Entrevista: Low Torque

Três álbuns em cinco anos e, ainda por cima, álbuns com uma maturidade assinalável, fazem dos Low Torque uma proposta deveras consistente no panorama stoner/southern rock nacional. Agora, com um vocalista mais poderoso e a adição de uma segunda guitarra a banda está ainda mais poderosa e pujante, e Chapter III: Songs From The Vault é um disco mais pesado e coeso, na opinião do guitarrista André Teixeira.

Olá André, tudo bem contigo? A última vez que falamos foi em 2012, já lá vão mais de cinco anos. O que mudou, entretanto, na banda e na sua forma de trabalhar?
Mudámos de vocalista (David Pais) e temos um guitarrista novo (João Arroja) e pouco mais mudou. Low Torque é uma banda de southern/stoner metal e é isso que sempre será! O nosso método de trabalho passa por ouvir muita música, de nos divertirmos nos concertos e encontrar inspiração nas mais diversas coisas nas nossas vidas. Felizmente temos a possibilidade de compor e gravar os nossos álbuns nos nossos estúdios o que facilita bastante o processo criativo.

E essas mudanças repercutem-se de que forma no resultado final de Chapter III?
Temos um disco mais pesado, mas coeso, que afirma o som da banda. Rock musculado para ouvir alto!

Entre essa nossa última conversa e este regresso, ainda lançaram um álbum, Croatoan, com 10 monstruosas histórias de mistério e horror. Essa temática continua agora?
A temática do Chp. III ronda à volta de um imaginário pós-guerra. Uma série de histórias e possibilidades de sobrevivência num mundo desfeito pelo ser humano e pelas suas ambições de poder e controlo.

Uma das coisas que mais salta à vista no vosso novo disco é a soberba apresentação gráfica. Quem foi o responsável pela idealização e/ou execução?
Eu tenho a responsabilidade da direção artística dos nossos discos em conjunto com o nosso designer. A execução do design em si e do artwork é da responsabilidade do nosso talentoso designer e amigo Nuno Ribeiro Silva, que também já compôs uma música connosco, a Bell Witch. É o nosso 6º elemento desde o início da banda.

Acreditam que, num mercado extremamente exigente, o aspeto gráfico acabe por se tornar decisivo?
Decisivo não creio. É muito importante, mas se tiveres um disco excelente com uma má capa não deixa de ser um disco excelente. Mas uma capa excelente não salva um mau disco!

Supafreak foi o primeiro single/vídeo apresentado. Porque escolheram esse tema?
Na altura achámos que era um bom single para mostrar o nosso trabalho, mas o disco ganha vida quando é escutado de uma ponta a outra. É uma história com princípio meio e fim. A Supafreak é uma malha com um refrão catchy na minha opinião.

Depois desse, já houve outros vídeos?
Sim lançámos um clip para a Dust Mojo. Está disponível no nosso canal de YouTube.

Os Low Torque assinam, com este Chapter III, o seu terceiro álbum mantendo uma qualidade assinalável. Qual é o segredo?
Trabalharmos em equipa e com o mesmo foco: fazer música que nós próprios gostaríamos de ouvir, sem querer agradar a terceiros. O nosso público é muito específico, são pessoas que gramam stoner rock, southern rock, doom, hard rock, sludge etc… Não somos uma banda para agradar a toda a gente. Acho que é esse o segredo. Mantermo-nos fiéis ao que gostamos de tocar e de ouvir.

Em termos de line up, o David Pais entrou quando o Marco Resende esteve com alguns problemas de saúde, mas acabou por ficar… Já agora, já está tudo bem com o Marco?
Nós não temos tido muito contacto com ele, mas acho que sim. Ele sempre teve alguns problemas respiratórios (asma, falta de ar, etc) mas ele encontrou um banda bacana para continuar o seu trabalho, os Stone Cold Lips que ficaram sem vocalista há um tempo, que era a Susana Ayash de quem gostamos imenso. O David ficou na banda porque o Marco optou por sair. Não foi uma substituição nem nós despedimos o Marco, nada disso. O Marco decidiu sair e o David foi indicado por ele próprio. Por isso as coisas são assim… seguem o seu próprio rumo. Não há rancores da nossa parte e ele é um gajo com talento.

Por outro lado, este é, também o primeiro álbum como quinteto com a entrada de um segundo guitarrista. O que procuraram com esta alteração?
O Arroja é meu amigo há muitos anos e já tínhamos um banda juntos quando eramos putos. Entretanto ele foi viver para Londres uns anos e entretanto regressou. Quando ele regressou voltou a tocar com os Shivers que é a banda dele com o Igor Azougado e veio tocar connosco. Acho que dá mais coesão ao vivo e é uma pessoa com uma grande presença em palco e que domina também a arte de realizar videoclips. Era algo que tinha que acontecer e ainda bem que aconteceu. Só traz mais força à banda.

Tiveram já a oportunidade de fazer os espetáculos de apresentação do disco quer a sul, quer a norte. Como foi a receção que os fãs vos proporcionaram?
Foi boa. Conseguimos ter público suficiente para garantir boas festas e para mostrar o nosso trabalho o mais possível e era isso que se pretendia. As pessoas reagiram bem e ofereceram bastantes elogios e correu tudo muito bem. Agora é continuar a apostar na estrada e dar o máximo de concertos possíveis em 2018.

E já há planos para uma tour mais longa?
Vamos vendo as oportunidades, não temos nada planeado para já. Temos 2 festivais agendados. Comendatio II e Moita Metal Fest. Apareçam por lá!

Obrigado André. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Estamos a planear gravar e editar um EP ainda em 2018 como follow-up ao Chapter III: Songs From The Vault, de título Jupiter. Fiquem atentos. Obrigado!

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