Entrevista: Reto Burrell


Reto Burrell tem um assinalável fundo de catálogo, sendo que Shampoo Or Gasoline é já o seu 10º álbum. Ainda antes de iniciar a tournée que o trará, mais a sua banda, até ao nossos vizinhos espanhóis, e uns dias antes do lançamento oficial do álbum no mercado, o músico suíço falou com Via Nocturna.

Olá Reto, como estás? Obrigado pela tua disponibilidade. O teu novo álbum tem um nome curioso – porque Shampoo Or Gasoline?
Ei, obrigado pelo convite! Está tudo bem. O novo álbum está cá fora, uma tournée internacional está quase a começar... Estou muito animado. Muitas pessoas me perguntam sobre a história do título do álbum. É claro que essa curiosidade me deixa feliz. Na letra dessa música, pergunto-me o que quero ser e quem realmente sou. Limpo e bom ou explosivamente perigoso. Ou um pouco dos dois? Também quero destacar a música moderna de hoje, que é liricamente muito chata e entediante.

Este é já o teu 10º álbum, e o press release afirma que estás tão confiante como se fosse a tua estreia. Ainda sentes o mesmo entusiasmo quando lanças um álbum?
Na verdade, sim! Mas nunca tive que me forçar para escrever músicas. Aconteceu assim e por isso estou muito grato. Escrever músicas é a razão pela qual eu faço música. Os concertos acontecem em 90-120 minutos por noite. As canções e discos ficam para sempre. A composição é a minha verdadeira paixão.

Na altura em que decorre esta entrevista, o álbum ainda não está no mercado, portanto pergunto-te que expetativas tens para este lançamento?
Eu nunca tenho expetativas, porque, em primeiro lugar, estou sempre muito satisfeito e orgulhoso do resultado final. Quer um álbum chegue ao público ou não, eu nunca iria lançar algo que não goste. Mas, é claro que fico sempre muito feliz quando as pessoas gostam.

Na Suíça, tens tido uma carreira de sucesso. E fora do teu país, como tem sido a aceitação dos teus discos?
Não me posso queixar. Especialmente nos países de língua inglesa, onde as pessoas entram mais nas minhas letras do que propriamente aqui na Suíça.

Neste álbum trabalhaste a par nos processos de composição e gravação, certo? Como foi essa experiência? Tens trabalhado sempre assim ou foi a primeira vez?
Depende. Muitas vezes, as músicas são escritas com bastante antecedência. Mas desta vez tudo foi diferente. O álbum que fiz antes (Side A & B) estava finalizado quase um ano antes de sair para o mercado. Problemas de saúde e problemas familiares foram as razões para este atraso. Mas quando começamos a tocar em concertos, quis lucrar com essa energia e escrevi as músicas para o novo álbum em apenas algumas semanas e fomos para estúdio gravá-las. Acho que se percebe essa vibração ao ouvir o álbum.

E esses processos conjuntos também ocorreram simultaneamente com as performances ao vivo?
Sim! As gravações ocorreram no final do verão, mas nós fizemos uma tournée até o final do ano. Durante o inverno, já toquei algumas músicas novas e inéditas durante alguns shows acústicos menores.

Que temáticas abordam neste disco? Sei que passam por Robin Hood, mas que mais têm para oferecer neste capítulo?
Os principais temas deste álbum são as zonas problemáticas das pessoas. Se queremos dar aos nossos filhos e filhas um futuro razoavelmente seguro, devemos mudar muito sobre nós próprios. E é melhor agora que mais tarde. Costumava escrever muito mais sobre as minhas próprias preocupações e alegrias. Mas para este álbum quis que as coisas fossem um pouco mais longe. Mas sem soar como um pregador. Durante o tempo em que escrevi as músicas para o álbum Shampoo Or Gasoline, ouvi muitos dos meus antigos discos hardcore-punk da minha adolescência nos anos 80. Acho que isso me inspirou.

Fala-me sobre a última música, Like Zombies And Toys. Como foi feita essa articulação com os Maple Tree Circus? Como definirias essa experiência?
Adoro uma boa música country antiga e essa é uma música curta que deveria ter esse sentimento. Há uns anos, quando os meus pais celebraram o seu 70º aniversário, contrataram esta maravilhosa banda, Maple Tree Circus, para tocar na sua festa. Quando os ouvi tocar, percebi imediatamente que os queria no meu próximo álbum. Gravamos essa música ao vivo com dois microfones na sala. Tocamos quatro vezes e decidimos ficar com o segundo take.

Brevemente terão um tour pela Espanha para apresentar este álbum. E depois disso, o que se seguirá em termos de palco?
Se o público espanhol gostar tanto de nós tanto quanto nós gostamos da Espanha, ficamos por lá (risos). A sério, depois iremos fazer alguns shows de verão na Suíça e na Alemanha e depois virá o circuito de clubes nos dois países, no outono. Estamos ansiosos para tocar ao vivo. Especialmente em Espanha.

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