Entrevista: Flak


Nome desde sempre associado aos Rádio Macau, Flak tem-se dedicado, nos últimos anos, à produção e ao trabalho de estúdio, não descurando nunca a criação. Por isso, em nome individual, Cidade Fantástica é já o seu segundo álbum. Um conjunto de canções que poderão ser dedicadas a Lisboa e que foram as últimas gravações no mítico Estúdio do Olival. O guitarrista, compositor e produtor fala-nos de tudo isto nesta entrevista.

Olá Flak, obrigado pela tua disponibilidade. Depois de um passado notável com os Radio Macau, principalmente, tens andado um pouco desaparecido. O que te tem ocupado durante estes anos?
Passei os dez anos deste, para mim, novo século em intensa atividade de concertos tanto com os Rádio Macau como com os Micro Audio Waves com quem toquei regularmente por toda a Europa. Depois nos últimos anos dediquei-me mais à produção e trabalho de estúdio. Produzi discos do Jorge Palma, GNR, gravei e misturei bandas no meu estúdio. Continuei a tocar ao vivo em eventos de música improvisada, spoken word ou eletrónica experimental. Em 2015 editei um disco a solo Nada Escrito e agora a Cidade Fantástica.

O que motivou a criação deste disco, Cidade Fantástica?
Em primeiro lugar a vontade que sempre tenho de fazer canções. Também a vontade de trabalhar com músicos mais novos, partilhar ideias e experiências.

Com quem trabalhaste para a criação deste novo trabalho?
Com o Benjamim que produziu tocou gravou e misturou. O António e Zé Guilherme Vasconcelos Dias. A Rita Laranjeira e a Mariana Norton gravaram vozes. Uma equipa pequena.

E como descreves este disco, nomeadamente, em comparação com todo o teu trabalho de mais de três décadas de carreira?
É um retorno, é uma evolução, é uma transformação…

Como sentes aquilo que criaste agora?
É o meu eu atual. Vou criando sempre personagens diferentes dentro de mim. Esta ainda a estou a conhecer.

Quando te referes a uma cidade fantástica, estás a pensar em qual ou quais e porquê?
Primeiro foi uma imagem difusa meio gótica com o morcego a sobrevoar. Agora penso que vivemos num mundo fantástico em que os vilões ridículos de Gotham City se tornaram reais e mandam em nós. De qualquer forma sempre pensei que Lisboa era uma cidade fantástica muito antes de ser descoberta pelo mundo.

Curiosamente, Cidade Fantástica, foi o último disco gravado num estúdio onde tiveste muitos sucessos. Acaba por ser, para ti, um disco especial também por isso?
Sim. Passaram por aquele estúdio um sem fim de músicos para ensaiar ou gravar. Muitos clássicos da música portuguesa foram lá concebidos e/ou gravados. Foram trinta anos de intensa atividade.

Tens estado envolvido em mais algum projeto? E a produção têm-te ocupado muito tempo?
Sim. Estou a acabar a banda sonora de um filme de animação, tenho feito concertos de spoken word com o Tiago Gomes e estou a trabalhar noutro projeto que ainda não posso revelar. Por agora tenho mais vontade de compor do que fazer trabalhos de produção.

O que tens preparado para palco?
Um concerto em que toco integralmente a Cidade Fantástica pela ordem do disco mais alguns clássicos e temas antigos. A apresentação em Lisboa foi no teatro Ibérico dia 8 e 9 de novembro.

Obrigado, Flak. Foi um prazer, poder conversar contigo. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Foi um prazer, obrigado e boa sorte.



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