Reviews: Novembro (IV)


Cast Out Of Heaven (FALLEN ANGEL)
(2018, Killer Metal Records)
Dezanove temas e setenta minutos de música é claramente um exagero. A segunda parte da trilogia que os Fallen Angel estão a criar, e que se chama Cast Out Of Heaven, poderia, perfeitamente, ser cortada a metade que ninguém sentiria falta dos temas eliminados. Esse é o principal problema de um álbum que tem outros. A flagrante colagem a uma sonoridade power metal americana – nomeadamente Iced Earth – denota falta de criatividade, ainda por cima porque fica a anos-luz da banda de Jon Schaffer. Aqui e ali os Judas Priest também são chamados ao barulho, mas fica sempre aquela sensação que preferimos o original. Assim, levante o dedo quem conseguir ouvir este disco de uma assentada até ao fim! [70%]


Overtures Of Blasphemy (DEICIDE)
(2018, Century Media Records)
E, de repente, os Deicide viram-se sem o mago dos solos, Ralph Santolla, falecido a 7 de junho deste ano, vítima de ataque cardíaco e sem Jack Owen, guitarrista que esteve na banda entre 2004 e 2016. Havia, portanto, a curiosidade para perceber como reagiria esta verdadeira instituição do death metal tradicional a duas perdas tão importantes. A resposta não podia ter sido mais positiva. E bem se pode dizer que a imagem de marca do coletivo da Florida – a fusão entre a brutalidade death metal e o virtuosismo dos solos – continua bem vincada. De resto, a banda continua a mostrar-se como uma das mais conservadoras do género, não perdendo tempo em evoluções progressivas. Por isso, com este novo line-up, essa linha condutora mantém-se num death blasfemo e devastador. Como é suposto ser. [80%]


Chaotic (ETTERNA)
(2018, Sliptrick Records)
Chaotic é o álbum de estreia dos eslovacos Etterna, banda praticante de um prog metal melódico. Em 48 minutos divididos por 11 temas (incluindo um curta intro) nota-se ainda muita verdura num coletivo assente em ideias básicas e que já foram anteriormente repetidas até à exaustão. Até os vocais agressivos não têm qualquer enquadramento. Há a procura de alguma melodia, o que é conseguido, e nota-se que os músicos estão à vontade com os seus instrumentos, mas também é visível que a banda ainda tem muito trabalho pela frente. [73%]


Waiting For The Dawn (INNERWISH)
(2018, Ulterium Records)
A Ulterium Records assume a posição de trazer de novo à vida os três primeiros álbuns dos Innerwish, uma das maiores bandas de metal melódico a sair da Grécia. Waiting For The Dawn foi o primeiro desses trabalhos, originalmente lançado em 1998 (completa, portanto, agora 20 anos) pela NMC Records. Por forma a manter o som original, a banda optou por mão fazer remixes de nenhuma música, mas procedeu a uma remasterização a cargo de Peter In de Betou. O brilhantismo do metal melódico que viria a caraterizar os InnerWish já aqui se fazia sentir, apesar de se notar uma certa (e agradável, diríamos nós) ingenuidade. A mesma ingenuidade que permitiu a tantas bandas, ao longo da história, assinar um primeiro trabalho puro e sentido. Como acontece em Waiting For The Dawn. [94%]


Opus 1880 (ALEXANDRA ZERNER)
(2018, Independente) - against
Opus 1880, terceiro trabalho da multi-instrumentista búlgara Alexandra Zerner, é uma obra conceptual, na forma de opera rock, com 22 temas em duas horas de música (não muito fácil de ouvir de uma assentada só, como se percebe). Neste disco, a música surge combinada com uma história de ficção científica coescrita pela própria Alexandra e por Slav Georgiev, criando uma obra similar ao que Ayreon tem apresentado, embora, naturalmente longe da genialidade do projecto de Arjen Anthony Lucassen. A longa duração do disco e o facto de Alexandra Zerner tocar todos os instrumentos (com exceção das partes atribuídas a diversos convidados) são o principal aspeto negativo num disco que, apesar de tudo, consegue criar algumas belas harmonias e melodias. [77%]

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