De Coimbra, diz-se que é a capital do rock ‘n’ roll em
Portugal. Independentemente dessa classificação, certo é que os coletivos
conimbricenses têm-se imposto pela sua qualidade. Como os The Twist Connection,
constituídos por músicos com créditos firmados no panorama nacional do rock. Ao segundo álbum, atingiram a maturidade e
mostram quem são. Por isso ser este o seu álbum homónimo. Via Nocturna esteve à
conversa com Samuel Silva.
Olá Samuel, tudo bem? Antes de mais, com tanta
experiência acumulada noutros coletivos, quando surgiu a ideia de erguer os The
Twist Connection?
A história é relativamente simples: a
iniciativa foi do Kaló. Envolvido numa série de projetos nos últimos anos
“apenas” como baterista (como os Parkinsons ou os Dirty Coal Train), queria
voltar a assumir a posição de frontman
num novo projeto. Como eu, após a emigração do Diogo, estava com os The Jack
Shits em standby, propôs-me
juntarmo-nos e tentarmos criar algo novo. E assim foi. Ele trazia já umas
ideias que começámos por trabalhar e sentimos que a coisa tinha pernas para
andar. E cá estamos!
De que forma é que esta nova banda vos completa
enquanto artistas e seres humanos?
Nenhum de nós (acho que falo por
todos, mesmo pela Raquel Ralha que é a nossa nova “aquisição” ou até pelo
Zedegar, que é o nosso técnico de som e “faz-tudo”) sabe viver sem isto... sem
tocar, sem andar na estrada, sem criar. E os Twist Connection são o veículo que
utilizamos para dar resposta a essa necessidade. Não duvido que esta banda seja
uma fatia importantíssima da vida de cada um de nós... Se nos completa
artisticamente e enquanto seres humanos? Bem, somos seres permanentemente
insatisfeitos e incompletos por isso queremos sempre mais e melhor... e é por
aí que abraçamos este projecto com toda a força possível e estamos empenhados
em crescer com ele!
E de que forma é que The Twist Connection se
afasta ou aproxima de tudo que já fizeram antes?
Essa é uma pergunta difícil de
responder... já há tanta história em todos e cada um de nós. No entanto, é
indesmentível que cada nova combinação de músicos, de pessoas que se juntam
para criar alguma coisa, dará sempre origem a coisas novas, distintas do que
essas mesmas pessoas fizeram anteriormente na companhia de outras pessoas.
Ainda assim, mais do que apontar diferenças em relação ao que se fez antes, é
importante que se deixe claro que esta banda traduz de alguma forma aquilo que
nós somos hoje, enquanto músicos e enquanto seres humanos. E como nós não somos
certamente hoje iguais aquilo que fomos noutros momentos das nossas vidas...
Quando partiram para as primeiras composições,
o que procuraram criar? O que estava nos vossos planos em termos estéticos e
musicais?
As primeiras composições basearam-se
nalgumas ideias que o Kaló tinha andado a cozinhar com o Pedro “Calhau”
Antunes... foi aí que pegámos sendo que, tendo em conta que sou um músico
diferente do Pedro, até porque toco outro instrumento, esses embriões de
canções seguiram – acredito – um caminho distinto daquele que eles poderiam ter
traçado inicialmente. A partir daí, e em todos os momentos de composição, não
pensamos muito no que estamos a fazer... todos nós vivemos e sentimos o rock'n'roll... ainda que possamos beber
influências doutras estéticas, quando pegamos nos nossos instrumentos e
entramos em “diálogo” com outros músicos, tendemos a cair nesse grande
caldeirão do rock'n'roll... e é por
aí que temos ido, de uma forma inevitável e não necessariamente previstas ou
pensada. É isto que nós somos... é isto que nós sabemos criar quando pegamos em
guitarras, baixos e baterias... no entanto, não nos coibimos de experimentar,
de introduzir uma vertigem mais punk
aqui, uns pós mais country acolá, uma
urgência mais garageira noutro
recanto... ainda que, reforço, nada
disto seja necessariamente pensado para seguir um ou outro caminho estético!
Porque o álbum homónimo surgir ao segundo
álbum?
Porque sentimos que estamos agora
mais perto daquilo que queremos ser. O Sérgio, que não estava connosco no
primeiro álbum, oferece-nos uma série de recursos inestimáveis. Estamos mais
maduros enquanto banda! Sabemos melhor o que queremos e para onde queremos ir.
É por isso que nos fez sentido baptizar dessa forma o nosso segundo álbum:
temos agora uma identidade mais definida, mais nossa!
O vosso primeiro álbum foi apresentado no Salão
Brasil, um dos vossos sítios favoritos para tocar, disseram uma vez. Como foi
desta vez?
Infelizmente, e por motivos
meteorológicos, ainda não conseguimos apresentar o novo álbum em Coimbra.
Tínhamos previsto um concerto num espaço ao ar livre e tivemos que o adiar...
No entanto, já apresentámos o novo álbum no Porto, em Lisboa, em Proença-a-Nova,
Aveiro, Torres Novas e San Vicente de Alcántara... a receção tem sido boa! As
pessoas têm gostado! Nós sentimos que ainda podemos melhorar... estamos
permanentemente a pensar em novas formas de crescer e de sermos uma melhor
banda ao vivo! Nunca estamos verdadeiramente satisfeitos! E ainda bem!
Este é um disco que acaba por ser lançado por
uma editora que, curiosamente, também é de Coimbra. Foi apenas coincidência ou
não?
Não será coincidência... a Lux
Records tem um bonito historial de edições de bandas de Coimbra (mas não só) e,
quando pensámos gravar este álbum, pensamos que poderia ser o veículo ideal
para avançar com o projeto! Gostamos de trabalhar com pessoas em quem
confiamos... com amigos! E é dessa forma que vemos a Lux e o Rui Ferreira (o patrão!).
E a partir de agora? Qual o ou os próximos
passos para os The Twist Connection?
Tocar, tocar, tocar, tocar! Não há
nada melhor do que tocar ao vivo... é aí que nos sentimos, enquanto banda,
completos... nessa interação direta com o público, nessa agitação e diálogo
permanentes! Fazemos questão de assumir a reputação de sermos uma banda ao vivo
de excelência! Colocamos a fasquia bem alta e lutamos para a ultrapassarmos
noite após noite! Como é óbvio, e tendo em conta o facto de pensarmos sempre um
passo à frente, no que vamos fazer a seguir, nas próximas canções, já andamos a
discutir e a pensar na forma e no momento para avançarmos para um terceiro
álbum!
Obrigado, Samuel! Queres deixar alguma
mensagem?
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connosco! Temos inúmeros concertos marcados por todo o pais (e não só!), muitos
mais a serem definidos neste momento e queremos converter-vos ao rock'n'roll!
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