Entrevista: Avi Rosenfeld


Voltamos mais uma vez a Israel para falar com Avi Rosenfeld a propósito dos mais recentes lançamentos do criativo artista. Há mais um capítulo, já o oitavo, da saga Very Heepy Very Purple, há Bluesy Breeze en nome individual e há Sad Wings, de novo em parceria com Marco Buono. Fiquem com as palavras de Avi Rosenfeld.

Viva Avi, como estás? Pelos vistos continuas em boa forma! Parabéns! 2018 tem sido um ano muito criativo, mesmo que algumas das músicas dos álbuns lançados este ano tenham sido compostas antes. Para começar temos outro capítulo da saga Very Heepy Very Purple! Que abordagem fazes desta vez?
Olá Pedro! É sempre bom ouvir-te. Atualmente, o foco principal é nas músicas, não nos álbuns. Portanto, cada uma das músicas encaixa num determinado álbum que tem um estilo específico. Tudo tem o seu devido lugar.

E mais um disco com Marco Buono. Definitivamente, um dueto para manter... É um trabalho muito lucrativo com ele. De qualquer forma, continuas a ser o único escritor, certo?
Adoro trabalhar com Marco, é muito agradável e esses são alguns dos meus álbuns favoritos que gravei. Ele tem essa capacidade de tocar uma música perfeitamente, fazendo com que pareça pessoal e poderoso. Sim, eu escrevo as músicas, outra parte divertida no processo.

E também um par de outros álbuns onde recolhes algumas influências étnicas e as conjugas com vários instrumentos. Vês isso como uma espécie de puzzle de forma a poderes incluir essa diversidade?
As influências étnicas fazem parte de um mundo musical diversificado que adoro. Misturar diferentes estilos e instrumentos leva a resultados surpreendentes, e é assim que novas ideias se transformam em boas canções. Os nossos ouvidos gostam de ouvir ear candys, que aparecem com ideias inesperadas nas músicas. Normalmente, escrevo as músicas numa guitarra clássica e mantenho as coisas simples, e só quando as gravações chegam é que eu posso pensar, Ei, este estilo ou instrumento pode ser muito interessante de se ouvir na música.

E que música tens ouvido ultimamente que, eventualmente, te inspire?
Ultimamente tenho ouvindo boa música, mas o melhor que descobri é Gunned Down Horse, aqui de Israel. Eles tocam uma mistura louca de estilos musicais, muito poderosos e emocionais, com um vocalista (Davidavi Dolev) que faz tremer o chão. Tens que ouvir a música deles. Algumas outras músicas incríveis que tenho ouvido ultimamente:
* Ocean Elzy, uma banda de rock da Ucrânia, que mesmo sem entender as letras, a música entra no coração;
* Talvez os melhores músicos de piano em Israel, Shlomo Gronich – os seus espetáculos ao vivo foram dos melhores concertos que já vi. As suas composições combinam complexidade e emoção, melodia e poder dramático;
* Maiden United - Vi um incrível espetáculo intimista desta banda em Israel há alguns anos atrás e é espetacular. Eles tocam arranjos acústicos de clássicos dos Iron Maiden, ótima banda com o grande Damian Wilson nos vocais.
A boa música pode ser trabalhada com ou sem os arranjos de distorções pesadas.

Pela primeira vez, contas com um músico radicado em Portugal, ainda que seja brasileiro. Quem é e como entraste em contacto com ele?
É o super incrível Marcelo Vieira. Ele é um dos melhores vocalistas de rock que anda por aí. Gravamos algumas músicas juntos nos últimos anos e acho que o ouvi cantar, pela primeira vez, no YouTube. Marcelo canta a música Dealer do VHVP V, com uns vocais incríveis.

E é também a primeira vez que tens uma música em espanhol? Como se proporcionou isso?
Acho que há línguas que soam perfeitamente em determinados estilos musicais. A língua espanhola soa bem no hard rock e nem importa que eu não fale a língua. Confere bandas como Rata Blanca ou Mago De Öz, que são fantásticas. A fonética e o fraseado encaixam perfeitamente nas melodias. E, depois, acho que o mistério de não entender exatamente todas as letras contribui para o drama e a harmonia da música. Também quis escrever essa música sozinho, portanto, depois de experimentar um pouco com algumas palavras em espanhol que conheço e ter obtido a ajuda de algumas pessoas, foi esse o resultado. Os riffs estilo Blackmore levam-na ao seu lugar certo.

Olhando para os músicos, notamos alguns nomes estranhos, como o Bigaudiobox no trompete, o Wave Fixation no baixo ou o Nate Musixmanz no violino. Tem algum significado?
Esses são os seus nomes… estou a brincar! Basicamente cada músico decide a maneira como aparecerá nos créditos...

Que artistas foram escolhidos para as obras de arte, desta vez?
As capas de Bluesy Breeze e Sad Wings são de Aquasixio - Cyril Rolando e são verdadeiramente genuínas. A sua arte é sempre repleta de cenas imaginárias que fazem pensar. E têm significado dentro delas. Podem contar uma história dentro de uma história. No caso de Very Heepy Very Purple VIII, a capa é de Onur Bakar, artista muito talentoso. Adoro a sua arte de fantasia. E o estilo vikings encaixa-se perfeitamente no estilo do álbum.

Em relação ao conteúdo lírico, qual é a abordagem desta vez?
Como nos meus álbuns anteriores, Very Heepy Very Purple tem letras mais orientadas para a fantasia... Os outros álbuns são mais pessoais. Eu gosto de deixar que o ouvinte tenha a sua própria compreensão de letras e histórias. Mas... há alguns títulos óbvios que podem dizer sobre o que a música é, como Jon Snow ou Marco Polo

Obrigado Avi! Queres deixar alguma mensagem ou adicionar qualquer outra coisa?
Mais boa música está em formação – um próximo Very Heepy Very Purple, outro álbum com Marco Buono e mais surpresas. Vida longa ao rock n roll!

Comentários