O
mundo está um caos e os Troll não ficam indiferentes a isso, mesmo considerando
as suas alegoria mágicas na trilogia que estão a escrever. A primeira parte
teve agora direito a uma reedição pela Shadow Kingdom Records; a segunda,
deverá ser lançada no inicio de 2019; a terceira já está a ser preparada e até
já há temas que poderão ser ouvidos na tour de inverno.
Rainbo, líder do coletivo de Portland, foi quem nos guiou nesta alucinogénica viagem!
Olá
Rainbo, como estás? Obrigado pela tua disponibilidade! O vosso primeiro
lançamento do álbum de estreia foi disponibilizado apenas em cassete, há dois anos atrás. Por que fizeram essa
opção na altura?
Olá Via
Nocturna! Estamos estáveis, e vamos bem, considerando que o mundo está em
chamas. Parece que há muito tempo atrás, lançamos a estreia, mas, na altura,
não tínhamos dinheiro para lançar nada a não ser em cassette. Eu comprei 100 cassetes
roxas em branco, dupliquei-as e empacotei-as com uma impressão básica. Vendemos
ou distribuímos todas, embora ainda haja algumas cassetes originais no discogs.com
ou na distro on-line Riding Easy.
Agora,
através da Shadow Kingdom Records, o álbum está disponível em CD. No entanto,
pergunto-te se, dois anos depois, esse som ainda representa os atuais Troll?
Também foi
lançado em um vinil roxo e especial na Europa pela Oak Island Records e que
podes encontrar na maioria das distros
online. A Shadow Kingdom fez um relançamento em cassette e CD em março e isso expôs-nos a um público um pouco mais
amplo no underground. Posso dizer com
confiança que Troll é um processo musical evolucionário constante e não temos
intenções de regurgitar o nosso próprio material. O som do segundo álbum é uma
progressão natural do primeiro e o conto alegórico que está a ser escrito nas
letras evolui para um grau ainda mais profundo. Desde a gravação do primeiro
álbum que também adotei um estilo vocal mais agressivo e autoritário, que é agora
é capturado mais claramente.
Suponho,
também, que já tenham algumas músicas novas. Podemos esperar algum novo
lançamento para breve?
Não só temos
novas músicas, como já temos um novo álbum! A data de lançamento deve ser
anunciada em breve, mas posso dizer que devem ficar atentos a este segundo
disco dos Troll, intitulado Legend Master,
no início de 2019. Também te posso confirmar que já estamos a finalizar músicas
que estão programadas incluir num terceiro álbum, algumas das quais poderão fazer
a sua estreia ao vivo neste inverno.
Mas,
voltando um pouco no tempo, podes apresentar os Troll aos metaleiros portugueses?
A banda foi formada
há cerca de 2 anos e meio, com a intenção de fazer um estilo muito lento e
melancólico de rock pesado com letras
que lidavam com temas alegóricos como alienação, perda e morte. Não havia uma
intenção clara de ser uma banda doom,
mas sim a intenção de criar músicas que nos desafiassem como músicos e também
desafiassem o público. Pode dizer-se que somos uma banda do tipo de doom metal progressivo, mas em vez de nos
focarmos em expressões constantes de tecnicismo, concentramo-nos em trazer o
poder emocional e o peso esmagador para as músicas que escrevemos. A ideia é
contar nas nossas músicas uma história que um ouvinte pode apreciar a um nível
básico de fantasia ou ficção científica, mas se o ouvinte for mais profundo,
encontrará arquétipos metafísicos e temas sombrios que permeiam toda a
narrativa. Dessa forma, sinto que somos uma banda de power-doom tradicional inspirada no folk, que tem como objetivo apresentar uma performance ao vivo teatral ao estilo Candlemass que vos deixará sem
fôlego.
Numa
pesquisa rápida pela internet, deparamo-nos com muitas
bandas chamadas Troll. Não têm receio da confusão que isso possa gerar?
Não propriamente.
No início, percebemos que, para nós, o nome não seria tão importante quanto a
música, por isso escolhemos um que estivesse em oposição aos tradicionais nomes
de bandas doom metal. Se alguém nos
confundir com os famosos noruegueses do black
metal, sinto muito por eles, e nós criaremos o nosso próprio lugar como Troll,
os titãs do doom metal.
A
cena doom de Portland é uma muito respeitada. Como se
sentem integrados nela?
Embora possa
ser respeitada, não é perfeita, e há por aqui muita competição, assim como noutros
sítios. Para nós, é difícil sermos aceites pelos maiores nomes de metal aqui à volta, porque tocamos
ferozmente e com paixão total no palco - algo que eles não fazem sempre porque estão
incomodados pelo dinheiro, pela família ou pelas drogas. Nós só nos preocupamos
com a destruição do mundo e isso assusta-os. Estamos prestes a ter a oportunidade
de mostrar ao mundo o que é o doom metal.
De
volta ao vosso álbum, como o descreveriam para quem ainda não vos conhece?
O primeiro
disco é uma exploração inicial do mundo musical e lírico de Troll e do mundo dos personagens que
criei para a história. É pesado, sombrio, mas místico na sua sonoridade e a
história conta a primeira parte (de três) da malfadada viagem astral do próprio
troll, que é um ghoul de pedra trazido à vida por um bruxo malvado de um cogumelo
radicular, para causar estragos na terra e causar danos ao arqui-rival do mago,
a bruxa. As coisas não correm como planeado, são feitas descobertas de traição
e o troll é usado como um peão para
provocar a destruição de toda a vida na Terra. À medida que as enchentes
apocalípticas começam a cobrir o mundo, o troll
usa os poderes adquiridos nas suas batalhas para produzir um dragão astral viajante,
no qual escapa para a lua, para esperar o dilúvio durante mil anos. É lá que o
segundo álbum Legend Master começará
o próximo capítulo, com o terceiro álbum planeado para ser o último capítulo
desta história em particular.
Projetos
para os próximos tempos? O que têm em mente?
Gostaríamos
de tocar para vocês, em Portugal! O nosso objetivo é fazer uma tour pelo mundo, se possível em 2019,
após o lançamento do nosso segundo álbum. O espetáculo ao vivo dos Troll é
muito original, teatral e emocionante e queremos mostrar que tipo de magia pode
ser feita em palco. Estamos a escrever o terceiro álbum com os corações
pesados, já que muitas coisas nos nossos mundos foram caóticas e cheias de
tristeza, e parece que o último capítulo da Trilogia
Troll será ainda mais sangrento e sombrio do que nunca. Estou animado para
ver onde o nosso caminho de melancolia e estranheza nos levará.
Muito
obrigado, Rainbo! Queres acrescentar algo mais…
Obrigado,
Nocturna, continuem a espalhar o Doom
pelo mundo. Questionem tudo, não acreditem em nada e lidem de forma justa com o
próximo, mesmo que ele vos queira mal. Como alguém que apoia a legalização de
todas as drogas, tenho orgulho de ter feito esta entrevista com alguém de uma
nacionalidade que demonstrou, com sucesso, que a reabilitação é superior ao
encarceramento.
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