temas. Como te sentes mais confortável? A cantar ou a deixar os outros cantar?
Tenho a certeza de que outro vocalista melhor teria cantado as músicas melhor, mas acho que quando cantas as tuas próprias músicas, a parte vocal tem um impacto na música que mais ninguém consegue. Quer dizer, ninguém canta extamente igual a outro, mas quando se canta as próprias músicas, pode conseguir-se essa sensação especial de autenticidade que que mais ninguém consegue. Bem, não falo de músicas de Heavy Metal que precisam muito mais do que isso.

Embora uma das músicas, The Only Thing That Really Clear, seja cantada por uma sensacional voz - Olivia Marjen. Quem é ela?
Olivia é uma incrível vocalista da Grécia, com grande emoção na sua voz. E ela também Rocka com a sua banda Exanda. Esta música aguardou bastante tempo até ser publicada.

Neste álbum, apresentas, também, uma música composta por uma série de variações em torno de um tema de Mozart. Como surgiu essa ideia? É a primeira vez que fazes uma versão?
Às vezes ouço uma melodia bonita e começo a pensar como seria tocada num estilo diferente. Já fiz isso com algumas músicas folk israelitas que se transformaram em montanhas-russas de peso e riffs. Desta vez diverti-me a pegar na Turkish Rondo de Mozart e tentar tocá-la num estilo Gypsy Swing. Bem, pelo menos, essa foi a minha intenção inicial. Como cada músico que se juntou a esta jam adicionou cores e sensações diferentes, o resultado final saiu muito bom.

Saltando para a sétima parte de Very Heepy Very Purple, aqui também não cantas, mas cada tema tem um vocalista diferente. O que te fez tomar essa decisão?
Os vocalistas estão muito ocupados (risos!)! Agora a sério, acho que cada música tem o seu próprio sabor criado por todos os músicos que nela tocam, incluindo o vocalista, é claro. Isso cria algum tipo de interesse dentro do álbum. Uma espécie de doce de orelha.

O nome mais proeminente deve ser Ivan Giannini. Foi fácil persuadi-lo a gravar esta música para o álbum?
Ivan é ótimo e não me lembro se houve alguma coisa diferente no processo de trabalho. A música que ele canta, Tailgunner, é bastante desafiadora, pois tem vocais muito altos e ele abraçou o desafio acrescentando o seu estilo único.

A saga Very Heepy Very Purple já vai na sua sétima parte. Já tens um fim previsto para esta sequência?
Todas as coisas boas eventualmente devem acabar, mas não te preocupes – na altura começarei uma nova sequência.

Quanto às capas, outro aspeto importante no teu trabalho, quem criou estas três?
Eu gosto das capas de estilo fantástico e também gosto da arte que se desenvolve nelas. Há artistas incríveis de todo o mundo que a sua arte na capa torna especial os conceitos dos meus álbuns. Artistas como Elsbro, Sandara, Mateusz Ozminski pelo seu incrível estilo de fantasia, Aquasixio Cyril Ronaldo que tem ideias brilhantes, Haim Rosenfeld, que prova que com uma câmara se podem criar mundos nas fotos, Maya Rosenfeld com o seu estilo romântico e nostálgico de pintura que fez algumas das capas dos meus primeiros trabalhos.

E desta vez que tens algum músico português nas tuas composições? Achas que isso poderá acontecer um dia?
Um dia, espero! E convido-os a todos vocês a participar neste projeto.

Quanto a vídeos, criaste algum para estes discos?
Estou mais concentrado na música e menos nos vídeos, mas há artistas como Sellenna que criou alguns vídeos artísticos muito bonitos para as minhas músicas.

Mais uma vez obrigado Avi! Queres acrescentar algo ao que já foi dito?
Há uma ótima citação de Lao Tzu "A música na alma pode ser ouvida pelo universo" e existe muito mais música que quero compartilhar. Rock On my friend, muito obrigado!

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