Entrevista: Mabel Greer's Toyshop

Apesar de serem considerados como a banda pré-Yes, os Mabel Greer’s Toyshop já deixaram bem vincado, como os dois álbuns de estúdio neste novo milénio, que não devem nada a ninguém nem é justo estarem sempre a falar na banda que se lhes seguiu há 50 anos. Mas o certo é que estes músicos (parte do line up, pelo menos) já anda nestas coisas do prog rock há mais de meio século. É um eternidade! The Secret é o seu mais recente trabalho e foi o motivo que nos levou a conversar com Bob Hagger.

Olá Bob! Tudo bem? Como tem sido a vivência dos MGT desde a última vez que falamos em 2015?
Olá, é bom ouvir-te de Portugal. Bem, desde a última conversa, muito trabalho foi feito para esta nova coleção de músicas para o álbum The Secret. Depois de terminarmos o nosso primeiro CD New Way Of Life, em 2015, descobrimos que ainda tínhamos muita música nova em nós, por isso decidimos juntar tudo para outro álbum.

Novo álbum com pequenas mudanças na formação. Não são relevantes, suponho, porque o núcleo da banda permanece o mesmo...
Sim, no primeiro álbum, nós três que criamos as gravações originais (Bayley, Hagger & Barré) fomos acompanhados por Billy Sherwood e Tony Kaye. Neste novo álbum, nós três somos acompanhados por Max Hunt nos teclados.

E que segredo guardam os MGT neste álbum?
O segredo é o segredo da vida, a passagem do tempo e a tecnologia para levar o passado ao futuro.

Desta vez, todas as músicas são novas ou recuperam alguma do vosso passado?
Estas músicas são novas. Embora algumas das ideias tenham sido concebidas ao longo do tempo, elas foram amadureceu no estúdio de gravação e fundiram-se numa coleção coesa para criar este álbum com totalidade de música nova.

Mais uma vez, Peter Banks surge ligado ao vosso trajeto. Como foi feito o trabalho que culminou na inclusão de partes de guitarra suas na música The Secret?
Bem, o primeiro álbum New Way Of Life foi mais uma homenagem a Chris Squire já que ele co-escreveu metade das músicas do álbum comigo. Peter Banks também foi parte integrante da banda pré-Yes, Mabel Greer´s Toyshop e, de alguma forma, também lhe queríamos prestar uma homenagem. Essa oportunidade surgiu quando fomos contactados pelo responsável do Peter Banks Musical Estate. Ele ofereceu-nos algumas partes de guitarra isoladas gravadas por Peter antes da sua morte em 2013. Também demos a Jon Anderson (outro aluno dos Mabel Greer’s Toyshop) a hipótese de cantar numa das faixas, mas ele teve que recusar, aparentemente devido a razões contratuais com Anderson, Rabin e Wakeman.

É curioso observar cartazes de concertos com 50 anos onde estão os MGT. Já 50 anos, meu - meio século! Isto passa pela tua cabeça?
Pensamos nisso a toda a hora. Algumas memórias parecem acontecimentos de ontem mas outras são um pouco mais nebulosas.

O vosso estilo sempre se encaixou no espectro do prog rock e do rock sinfónico, portanto, não se estranha a inclusão de excertos de Beethoven ou Tchaikovsky. Como surgiram essas ideias?
As ideias de incluir peças clássicas surgiram principalmente no impulso do momento em que se está a tocar em estúdio. Todos nós gostamos de música clássica e crescemos com ela. Portanto, a influência mantêm-se. Quando improvisamos, essas peças simplesmente parecem levantar a cabeça. Quando um de nós começa, os outros juntam-se automaticamente. Às vezes é divertido.

Isso prova que ainda estão em grande forma. Ainda existe alguma coisa que nunca tenham feito e pretendam fazer?
Antigamente, havia uma tendência para as bandas se afastarem de se limitarem a tocar um set musical simples, para proporcionarem uma performance mais holística com figurinos, adereços e luzes. Obviamente os Ping Floyd foram os pioneiros, mas havia outros como The Crazy World Of Arthur Brown e até Keith Emerson & The Nice. É uma pena que essa tendência esteja a desaparecer. Uma das coisas que gostaríamos de fazer é um espectáculo completo. Não uma opera rock como tal, mas mais uma performance musical prolongada que se torna uma experiência mais do que apenas tocar a música. Isso precisaria de muito trabalho, muita preparação, por isso, provavelmente não acontecerá, mas é bom pensar nisso.

Quanto à promoção, o que tem sido feito com The Secret?
Muito pouco na verdade. Limitamo-nos apenas a cria-lo e a colocá-lo cá fora, esperando que as pessoas gostem tanto quanto nós a fazê-lo.

Obrigado. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Sim, queremos agradecer o teu interesse. Apreciamos muito. Recomendamos que os teus leitores comprem o álbum e o ouçam, pelo menos, três vezes para que o apreciem totalmente e deixem-nos conhecer a vossa opinião em www.mabelgreerstoyshop.com... e Viva Portugal!

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