Reviews: Fevereiro III


The Majesty Of Your Becoming (THE WAY OF PURITY)
(2014, Epictronic)
São muito estranhos estes The Way Of Purity, desde o facto de esconderem as suas faces até ninguém saber, exatamente, de onde são provenientes. Começaram por ser death metal, passaram pelo metal core e agora estão no rock/metal industrial onde se enquadra este The Majesty Of Your Becoming, álbum de 2014, mas, ainda assim, o seu ultimo trabalho. E este disco é, acima de tudo, uma viragem bem acentuada para as vertentes industriais onde se salienta a voz mezzo-soprano, encaixada sobre maquinaria, beats e sintetizadores. As cordas surgem muito disfarçadas, dando o espaço aos restantes elementos, que estão lá todos, é certo, mas que nunca mostram exuberância nem dinâmica suficiente para se imporem. [55%]


The Alienation Of Self (AQUAFABA)
(2019, Independente)
Lenadro Caetano e Davide Nunes é o duo portuense que se dedica a manipular sons sob a denominação de Aquafaba. Desse trabalho desconstrutivo e experimental nasceu o álbum The Alienation Of Self onde incluem 12 faixas de qualquer coisa a variar entre música e sons avulso. No campo dos segundos, temos a tendência para a experimentação com a produção de sons, alguns deles sem a mínima coerência lógica. No campo dos primeiros, o duo produz algum indie rock assente em bases psicadélicas, com um preponderante teclado analógico. O mais longo tema do álbum, Acid (Freedom Cage), Lost e I Am The Island são os momentos mais capazes de um disco e de um duo à procura do seu Self ainda não alienado. Nessas faixas em particular, os apontamentos de prog e jazz, na primeira, de blues, na segunda, e o espírito Beatles da terceira, mostram que há ali ideias que apenas carecem de ser bem canalizadas e melhor desenvolvidas. [56%]


Beware, Dark Lord! Here Comes The Bell-Man (STRAYTONES)
(2019, Robustfellow Prods.)
São apenas três temas (ou melhor dois e um interlúdio) juntos na forma estupidamente denominada de Beware, Dark Lord! Here Comes The Bell-Man, o que os Straytones apresentam no seu mais recente registo. Este coletivo é apontado como um dos mais importantes do cenário do rock psicadélico ucraniano, mas não será com lançamentos como este terceiro produto que serão levados muito a sério. Segundo a banda, trata-se de uma garage-rock opera, mas, na realidade é apenas um coletivo a criar muito barulho e muito fuzz com as suas guitarras bem distorcidas. [60%]


Garden (TOO MANY SUNS)
(2019, Independente)
No inicio do ano passado nasciam os Too Many Suns. A semente foi lançada num estúdio do Intendente e em pouco tempo já havia alguns temas para apresentar neste EP que agora vê a luz do dia, gravado em plena ruralidade do oeste litoral. Garden mostra claramente as influências do projeto, navegando entre sonoridades brit pop com algum fuzz rock à mistura e bastante garage rock e atmosferas indie. Garden carrega alguma melodia que contrasta com outros cenários de caos sonoro, mas também tem marcadas as habituais fraquezas que as bandas nacionais costumam apresentar neste género – pouca ambição criativa e reduzida musicalidade, arriscando pouco em fugir ao status quo do género. [50%]


One Day (A Journal) (ANTHONY W. ROGERS)
(2018, Wildflow Media)
One Day (A Journal) é o novo álbum de Anthony W. Rogers, o seu terceiro trabalho, que mantém as mesmas deficiências de sempre. Mantendo o mesmo registo a variar entre o 60’s pop rock, o surf rock e algumas incursões alternativas pelo meio, One Day (A Journal) mostra-se desinspirado e recorrendo sistematicamente a ideias há muito esgotadas. Por isso, este novo disco é mais um registo insonso, sem brilho e sem dinâmica. Um disco que teve origem na sua residência rural e que tenta captar essa essência, mas que acima de tudo se revela, desinteressante e aborrecido. [45%]

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