Reviews: Março (III)


Destination Void (WOLF COUNSEL)
(2019, Endless Winter)
A ideia já fervilhava desde 1990, mas só se concretizou em 2014, quando dois veteranos amantes das distorções graves e dos riffs monumentais do doom se juntaram na forma de Wolf Counsel. E depois de três álbuns, com a curiosidade de todos terem sete temas e de cobrirem a diversidade de ramificações do género, surge Destination Void, o quarto e mais recente trabalho. Um trabalho escrito em apenas 4 meses – pouco tempo dirão alguns; o suficiente, dirão outros. Mas o resultado fala por si – Destination Void, novamente com sete temas, não deslustra o doom, mas também nunca chega a ser efusivo (seja lá o que isso signifique neste género lento, sofrido e melancólico!). Queremos dizer que nos melhores momentos, com a banda a aproximar-se dos Candlemass, ainda há alguma substância. Nos restantes fica a ideia de algo feito um pouco à pressa. Como de facto, foi. [64%]


The Wraith Uncrowned (A DREAM OF POE)
(2019, Independente)
Desde 2005 que Miguel Santos tem insistido no seu projeto A Dream Of Poe. Primeiramente em S. Miguel, depois em Londres e mais recentemente em Edinburgo. E embora as verdes paisagens escocesas até sejam mais parecidas com as verdes paisagens açoreanas, o seu projeto tem mantido a mesma intensidade mas numa outra cor – o negro. The Wraith Uncrowned é a sua mais recente proposta, trabalhando conjuntamente com o letrista Paulo Pacheco (apesar de The Spirits Of The Dead trazer uma letra de Edgar Alan Poe) e contando com um conjunto de músicos convidados. The Wraith Uncrowned é um disco que até começa de forma algo confusa, mas que vai melhorando até terminar com a emocional Eulogy For The Weary. Os vocais limpos e coros têm, agora, uma maior preponderância e as partes doom estão menos exuberantes, dando mais espaço ao gótico, com teclados muito atmosféricos, ao épico e até a algumas doses de pagan.  [71%]


Deathwatch (THE ROYAL)
(2019, Long Branch Records/SPV)
Os The Royal continuam a explorar as diferentes abordagens do atual metal e com Deathwatch mudam o registo que haviam apresentado em Seven. Se, no anterior álbum, a banda holandesa primou pelos riffs catchy, nesta nova proposta assenta a sua sonoridade na brutalidade enegrecida do metalcore. Desta abordagem resulta um conjunto de temas agressivos com riffs pouco dados a melodias, breakdowns violentos e exploração de diversos tipos de ambientes sonoros sinistros.  Parece que o quinteto se debruçou sobre estes temas quando andava em tour e o resultado pode surpreender os menos incautos. Muita da emoção anda arredada destas peças destruidoras, o mesmo acontecendo com a musicalidade e as harmonias. Devastação pura e sem nexo é o resultado num disco que só deverá agradar aos fãs do género. [52%]


Reflections (DEVICIOUS)
(2019, Metalapolis Records)
Escassos sete meses após a estreia Never Say Never os DeVicious lançam mais um álbum – Reflections. E este é um disco que, claramente, reflete a falta de uma estratégia e que é penalizado pela pressa. Nada acrescenta em relação ao anterior trabalho e, ainda por cima, de uma maneira geral, traz um conjunto de temas demasiadamente semelhantes, com pouco dinamismo e ainda mais raras variações. Naturalmente, Reflections tem algumas melodias catchy e riffs com o adequado balanceamento, mas terminada audição do álbum, nada resta a não ser a sobredosagem de teclados. [67%]


A Portrait Of Memories (WALLS OF BABYLON)
(2019, Revalve Records)
O segundo álbum dos Walls Of Babylon não promete muito à entrada. Mas, afinal o que se passa com A Portrait Of Memories é, precisamente, o contrário do que muitas bandas novas têm apresentado ultimamente. Normalmente, a aberturas bombásticas sucedem-se álbuns monótonos, sendo que isso acontece a muitos dos atuais lançamentos incluídos neta nova abordagem ao power/prog metal. Os Walls Of Babylon fazem ao contrário: começam mal e desde Oblivion até My Heaven é (quase) sempre a crescer. E isso, muito por culpa de um emocional trabalho de guitarra que acaba por contagiar toda a composição e de algumas linhas de baixo com alguma complexidade, mas sempre muito perceptíveis. Assim, este sucessor de The Dark Embrace acaba por mostrar uma banda que continua o seu processo evolutivo. [70%]

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