Entrevista: Xerife


Dois anos depois de Histórias, surge Grito, um novo conjunto de cinco temas, em mais um EP, naquele que é já o terceiro da banda. E Grito volta a enaltecer e a destacar a identidade de um projeto único no rock nacional. Mais uma vez fomos conversar com Laura Macedo que nos contou o que mudou com este grito.

Olá Laura, como tens passado? Os Xerife estão de regresso com o terceiro EP. Porque apostam sempre neste formato e não num longa-duração?
Olá Pedro! A aposta neste formato prende-se com a forma como agora as pessoas ouvem música. Enquanto que, há uns anos, comprávamos um CD e ouvíamos do início ao fim vezes sem conta, hoje em dia dificilmente isso acontece. É mais fácil que oiçam e conheçam 5 temas do que 10 ou mais. No entanto, os planos para o futuro são lançar um álbum, uma espécie de coletânea, onde incluiremos temas novos.

Como tem sido a existência dos Xerife deste Histórias? Em que estiveram ocupados?
Todos temos projetos paralelos, daí que estejamos sempre muito ocupados. Desde o EP Histórias demos alguns concertos e tentámos chegar cada vez a mais público. A falta de tempo faz com que não nos consigamos juntar tantas vezes como gostaríamos e isso reflete-se na criação de novos temas.

Porquê Grito? O que vos apeteceu, desta vez, gritar cá para fora?
Apetece-nos gritar muita coisa. Queremos que nos oiçam. Sentimos que a nossa música tem sempre uma boa aceitação por parte do público e que o mais difícil é fazer com que seja ouvida. Grito surgiu também na sequência de um tema com o mesmo nome, cuja letra foi criada a partir de um poema de Carlos Feio. Gostamos sempre de conciliar as várias vertentes artísticas, pois muitas vezes estas sinergias trazem resultados diferentes do expetável.

Como foi a construção deste Grito? Mudaram alguma coisa em relação aos trabalhos anteriores?
Sim, a construção deste Grito foi totalmente diferente. Enquanto que nos outros dois EP's nos juntámos em sala de ensaio a criar a partir do improviso e enquanto tocávamos, neste EP juntámo-nos ao computador, a trabalhar nos rascunhos que tínhamos e a definir bem o que queríamos em cada tema. O trabalho de criação foi, ao mesmo tempo, um trabalho de produção. Fomos mais pragmáticos, mais práticos. Deitámos muitas ideias fora. Reescrevemos. Reconstruímos. Foi um trabalho mais pensado, embora, mais uma vez, não sigamos nenhum estilo em concreto e cada tema tenha sonoridades distintas.  

Mas este Grito surge, mais ou menos, como a sequência lógica do EP Histórias, não concordas?
É difícil responder a esta questão. Ao contrário do que muitas bandas fazem, nós não seguimos um conceito pré-definido. Não estabelecemos barreiras, nem definimos temas. As coisas vão surgindo. Deixamos que esse processo seja livre. Se perdemos ou não com isso, não sei. Mas eu acho que a criatividade deve ser um processo livre e desencadeado por aquilo que sentimos na altura em que estamos a criar. Uma coisa orgânica. Se segue uma sequência lógica em relação ao Histórias, talvez pelas letras que escrevo. Que são sobre o turbilhão de coisas que me vão cá dentro e que muitas vezes saem irrefletidamente. No fundo, são histórias do que vivi e senti, das consequências desses sentimentos, do que me incomoda, do que está entranhado.

O facto de terem mantido estável a vossa formação, permitiu um outro tipo de trabalho?
Sim, à medida que nos vamos conhecendo melhor (embora já nos conheçamos há uns bons anos), deixamos de ter certas barreiras ou vergonhas. Falo por mim, que tenho muita dificuldade em exprimir-me publicamente. A primeira vez que mostro à banda uma letra ou uma melodia é uma verdadeira tortura para mim!

Só Tu e Eu foi o tema escolhido para primeiro vídeo. Será por ter uma abordagem um pouco mais mainstream? Isto porque, na realidade, acaba por ser um tema que nem retrata o EP na sua globalidade…
O primeiro single foi lançado em pleno verão e achámos que seria o tema que mais se adequaria. É alegre e divertido, embora esconda uma história comum a muita gente, mas que dificilmente admitimos. Sim, também é o tema mais mainstream e onde fomos buscar algumas influências mais eletrónicas. No fundo, passados dois anos sem mostrar nada de novo, queríamos surpreender quem já nos conhecia e suscitar interesse por parte de quem nos ouve pela primeira vez.

Há planos para outros vídeos para breve?
Sim, o single já está escolhido. Ainda não sabemos quando iremos lançar, mais uma vez, por questões de disponibilidade. Por mais planos que possamos fazer, somos uma banda independente. Tudo depende de nós e do nosso tempo: da criação à produção, da gravação às misturas e masterização, passando pelo marketing, design, videoclipe, redes sociais, comunicação social, etc. Mas não irá demorar muito.

Como decorreu todo o processo de gravação? Tudo como planeado?
Nada como planeado! (risos). Começámos a gravar em fevereiro, com o objetivo de lançar o primeiro single em abril. Mas o tempo, esse nosso inimigo, mais uma vez trocou-nos as voltas e obrigou-nos a adiar. Para além disso, e talvez pelo facto de todos os processos passarem por nós, durante as gravações vão-nos surgindo outras ideias, vamos acrescentando coisas. Chega a um ponto que o Marcelo (guitarrista e responsável pelas captações, misturas e masterização) tem que dizer: “ok pessoal, chega. Não podemos fazer mais alterações. Temos que dar isto por terminado”. Típico de artista insatisfeito. Temos de nos impor regras, caso contrário, nunca lançaríamos nada!

O que têm em vista em termos de palco?
Estamos a planear o espetáculo para 2019 com algumas novidades que ainda não podemos revelar.

Obrigado, Laura! Foi um prazer. Queres acrescentar mais alguma coisa ou deixar alguma mensagem?
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