Entrevista: Hirsh Gardner

A solo, Hirsh Gardner não gravava nada desde 2002, na altura com o lançamento de Wasteland For Broken Hearts. No entanto o músico de Boston tem estado bastante ativo noutros projetos com destaque para os New England. My Mind Needs A Holiday é o nome do seu mais recente registo, completado agora mas com temas que foram escritos ao longo dos anos. Numa altura em que anda em tour com a sua banda, Hirsh Gardner falou com Via Nocturna.

Olá Hirsh! Obrigado pela tua disponibilidade. Podemos falar um pouco sobre o teu novo álbum? É um alívio teres finalmente um sucessor para Wasteland For Broken Hearts?
Essa é uma pergunta muito boa e a resposta é complicada. Sim, de certa forma, é um alívio, já que muitos dos meus fãs fizeram a pergunta "hey Hirsh, quando lanças um novo álbum a solo?". Adoro quando os fãs se envolvem, dão as suas opiniões e, especialmente, quando me falam - eles adoram a minha música. Portanto, ser capaz de lançar um novo álbum para aqueles que gostam de ouvir rock clássico significa muito para mim. Por outro lado, não, não é tanto um alívio já que, durante estes anos desde o lançamento de Wasteland For Broken Hearts, tenho estado muito, muito ocupado a produzir, masterizar e trabalhar noutros projetos musicais, incluindo tocar com os New England. Parece que me consegue manter ocupado o suficiente para que não fique obcecado em ter que lançar outro álbum.

Porque tanto tempo entre estes dois álbuns?
Bem, como acabei de mencionar, tenho estado muito, muito ocupado com muitos outros projetos. Mas durante este período de tempo escrevi ideias de músicas e gravei pequenos pedaços de música, não muito com um objetivo definido de produzir um álbum, mas simplesmente porque adoro escrever músicas, tirar ideias e criar uma música a partir do zero. Dito isto, ao longo dos anos, a ideia de fazer nova música sempre esteve lá.

Apesar dessa pausa tão longa, este álbum tem o curioso título de My Brain Needs A Holiday. Por quê?
(Risos). Outra ótima pergunta. Estar envolvido com muitos outros projetos é muito trabalhoso. Eu sou como qualquer um que precisa tirar férias ou um feriado de vez em quando. Há cerca de um ano atrás, quando decidi completar este álbum, quase parecia que estava num período de férias de um ano sem ter que me preocupar com outros projetos e apenas a trabalhar sozinho. Por isso, o título é praticamente sobre ficar longe de outros projetos e focar-me na minha própria música. Isso para mim era como estar em férias ou num feriado e, daí, o título do álbum.

Estas músicas são recentes ou são o resultado de um processo de escrita ao longo do tempo?
Algumas dessas músicas são bastante novas, como My Brain Needs A Holiday, Shadows, Sister Jane e a versão de Whiter Shade of Pale, mas algumas destas ideias estão guardadas há muitos anos. Love Is, por exemplo, uma música a capella que escrevi há vários anos como um projeto de gravação experimental. Há entre 48 e 60 vocais de fundo que fiz para essa música. Queria experimentar com uma camada de muitos vocais apenas para ver como resultaria e para me divertir. Sempre adorei Queen, as produções que fizeram no passado e o uso de vocais de fundo. Sinto que Love Is sou eu numa linha Queen. E, a propósito, o primeiro e o segundo álbuns dos New England foram projetados e co-produzidos por Mike Stone. Mike esteve envolvido na produção dos álbuns mais bem-sucedidos dos Queen. É justo dizer que utilizei o livro de Mike de dicas de engenharia e produção!

