A criatividade intrínseca dos músicos permite que uma banda como os Spock’s Beard esteja em evolução constante e a prova fica bem
evidente no seu novo álbum Noise Floor. Um disco onde os californianos se mostram mais orientados para o
formato canção, até há uma que estava a ser feita para os… Kansas! Percebam
tudo nesta conversa com o baixista Dave Meros.
Olá Dave, é certo que vocês nunca gostaram de usar o
título de uma canção como título do álbum, portanto, o que vos inspirou na
escolha do Noise Floor?
Todos enviaram uma lista de nomes que achavam que poderiam funcionar
como título para o álbum e esse era um dos nomes de uma das listas. Todos
pensamos que era uma frase porreira e
como ninguém se opôs, escolhemo-la!
Já se passaram três anos desde o vosso disco anterior,
The Oblivion Particle. Como se passou esse tempo, considerando também todos os projetos em que
vocês costumam estar envolvidos?
Todos temos outros projetos e outros trabalhos, portanto, todos
estivemos bastante ocupados. Eu estou numa banda de covers com Ted e Jimmy (e também a esposa de Ted), e ultimamente
temos estado bastante ocupados. Também tenho feito alguns shows com os Iron Butterfly dos anos 60, que são sempre divertidas.
O que podemos ver é que o Noise Floor é um pouco diferente
dos vossos álbuns anteriores. É mais orientado para as músicas, se é que me
entendes, e mais melódico com muitas guitarras acústicas. Foi essa a vossa intenção
desde o início da preparação deste álbum ou simplesmente acontece assim?
Aconteceu, não planeamos isso intencionalmente. Cada álbum que fazemos é
um pouco diferente do que o anterior e cada um assume a sua própria vida à
medida que avançamos.
Para além, disso há a inclusão de um conjunto de
cordas. Não foi a primeira vez que trabalharam com este tipo de instrumento,
pois não?
Definitivamente, não foi a primeira vez que utilizamos um conjunto de
cordas. Muitas pessoas têm dito isso, o que me parece estranho porque usamos a
mesma secção de cordas nos nossos últimos seis álbuns. Também já tínhamos usado
o corne inglês uma ou duas vezes antes. Não percebo porque as pessoas pensam
que isto é uma coisa nova para nós.
Este acaba por ser um álbum de entendimento mais
imediato, o que contraria um pouco o vosso trajeto até agora. Os fãs estão a aceitar
esta mudança?
Alguns sim, outros não. Há pessoas que apreciam a abordagem mais
orientada para músicas, enquanto outras pensam que quanto mais complexo, melhor.
Neste caso, poderíamos dizer que é apenas uma evolução
natural e não uma verdadeira revolução?
Sim, definitivamente é apenas uma evolução e, para mim, é apenas uma
pequena mudança, apenas uma variação normal. Acho que ainda soamos como Spock's
Beard e até as primeiras reviews
começarem a surgir, pessoalmente nem me tinha apercebido das mudanças em relação a The Oblivion Particle.
Ainda assim, criaram e gravaram as músicas da vossa
forma tradicional?
Sim, mas a forma como gravamos um álbum não é tradicional como nos anos
70, 80, 90. Nós escrevemos as músicas nos nossos próprios estúdios caseiros ao
invés de todos juntos como uma banda, e depois escolhemos quais das músicas que
gravaremos no álbum. Depois, a bateria é gravada. Depois disso, a maioria dos overdubs é feita nos home studios, com exceção de algumas
faixas em que sentimos que ajudaria ir para estúdio. Depois de todos terminarem
os registos, vai tudo para estúdio para a mistura e masterização. Pessoalmente,
nunca estive em estúdio. Eu moro a algumas centenas de quilómetros de distância
do estúdio, portanto fiz todas as minhas pistas de baixo sozinho no meu pequeno
estúdio caseiro.
Neste aspeto, há uma história curiosa a respeito da
música To Breath Another Day. Queres contar o que aconteceu?
Essa música foi originalmente escrita para ser enviada aos Kansas quando
eles anunciaram que estavam a gravar um novo álbum. Mas depois eles disseram
que estavam a escrever todas as suas músicas, por isso John mudou a música para
ser mais uma música Spock's Beard. Alguns outros elementos também fizeram
algumas mudanças, tornando-a mais rock,
e assim, gravamo-la nós.
Outra grande novidade foi o regresso de Nick
D'Virgilio, após a sua saída em 2011. Como foi esse reencontro?
Foi incrível, ele é um ótimo músico e, é claro, uma pessoa impecável. Dito
isto, ele gravou a sua bateria algures no centro do país, no estúdio onde
trabalha. Alguns dos compositores voaram até lá para o orientar nas músicas,
mas a maioria de nós nunca tocou com ele nas faixas do álbum.
De qualquer forma, ele não irá convosco em tournée, pois não?
Ele está muito ocupado com o seu trabalho diário e também ocupado com
outras bandas. Poderá fazer shows
individuais aqui e ali, mas não pode se comprometer com um período de duas ou
três semanas que uma tournée exige.
Bem, Dave, poderíamos facilmente ficar aqui a
conversar eternamente, mas, para terminar, gostaria de te perguntar em que projetos
estás envolvido atualmente?
Bem, John Boegehold (o nosso co-escritor) está a trabalhar num monte de
material que se pode transformar num álbum e, atualmente, estou a trabalhar as
pistas de baixo para isso. Ted toca guitarra e canta e Jimmy está na bateria. As
músicas são muito boas, espero que sejam captadas por uma editora e lançadas. É
apenas um projeto de gravações, não uma banda nova que fará concertos. Também há
aquela banda de covers que mencionei
anteriormente com Ted e Jimmy.
Obrigado, Dave! Queres deixar uma mensagem aos vossos fãs
aqui em Portugal?
Muito obrigado por ouvirem Spock's Beard e, para os fãs mais velhos,
obrigado por estarem connosco todos estes anos! Espero ver-vos um dia destes.
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