Reviews - Setembro 2018 (II)


Concentration Time (CHALWA)
(2018, Independente)
Já imaginaram como soariam os sons quentes da Jamaica nas altas montanhas da Carolina do Norte? Pois bem, parece que alguns dos mais sonantes músicos locais, oriundos de Ashville, também quiseram fazer essa descoberta e, vai daí, juntaram-se e formaram os Chalwa. O álbum Concentration Time tem uma sonoridade própria de quem faz reggae em solo de country. E só isso já seria motivo para a sua descoberta. Mas acontece que Concentration Time é muito mais que isso. É um disco que traz uma sonoridade refrescante (mesmo levando em linha de conta algumas influências dos anos 50/60 que aqui podem ser encontradas) e que procura (e consegue quase sempre), introduzir diferentes moods na sua base musical reggae. [80%]


The Judas Tree (LUKE GASSER)
(2018, Blue Rose Records)
Luke Gasser deve ser um dos mais ativos artistas da cena musical suíça. Mantém um ritmo de um lançamento a cada 13/14 meses e, em 2017, para além do disco de originais Mercy Of Me, ainda pôs cá fora o documentário Von Flüe e a novela histórica Und Essen Mag Er Auch Nicht Mehr. E agora, em 2018, não faz a coisa por menos – um duplo álbum, The Judas Tree, o seu quarto cantado em Inglês, com um total de 18 canções onde é possível sentir de forma menos intensa a sua costela rockeira, mas onde é mais notória a sua faceta mais introspetiva e emocional com o recurso, em parte do álbum, à guitarra acústica num registo que tanto tem de baladeiro como de country. Mas o problema é o mesmo de todos os artistas que lançam muitos álbuns seguidos e com muitas músicas. Primeiro, não dá tempo para as que músicas cresçam e evoluam. Gravar tudo o que se compõe depressa, normalmente dá mau resultado. Segundo, gravar tudo o que se escreve dá origem a uma enorme quantidade de fillers. Em resumo, The Judas Tree é o perfeito exemplo do que não deve ser feito e, exceção feita a um par de canções, a maioria do álbum nunca deveria ter saído da sala de ensaios antes de uma polidela e seleção qualitativa. Destinado unicamente aos indefetíveis fãs do músico helvético. [74%]


One Love (CORNELL CC CARTER)
(2018, Independente)
Depois do primeiro álbum In The Moment, era aguardado com enorme expetativa o seu sucessor. E Cornell CC Cartner não o faz por menos e apresenta doze novos temas (incluindo um bónus) onde se junta a alguns convidados (Brian Braziel, Soulpersona) para criar mais alguns momentos de soul e funk. O músico que chegou a trabalhar com os maiores nomes do género (Ray Charles, James Brown, The Temptations, Natalie Cole, Kool And The Gang) soube beber da sua experiência e conhecimento, embora as suas criações neste novo trabalho (quase sempre em parceria com Kirk KC Crumpler), soem um pouco datadas, pouco inspiradas e longe dos seus génios inspiradores. Ainda assim, saúde-se a tendência para criar música de verdade, com músicos e instrumentos verdadeiros, coisa que tem faltado muito ao soul/funk atual, completamente entregue às criações fictícias da informática e eletrónica. [64%]


Turn Back Time (LIONCAGE)
(2018, Pride & Joy Music)
O trio que começou com Done At Last, numa edição da Escape Music, cresceu, assinou pela Pride & Joy Music, transformou-se num quinteto, lançou mais dois álbuns – Second Strike em 2017 e, sem perder demasiado tempo, o mais recente Turn Back Time. São mais 12 faixas de rock melódico, com a distorção por momentos mais áspera, mas sem implicar com as linhas melódicas básicas. Turn Back Time não compromete, mas, também nunca chega a ser empolgante. Alguns apontamentos dispersos pelo álbum (principalmente ao nível do trabalho do baixo) não são suficientes para camuflar a falta de criatividade e de ambição na criação dos temas. [76%]


Ultra Violent Light (JOHNNY WORE BLACK)
(2018, EMP Label Group)
Para quem não conhece, os Johnny Wore Black são um coletivo britânico que conta nas suas fileiras com o baixista David Ellefson, ex-Megadeth. Todavia, a sua sonoridade está substancialmente afastada da música dos thrashers americanos. Ultra Violent Light é já o terceiro disco deste coletivo que conta com três vocalistas e um violoncelo. O seu rock denso e com tendência para a criação de paisagens emocionais e negras, acaba por não explorar na totalidade os recursos postos à sua disposição, limitando-se a um registo básico e onde se nota a ausência de momentos diferenciadores. [76%]

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