Entrevista: Abnormal End


Numa altura em que parece que tantas ideias faltam a tantos grupos, os Abnormal End são a refrescante exceção. Um heavy metal melódico e poderoso onde um pouco ortodoxo e nada convencional saxofone dá um colorido especial. O vocalista Lukas Nieben e o guitarrista Martin Stimmler, que recentemente assistiram ao show dos Moonspell na sua zona, passam em revista a sua evolução desde o trabalho de estreia até Concept Of Identity, previsto para o próximo fim de semana.

Olá Lukas e Martin, como estão? Obrigado pela vossa disponibilidade. Para começar, podem apresentar os Abnormal End aos metalheads portugueses?
Bem, por onde começar? Os Abnormal End são uma banda de metal melódico e alternativo da região de Ruhr, na Alemanha. O nosso som combina diferentes estilos de metal. Assim, variamos desde sons melódicos até à brutalidade pesada.

Contem-nos um pouco da vossa história, quando começaram, o que vos motivou a erguer este projecto, como tem sido a vossa evolução…
Abnormal End começou há mais de 10 anos como um projeto de escola. Nos primeiros tempos houve muitas mudanças de membros, escreveram-se algumas músicas e fizemos alguns concertos. Mas, em 2010, tudo mudou. No espaço de um ano quase todos os membros saíram e o som da banda mudou. Apenas um dos membros fundadores permaneceu. Desde essa altura, a composição e o agenciamento tornaram-se mais profissionais. Em 2013, foi lançado o primeiro álbum de estúdio Mind Machinery. Isso deu-nos a oportunidade de tocar em espetáculos maiores e de espalhar a nossa música para além da área de Ruhr. Depois, demoramos 4 anos a gravar o segundo álbum Concept Of Identity, que será lançado a 10 de março.

Como surge este nome? Tem algum significado especial?
Abnormal End é um fim anormal do software ou uma falha do programa. É mais comum como Abend. Para nós, a nossa música é principalmente como lidar com os Abends das nossas vidas, bem como da sociedade.

As influências de Avenged Sevenfold e System Of A Dawn são mais ou menos evidentes. Mas, que outros nomes ou movimentos influenciam os Anormal End?
As influências são incontáveis. Todos nós gostamos de diferentes estilos de metal e todos nós influenciamos o som dos Abnormal End. Martin, por exemplo, gosta bastante de Doom Metal e Heavy Metal como Iron Maiden e Helloween, enquanto Tilly está mais (embora não exclusivamente) orientado para o Black e Death Metal. Nós gostamos de todos os tipos de metal e tudo o que surge nas nossas cabeças é suposto tornar-se parte do som dos Abnormal End. Passa-se o mesmo na parte vocal. Lukas tenta variar os seus vocais tanto quanto possível. Desde o início, que escolhemos não ficar num género fixo, mas seguir as nossas ideias sem nenhum dogma.

Como foi a preparação de Concept Of Identity, tanto no que diz respeito à composição das músicas como no processo de gravação?
Começamos a escrever as novas músicas quase imediatamente à saída do estúdio em 2013. Como Mind Machinery tinha sido o nosso primeiro álbum, a variação de géneros e estilos está mais notória neste novo registo – poderás dizer que, definitivamente, encontramos o nosso estilo no processo de escrita em Concept Of Identity. Gravamos as músicas no Le Fink Studios em Duisburg com o nosso produtor Beray Habip, que já havia gravado Mind Machinery connosco. Sabíamos como eram os procedimentos em estúdio e, claro, Beray também sabia o que esperar de nós e como otimizar o nosso desempenho.

Um dos maiores destaques do vosso som acaba por ser o saxofone. Sentem que é, de facto, algo diferenciador e enriquecedor?
Sim, definitivamente. Claro que é preciso um tempo de habituação ao facto do metal e um saxofone estarem juntos. Na verdade, quando Lukas surgiu com a ideia, a maioria de nós estava, no mínimo, bastante cético a este respeito. Mas percebemos que ele se encaixa muito bem em algumas das nossas músicas, como por exemplo, Punishment. Em Mind Machinery, a linha melódica na parte do meio é, em grande parte, definida pelo saxofone. Sem o saxofone, os Anormal End não seriam o que são hoje. No entanto, apenas incluímos o saxofone se ele se encaixar e há músicas onde optamos por não o introduzir. Simplesmente, dá-nos a oportunidade de adicionar um outro elemento à nossa música.

