Reviews - Julho 2018 (II)


Profane Sounds Of The Flesh (BEYOND CARNAGE)
(2018, Torre Negra/Firecum Records)
O percurso dos Beyond Carnage é curto mas punitivo. Depois de uns primeiros anos de atividade marcados pela instabilidade da formação, o quinteto português estreia-se com o EP Profane Sounds Of The Flesh. São cinco temas com uma sonoridade pesada e apocalíptica, baseado na cena death metal old school, apresentando uma paisagem musical sórdida e poderosa, com a adição de alguns elementos doom. Temas como Necrowizard ou R'lyeh, Mother Of All Abominations são inspirados nos trabalhos de H. P. Lovecraft, assim como em velhas lendas pagãs da Europa. Já faixas como Infectious Parasitic Fungal God, Curse Of The Burning Rain ou Prophecy From A World Beyond, apoiam-se numa visão apocalíptica com uma atmosfera negra e caótica. [72%]


Coded Smears And More Uncommon Slurs (NAPALM DEATH)
(2018, Century Media Records)
Considerados um dos pioneiros do metal mais extremo, os Napalm Death estão quase a completar os 40 anos de carreira (formaram-se em 1981), tendo lançado 16 álbuns de estúdio e uma infinidade de outros lançamentos. Este duplo álbum com o estranho nome de Coded Smears And More Uncommon Slurs, que a Century Media agora coloca no mercado, traz 31 temas e 90 minutos de bonus tracks, singles e temas de diversos splits, cobrindo um período entre 2004 e 2014. Destes, 18 são retirados das sessões de gravação de The Code Is Red… Long Live The Code (2005) até Apex Preador – Easy Meat (2015) e são temas que têm surgido como faixas bónus das diferentes versões desses álbuns. Os restantes 13, apareceram em split EP’s e compilações. Esta é uma forma de os fãs terem todo esse material disperso junto num só álbum. [75%]


Fulìsche (KANSEIL)
(2018, Rockshots Records)
Os Kanseil são originários de uma região italiana onde, aparentemente, ainda se fala o dialeto Cimbra. Daí até a músico do coletivo se basear em influências medievais e folk foi um saltinho. Fulìsche é o segundo disco deste septeto que sobre bases de metal (muitas vezes black e death, na sua vertente mais melódica) constrói temas onde os instrumentos arcaicos têm uma influência decisiva. Por isso, medieval folk metal talvez seja a melhor descrição para estes Kanseil e para este disco. Um disco que se pode comparar a nomes como Eluveitie ou Haggard na forma como os estilos são misturados ou mesmo Huldre na forma como são criadas e apresentadas as orquestrações tradicionais. [83%]


Heimdall (FORGE)
(2018, Independente)
Três anos após a sua formação e depois de se terem apresentado com um single e uma demo, Heimdall é o primeiro longa-duração dos Forge. A banda suíça cresceu em torno do violinista Skjöldur, mas não se deixem iludir pelo facto de o violino ser o principal instrumento aqui usado. O que os Forge praticam é um estilo de metal onde os vocais death metal (exagerados, dizemos nós!) executados quase na forma de canto de ópera, assentam em ritmos marciais. E é sobre tudo isto que surge o violino que imprime uma áurea de classicismo obscuro, épico e misterioso. Por momentos a música dos Forge lembra os Haggard, mas, deve ser salientada a sua aproximação a ritmos da música tradicional russa – embora aqui essa aproximação se deva mais às estruturas rítmicas que ao trabalho de violino. Heimdall evoca melancolia e tem mais para oferecer do que aparenta à primeira audição. [78%]


Death Parade (KOBOLD)
(2018, Iron, Blood & Death Corp.)
Depois de uma edição em formato independente, no ano passado, a Iron, Blood & Death Corp. promove a reedição, agora abrangendo o formato físico, deste que é o primeiro longa-duração dos sérvios Kobold. Death Parade é um disco longo, com 15 faixas (incluindo uma curta intro) de furioso thrash metal, rápido, fulgurante, com algumas harmonias bem trabalhadas e um bom registo ao nível dos solos. Os vocais, essencialmente no setor dos berrado limpo, complementam os temas que se podem considerar como o cruzamento entre o caos e a melodia. [77%]

Comentários