Neste álbum tocas todos os instrumentos com a ajuda de alguns convidados. Como foi essa escolha?
Eu toco todos os instrumentos, mas muitas vezes, só faço isso para mostrar aos músicos quais são as minhas ideias e fazer com que eles entrem e toquem uma versão brutal das minhas performances um tanto básicas. Algumas das pistas que gravei ficaram no disco já que eram suficientemente simples para eu ter um bom desempenho. Na música Shadows, toquei sintetizador e Hammond B3 e pareceu funcionar, portanto ficaram lá. Mas na música Git It Back, fiquei tão honrado com a guitarra de Ron 'Bumblefoot' Thal, que descartei a maioria das minhas partes. Ele é um guitarrista monstruoso. Exorto todos a ouvir Art of Anarchy, o seu projeto atual. Richie Ranno, dos Starz é um amigo muito querido e pedi-lhe para ele fizesse o solo em If You Need T’Talk. Fiquei tão impressionado com o que ele tocou que simplesmente deixei tudo como estava gravado. A sua forma de tocar fala por si. Também uma menção honrosa vai para o meu querido amigo Jon Butcher, que tocou em Love Is. Jon também é um novo colega de editora na Escape Music. Ele é um músico tremendamente talentoso e fizemos alguns planos para fazer espectáculos juntos num futuro próximo.

Eu acho que os vossos arranjos vocais são fantásticos em várias músicas. Como foi trabalhado este aspeto?
É preciso colocar os pontos fortes para usar durante a gravação e sempre soube que uma das coisas que mais amo são os arranjos vocais. Normalmente canto uma melodia e depois ouço a estrutura de acordes para escolher adequadamente as minhas partes de harmonia. Existem muitos grupos a capella que adoro ouvir e fico fascinado com o que eles fazem com as suas vozes. Por isso, sim, há muitas texturas vocais na maioria das minhas músicas. Para ser honesto, vi algumas críticas menos lisonjeiras que mencionaram isso. Se alguém aproveitar o tempo para ouvir o projeto em geral, verá que essas harmonias adicionam uma enorme quantidade de textura a essas músicas e também adicionam uma dimensão extra para que o ouvinte aproveite. Certamente, seria fácil diluir algumas dessas harmonias, mas eu divirto-me muito a fazê-las. A minha esperança é que todos possam entrar na minha cabeça e ouvir o que eu ouço e desfrutar da música pelo que é.

Qual é o estado atual dos New England?
New England está a rockar como sempre. Todos nós temos muitos projetos e todos vivemos em diferentes partes do país, por isso é bastante difícil juntarmo-nos e tocar. Mas fazemos as nossas reuniões anuais, onde fazemos entre 2 e 5 espetáculos e divertimo-nos. No ano passado, fizemos algumas datas na Costa Leste. Agora iremos para Los Angeles na semana que vem para alguns ensaios, gravação e outro espetáculo. Depois iremos ao Japão fazer algumas noites em Tóquio. Nesta altura, enquanto te respondo, estamos a caminho de Los Angeles para tocar amanhã no Grand Oaks Live e depois estaremos de volta à área de Boston para tocar no Spire Center for Performing Arts em Plymouth, Massachusetts e na próxima noite, no The Bull Run Theatre em Shirley, Massachusetts.

Até ao final do ano terás algumas datas nos EUA. Como está a ser preparada essa tournée?
Agora estou focado no meu espetáculo a solo. Juntei em palco o meu querido amigo e fantástico guitarrista Joe Feloni. Joe aparece em muitas das músicas do meu álbum e contribuiu tremendamente para o som do disco. O espetáculo a solo, apesar de ser apenas eu na guitarra acústica e Joe na elétrica, é muito mais do que apenas um espetáculo acústico. O objetivo é torná-lo rock e sim, sê-lo-á. Levaremos muitas músicas do meu primeiro álbum a solo e, claro, músicas de My Brain Needs A Holiday, bem como vários clássicos dos New England. Na verdade, esta é a primeira vez na minha vida que surjo em palco com uma guitarra e a cantar. É bastante assustador, mas estamos a dar um bom espetáculo e o público tem gostado.

Muito obrigado, Hirsh! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Bem, em primeiro lugar, acho que um grande aplauso e ovação de pé deveriam ser para os meus bons amigos Khalil Turk e Barrie Kirtley da Escape Music. A sua comercialização de My Brain Needs A Holiday juntamente com o meu primeiro álbum solo Wasteland For Broken Hearts foi absolutamente brilhante. Também estou extremamente satisfeito com a resposta mundial que tenho recebido para o novo álbum. Acabei de ler a review de Via Nocturna ao meu álbum e não posso agradecer o suficiente por reconhecerem os tremendos músicos que tocam no disco e todo o trabalho que esteve por trás. Talvez algum dia eu vá a Portugal fazer alguns concertos. 

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