Tendo já lançado, anteriormente, um álbum e um EP, de que forma Concept Of Identity se identifica ou não com o vosso passado musical?
Concept Of Identity é, simplesmente, o trabalho mais maduro que produzimos até agora. Mind Machinery ainda era caraterizado por uma grande variação, porque era o nosso primeiro álbum e colocamos lá todas as músicas que tínhamos escrito até então e que considerávamos serem suficientemente boas para fazer parte dele. Algumas eram novas, outras tinham sido escritas dez anos antes. As músicas para Concept Of Identity foram todas escritas para este álbum, o que explica que soem mais uniformes. No entanto, é mais o próximo passo lógico no nosso desenvolvimento musical do que algo completamente novo. Nullified simboliza isso mesmo, porque é um aperfeiçoamento de Mental Deviation – a trilogia que constitui o coração de Mind Machinery. No nosso EP Re:Nature gravamos versões acústicas de três músicas, duas das quais estão em Mind Machinery e uma, Requiem, faz parte do novo álbum. Ou seja, este é um projeto paralelo, já que fazemos cerca de dois shows acústicos por ano.

Os primeiros trabalhos foram lançados de forma independente, não foram? Entretanto chegaram à Roll The Bones Records. Como se proporcionou essa ligação?
Simplesmente enviamos o nosso produto final para várias editoras e obtivemos reações positivas de três delas, tendo decidido assinar com a Roll The Bones. Nós conhecemos o Gregor (e ele conheceu-nos) de um espetáculo que fizemos com a sua banda, os Greydon Fields há um ou dois anos atrás. A Roll The Bones ofereceu as melhores condições e estamos felizes por estar numa editora que promove a nossa música. É muito difícil para uma banda underground dar-se a conhecer a um público mais amplo, por isso trabalhar em conjunto com a Roll The Bones é um passo importante para nós - e funciona: por exemplo, agora estamos a dar ume entrevista para uma metalzine portuguesa.

Têm algum vídeo extraído deste álbum?
Sim, acabamos de lançar o vídeo para a música Voices, que é um tipo de valsa heavy metal. O vídeo foi produzido pelo pai de Konrad, Peter, que já fez vários vídeos connosco ao longo dos anos e este é o vídeo mais profissional que fizemos até agora. Em vez de apenas tirarmos fotos ao vivo ou simplesmente tocarmos as nossas músicas, passamos um dia num estúdio fotográfico e desta vez incorporamos uma história na música. Planeamos ainda lançar mais um ou dois vídeos em breve. Fiquem atentos à nossa página de FB ou o nosso canal de Youtube

Quanto a palco, o que têm projetado para os próximos tempos?
Após o lançamento do álbum a 10 de março, iremos tocar como suporte dos nossos amigos Arctic Winter em Saarbrücken no lançamento do seu novo álbum em maio. Costumamos tocar com eles duas vezes por ano e sempre é muito divertido! Além disso, pretendemos fazer alguns pequenos festivais no verão e quanto a clubes, teremos de esperar e ver - geralmente temos ofertas para ir a palco, mais ou menos uma vez por mês.

E quanto ao futuro, que projetos têm em mente poder vir a realizar?
Bem, nosso projeto primário é o rockar: colecionar ideias e começar a trabalhar nas músicas para o nosso próximo álbum. Fazer uma tournée maior seria ótimo, tocar em festivais maiores, tocar em diferentes países - basicamente tudo o que pudesse espalhar a nossa música noutros lugares e nos ajudasse a alcançar mais metalheads que ainda não ouviram falar de nós!

Obrigado! Dou-vos a oportunidade de deixar uma mensagem ...
Obrigado a vocês, de Via Nocturna, pelo interesse na nossa música! E, claro, saudações metálicas para todos os metalheads portugueses. Gostaríamos muito de tocar no país de origem dos Moonspell (que há algumas semanas apenas deram um ótimo espetáculo com os Cradle of Filth aqui na área do Ruhr)!




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