Ao fim de 10 anos de carreira, os MaterDea são
um dos coletivos com maior reconhecimento em Itália fruto da sua envolvência na
música celta e medieval. Pyaneta é o seu novo e fantástico disco de
originais que vê a estreia de uma série de novos elementos, entre os quais uma
violoncelista. E foram estes foram alguns dos temas da nossa conversa com Simon
Papa e Marco Strega.
Olá, tudo bem! Este é o vosso quinto álbum em
apenas dez anos de carreira! Parabéns! Ainda se sentem com o mesmo poder que no
início?
Simon Papa [SP]: Olá! Muito obrigado por esta
entrevista! Este ano é o nosso décimo ano de carreira, por isso tivemos um
tempo extra! Muito obrigado pelos parabéns!! Temos que dizer que apesar dos 10
anos de carreira que nos trouxeram para uma idade mais madura, sentimos a mesma
energia e determinação que tivemos no início! Certamente, também com mais
consciência das dificuldades que músicos criativos como nós inevitavelmente
encontrarão, mas certamente felizes com o lançamento deste novo álbum que
significa também um novo começo!
O nome do álbum é um pouco misterioso. O que
definiu a sua escolha?
SP: É sempre o Marco que sugere os
nomes dos nossos álbuns. Quando ele propôs o nome Pyaneta, no início das novas composições, gostei muito da ideia
porque nos levaria a tocar em assuntos relacionados com a relação entre o homem
e seu ambiente, com o que me preocupo particularmente.
A propósito, o que significa?
SP: A palavra Pyaneta é escrita num italiano ligeiramente modificado e significa
"Planeta".
Como é feita a conexão entre as diferentes
línguas usadas na vossa música?
Marco Strega [MS]: O uso de várias línguas nas nossas
músicas está relacionado com o assunto que escolhemos para as músicas. Por
exemplo, na música S'Accabadora
referimo-nos a um caráter particular e muito importante da cultura popular da
Sardenha, uma mulher que cuida da saúde das pessoas da vila durante todo o
ciclo da vida, ajudando-as a superar os seus sofrimentos desde o nascimento até ao
morrer. Por isso, decidimos adicionar um sabor especial da Sardenha com a
participação de um grupo típico de tenores, que felizmente aceitaram fazer
parte da música, e um amigo meu acrescentou um pequeno poema também da
Sardenha.
Mudaram de editora desde o vosso último álbum?
Como se processou essa ligação à Rockshots Records?
MS: A nossa editora não mudou. A
Midsummer’s Eve é, na verdade, a nossa marca de produção e, depois de todos estes
anos, estávamos cansados de fazer tudo sozinhos. Agendar concertos, entrar em
contacto com webzines e revistas para
reviews, a promoção e todo o tipo de
coisas sozinhos era um trabalho difícil. Assim decidimos cuidar da parte
musical e deixar que outra pessoa fizesse esse trabalho profissionalmente. E neste
último período o nosso baterista Carlos ajudou-nos muito a levar a parte
organizacional. A Rockshots foi a nossa agência de booking desde 2013 até 2015, por isso parecia natural o suficiente
colaborar com eles e eles estão a fazer um trabalho muito bom.
Receberam dois novos membros na banda. Qual foi
o propósito?
SP: Na verdade, mudamos mais de dois
membros. Desde 2016, quase toda a formação mudou. Os novos membros são Camilla
D'Onofrio (violino), Giulia Subba (violino), Chiara Manueddu (violoncelo) e
Carlos Cantatore (bateria). Somos mais do que felizes com eles, todos eles são
excelentes músicos e também são seres humanos excelentes. A verdadeira inovação
no nosso som é o violoncelo. Convidamos Chiara para as gravações do nosso álbum
acústico The Goddess' Chants e
pedimos-lhe para se juntar à formação elétrica. Desta forma o conjunto de
cordas ficou completo e adicionaram a Pyaneta
o belo som orquestral que se pode ouvir em todas as faixas.
Tiveram a oportunidade de participar do
processo de composição? De que forma funciona esse processo nos Materdea?
MS: O processo de composição é sempre o
mesmo: eu começo a gravar os riffs de
guitarra que se tornarão a estrutura harmónica e rítmica da música, depois
continuo a construir o arranjo a partir da bateria e baixo. Depois coloco toda
a estrutura melódica da orquestração. Depois disso Simon trabalha na estrutura
harmónica para criar a melodia e as letras de cada música e quando esse
processo está completo eu trabalho para finalizar os arranjos. Portanto, durante
as gravações, os outros membros da banda são sempre bem-vindos para adicionar o
seu toque especial às músicas.
Vocês são altamente criativos. De onde vem tal
inspiração? É difícil juntar metal com sons celtas/medievais?
SP: Essa qualidade particular da nossa
música vem do ambiente musical muito diferente que eu e Marco temos, e também é
devido aos vários tipos de música que ele ouve, já que é ele quem trata dos
arranjos e nós dois somos músicos muito criativos desde o início da nossa
carreira pessoal. As nossas inspirações são algo que fluem naturalmente. Mas,
se às vezes trabalhamos para novas composições e estamos cheios de outras
coisas para fazer não é tão fácil... Normalmente ajuda muito fazer uma pausa na
rotina comum e passar algum tempo na natureza, acho que nada ajuda mais do que
isso! Para nós não é difícil unir sons metálicos
e celtas, é o que Marco e eu somos. É como fundir o som que vibra nas nossas
almas muito diferentes.
Costumam tocar em eventos medievais?
MS: Raramente, mas às vezes acontece. Gostamos
muito desse tipo de eventos, juntamente com Celtic
Festivals, onde participamos com mais frequência.
Têm alguma tour já planeada?
MS: Talvez na próxima primavera/verão, começaremos
a planear uma tour de verão, mas
ainda estamos a trabalhar nisso.
Para além dos Materdea, estão envolvidos em
mais algum projeto?
SP: Sim, todos nós estamos envolvidos noutros
projetos. Por exemplo, as meninas que tocam as cordas vêm de uma formação
clássica, pelo que também tocam em formações clássicas. Felizmente, por norma, conseguimos
ter toda a banda disponível quando os contratos para os MaterDea chegam!
Obrigado! Querem deixar uma mensagem ou
adicionar mais alguma coisa?
SP: Muito obrigado a ti! Em primeiro
lugar gostaríamos muito de agradecer à nossa editora, Rockshots Records, porque
estão a fazer um ótimo trabalho! Depois gostaríamos de agradecer a todos os fãs
que nos seguem durante todos esses anos, por sempre mostrarem grande entusiasmo
a cada novo álbum, e nos nossos espetáculos ao vivo. Sentimo-nos apoiados pelo seu
carinho e encorajados pelas suas expressões de grande apreciação de nossa
música. Em todos esses anos sempre nos ajudaram a continuar, apesar de todas as
dificuldades que encontramos e estamos muito felizes e gratos por isso!
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