Reviews: Março (I)


Gammagelu (NEGATIVE WALL)
(2019, Black Doomba Records)
Começa muito bem este Gammagelu, disco de estreia do power trio Negative Wall, com a faixa Imperii Exsules (Galacatic Viatores), num registo doom de grande clarividência. Mas, rapidamente o trio americano prova que trabalhar pouco não origina grandes resultados. Gammagelu foi gravado em apenas sete dias e após apenas outros sete dias de ensaios. Neste período conseguiram criar um grande tema, a tal abertura, e mais nada. Porque os restantes três momentos presentes nesta estreia vão em queda livre num conjunto de registos bizarros e sem nexo. Que só volta a melhorar ligeiramente na versão Torquemada 71 dos Electric Wizard. Um disco tão curto deveria ser, obrigatoriamente, melhor, mas a confiança apenas na inspiração não resultou. [60%]


We Are Just As Welcome As Holy Water In Satan’s Drink (PSYCHOPUNCH)
(2019, Massacre Records)
Desde 1999 que o rock ‘n’ roll não é mesmo. Nessa altura uns novatos suecos de nome Psychopunch lançavam We Are Just As Welcome As Holy Water In Satan’s Drink – álbum com um nome quase tão comprido como a sua duração – uma coleção de temas barulhentos, sujos e decadentes. E os fãs dos Motörhead agradeciam a vinda de mais um nome a juntar à sua horda! Passaram vinte anos e a Massacre Records proporciona a reedição desse influente álbum adicionado de um segundo CD com um conjunto de temas regravados e outros novos. Claro que a piada que teve à 20 anos perdeu alguma da sua graça e a adição do segundo CD revela-se uma obra destinada apenas aos verdadeiros fãs da banda – que são muitos e que merecem esta prenda. [66%]


Day Of The Gusano – Live In Mexico (SLIPKNOT)
(2017, Eagle Vision/Universal Music Group)
O Carnaval de horrores conhecido como Knotfest, cortesia daquela que deverá ser uma das mais violentas bandas de metal, os Slipknot, chegou à Cidade do México onde foram gravados estes 17 temas num caos total. Os nove mascarados de Iowa não o fazem por menos, nem deixam ninguém indiferente à sua passagem e também não pretendem enganar ninguém – são maus, agressivos, violentos e porcos. O público delira com isso, mas para nós, a sua música, que é afinal o que mais interessa, continua a deixar muito a desejar. Não basta ser violento e agressivo e dizer um chorrilho de palavrões que torna a música aceitável. Isso não aconteceu neste sétimo Knotfest que decorreu em dezembro de 2015, com o registo a ler lançado em 2017. Mas os fãs mexicanos deliraram e uma coisa é certa – entrega e atitude em palco não faltam aos americanos. [61%]


Kindred – Act I (RED CAIN)
(2019, Independente)
Grandes riffs e melodias épicas colocam Kindred – Act I algures entre os Avatar, os Kamelot, os Symphony X e Marylin Manson. Pode parecer uma mistura explosiva e estranha entre estilos, mas é isso mesmo que os canadianos conseguem neste seu disco. Uma força intensa de headbanging que, mesmo assim, consegue deixar espaço para a utilização de diferentes recursos estilísticos. O que se vem a repercutir num conjunto de temas que mostram um metal progressivo bem estruturado, abrangente, eclético e claramente orientado para o futuro indicando por onde deve seguir este subgénero. [73%]


Epidemic Of Mass Hysteria (PLAINED)
(2019, Independente)
Influenciados por bandas como Opeth, Devin Townsend ou Tool, os Plained são um duo que chega da Dinamarca e que se estreia com Epidemic Of Mass Hysteria. Naturalmente já se percebeu que o seu campo de eleição é o metal progressivo, aqui apresentado em apenas cinco temas medianamente longos, que diferem ligeiramente do estilo base por ter uma dose de groove mais acentuada e ter uma forte orientação para riffs. De resto, é um trabalho com as necessárias progressões, variações e dinâmicas que se revelam bastante evoluídas no instrumental tema final. [72%]

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