Reviews: Outubro (III)


Game On (POKERFACE)
(2018, M & O Music)
Game On é o segundo disco dos thrashers/deathster moscovitas Pokerface, onde se destaca uma demoníaca senhora no microfone, Alexandra Orlova, que berra desalmadamente abrangendo diversos registos. Game On é um disco com 10 temas onde o death e o thrash caminham lado-a-lado, cruzando-se pontualmente. O instrumental está mais orientado para uma clássica linha thrash de uns Slayer, por exemplo, mas os grind vocals adicionam poder de fogo e maleficência. A postura é desafiadora, gritando palavras de ordem, como se pode perceber por alguns títulos (Cry, Pray, Die, Play Or Die ou Bow! Run! Scream!). De resto, esperem algumas violentas descargas musicais e ferozes ataques sonoros. [72%]


Timeless (PERFECT VIEW)
(2018, Lions Pride Music)
De quatro em quatro anos os italianos Perfect View lançam um álbum e Timeless é já o seu terceiro, marcando a estreia de uma nova editora, a Lions Pride Music. E, mais uma vez, o quinteto de Modena consegue apresentar um disco elegante de melodic rock, com algum hard FM e AOR pelo meio, onde se destaca o competente trabalho do vocalista Marco Ciancio. Neste novo conjunto, há 12 temas elegantes, simpáticos e de agradável audição, sempre easy listening, mas, também, sempre na sua zona de conforto. Mas Timeless até promete algo mais com a impressionante abertura Stop Me, Kill Me, Leave Me. Essa tendência para algo mais trabalhado e intrincado acaba, todavia, por não se verificar, e Timeless lá vai seguindo o seu ritmo até ao final. [79%]


Unrelaxed (TOMMY CONCRETE)
(2018, Howling Invocations)
Do punk ao extreme metal, o eclético Tommy Concrete é um nome internacionalmente reconhecido. A solo Unrelaxed, é já o seu quinto registo e representa tudo o que Concrete é na realidade: uma incessante procura da consolidação coerente e forte da sua visão musical diversificada. Face a isto, não estranhem se se cruzarem com sonoridades tão díspares como trip-hop, prog metal, proto-metal, stoner, doom e psicadélico. Por isso, é muitas vezes comparado a Devin Townsend, essencialmente, porque nunca se sabe o que esperar de um disco ou de um projeto seu. Em Unrelaxed isso volta a acontecer – riffs doom que se transformam em descargas heavy metal, tudo envolto em pulsações industriais e, sempre, com a indispensável atitude punk.  E tudo construído apenas por Tommy Concrete que executa todos os instrumentos, com exceção da programação da bateria que ficou a cargo do convidado Bryan Ramage. [71%]


Contamination (ASHES REBORN)
(2018, Firecum Records)
Depois do EP Slaves Of Time (2010) e do álbum Feeding The Furnace (2015), os Ashes Reborn regressam às gravações com Contamination, mais uma descarga violenta de blast beats e vocais demoníacos, numa mistura entre o thrash metal e o death metal. O quinteto de Guimarães, fundado em 2006, tem, ainda tempo, para inclui solos com bastante melodia. Instrumentalmente, este conjunto de nove temas novos, não se afasta do trajeto que a banda vinha seguindo. Tematicamente, Contamination fala sobre a condição humana e a escravidão psicológica do quotidiano. [75%]


More Humanity Please (BARROS)
(2018, Rockshots Records)
More Humanity Please, é o mais recente registo do lendário guitarrista nacional Paulo Barros, um disco que tem a particularidade de contar com mistura e masterização de outro lendário nome – Harry Hess dos Harem Scarem. More Humanity Please mostra uma abordagem pouco habitual nos trabalhos de Paulo Barros, principalmente nos Tarântula, pela simplicidade de processos. São 10 temas melódicos qb e com estruturas simples que procuram ser diretos e atingir o ouvinte de uma forma descomprometida e descomplicada. Em parte, isso é conseguido, embora sintamos falta de uma maior envolvência do trabalho de guitarra – como noutros momentos o Paulo Barros já nos habituou! [77%]

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