Reviews: Fevereiro VI


Shatter Sessions (THE SLURS)
(2019, Independente)
Demorou dois anos a fazer este Shatter Sessions, disco de estreia dos The Slurs. Mas nem se percebe bem porque, uma vez que a maioria das músicas são demasiadamente básicas. O que este coletivo de veteranos da cena rockeira de Milwaukee quis fazer foi um disco de rock ‘n’ roll direto da forma como estes discos devem ser feitos – barulhentos e sleazy, na linha de The Stooges, MC5 ou AC/DC. OK, Shatter Sessions é barulhento e sleazy, e mostra muita influência a vir diretamente do punk rock, mas está a anos luz dos nomes citados. Bem, de facto, nem era expectável que se aproximassem desses monstros sagrados, mas a realidade é que a esta coleção de temas falta tanto em consistência como o que sobra em atitude. [60%]


Pulse (BLOOD RED SAINTS)
(2019, AOR Heaven)
Pulse é o terceiro trabalho dos Blood Red Saints e mostra-nos uma banda com uma atitude de modernizar o seu som, mantendo, todavia, a sua capacidade criar coros catchy. Uma tentativa de ultrapassar os limites estabelecidos pelo seu melodic rock dos álbuns anteriores, mesmo que ainda exista aquela piscadela de olhos às ondas radiofónicas, nomeadamente em Cross To Bear e Crash Into Me. Por outro lado, é numa faixa como I’m Your Devil onde se mostra mais poder e a atitude áspera próxima do punk. Pulse é um disco para o qual todos os elementos dos Blood Red Saints contribuíram, abordando aspetos que, de alguma forma, os afetaram no passado, mas sempre com uma atitude de positivismo. [67%]


Son Of Daedalus (INÊS PIMENTA)
(2018, Sintoma Records)
Em tons de jazz, assumida até pela sua formação musical, Inês Pimenta lança o EP Son Of Daedalus. Das experiências anteriores com os Fumaça Preta, Sequin e Joana Barra Vaz traz outras sonoridades que mistura no seu jazz – os aromas do Brasil e até a progressividade do rock. Son Of Daedalus traz apenas três temas – o suficiente para neles percebermos a beleza da sua voz harmoniosa e hipnotizante que navega sobre pianos sublimes e uma secção rítmica com grande criatividade na sua execução. A vocalista, que chegou a experimentar outras andanças, como a arquitectura e o design, promete voltar em breve com mais músicas e com… diferentes abordagens! [77%]


Dance! (FREEDOM FUEL)
(2019, Secret Entertainment)
O trio formado por Teemu Holttinen (vocais e guitarras), Henri Fagerholm (baixo) e Sami Ojala (bateria) – os Freedom Fuel - regressa dois anos depois da estreia com Happy People. E se na altura escrevíamos que este era um coletivo praticante de um rock bastante eclético, a verdade é que essa costela não se alterou. Por isso, Dance! é mais que um convite à dança. É um convite a uma agradável viagem pelo blues, rock, garage e até pelo cabaret, com esse sensacional solo de acordeão em System Fail. Claro que por vezes, tanto ecletismo acarreta alguns riscos. E os finlandeses sabem isso, mas mesmo assim teimam em ser arrojados. Em Dance! o resultado acaba por ser, também, algum desnivelamento entre o nível de qualidade das canções apresentadas. [72%]


Back (STEELWINGS)
(2019, Sliptrick Records)
Os Steelwings são suecos e transportam a bandeira do hard rock (em boa verdade, também de algum heavy metal!) dos anos 80. De forma descomprometida, Back apresenta doze temas que mantém a vide dos anos 80 – muito arena rock e algum hair metal – com uma produção atualizada mas não muito polida. Em doze temas o coletivo apresenta diferentes abordagens o que os leva a variar entre alguns temas muito bem conseguidos e outros claramente menos interessantes. A audição é fácil, embora por vezes a tendência para esticar demasiado os temas origine alguma saturação. Aliás, se a referência são os anos 80, não tem cabimento construir um álbum com 58 minutos. Claramente um exagero que acaba por se repercutir numa significativa redução do interesse a partir de certa altura. [69%]

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