Scavenger (HOIA)
(2019,
Independente)
Não
deixa de ser estranho ver Prateek
Rajagopal, virtuoso guitarrista dos death
metallers Gutslit abraçar este
projeto com Colin Edwin dos Porcupine Tree. Scavenger é o disco de estreia deste coletivo batizado de Hoia e, para além de todas as
expetativas, revela-se um disco de um estranho experimentalismo e avant-gard. Bem, a verdade é que
Rajagopal tem múltiplos interesses que vão desde o citado death metal à composição para filmes, passando pelo prog metal no seu outro projeto The Minerva Conduct. Mas no que diz
respeito a Scavenger, álbum de
estreia depois de dois EP’s, este mostra-se sofisticado, é certo, mas de
difícil perceção e acompanhamento. Muitos samples,
sintetizadores e manipulação sonora são utilizados, embora nunca abafando o
espaço que é deixado para os dedos mostrarem o que sabem quando chega a vez dos
instrumentos orgânicos – guitarra (elétrica e acústica, piano e cordas. [66%]
Total Stranger
(TOTAL STRANGER)
(2019, Lions
Pride Music)
Corria
o ano de 1997 quando a editora Bareknuckle
lançava a estreia homónima dos Total
Stranger. E apesar do nome, a sonoridade que aqui estava presente não era,
de todo, estranha. Influenciados por nomes como Survivor, Foreigner e Bryan Adams, esta estreia passou um
pouco ao lado dos lançamentos. Um sucessor, Obsession,
passados cinco anos ainda mais fraco esteve na origem do fim da banda. Agora é
a Lions Pride Music que promove a
reedição da estreia. E, pelo menos a atender pela versão quê nos foi facultada,
sem qualquer tipo de extra. O que é pena, pois se a primeira versão poucos
motivos de interesse tinha, a não ser para quem gosta apenas deste tipo de
sonoridade, 22 anos depois o interesse diminuto mantêm-se, ou é ainda menor,
face à qualidade de alguns lançamentos atuais. [63%]
Pêra Doce (BOM
MARIDO)
(2019,
Independente)
Depois
do Cartaxo, veio Lisboa. E depois de quatro temas em Sigo o Caminho Mais Calmo, surgem mais oito em Pêra Doce, novo registo dos Bom
Marido. Tudo termos curiosos para um coletivo curioso. E acreditem que a
viagem deste novo trabalho não é pera
doce. O coletivo sabe como dosear as suas diversas influências que partindo
do rock só param em quase todos os
seus derivados – indie, experimental,
minimalista, psicadélico, alternativo, alguma eletrónica e até tons de fado. Há
aqui algumas boas ideias que necessitariam de um processo de maturação,
eventualmente, mais alargado, por forma a delas se retirar todo o potencial. Mas,
ficam as sementes que a breve trecho provavelmente virão a dar frutos com uma
polpa mais consistente. [65%]
Finalmente (XAVE)
(2019,
Universal Music)
Já
conhecíamos Rodrigo Guedes de Carvalho
como jornalista e como escritor. A nova descoberta é a sua entrada no mundo da
música. Com Ruben Alves e Isabelinha (Isabel Costa de Sousa) surge o projeto Xave, que acaba por ser a chave que abriu a possibilidade de
concretização dos sonhos de miúdo de Rodrigo, responsável por todas as letras e
composições musicais. Por isso, Finalmente
traz catorze escritos/poemas (todos em português, com exceção do tema final, La Locura) do jornalista, musicados em
tons de fado, da jazz, de cantautor e que por vezes, de forma algo
inesperada, diríamos, se eletrifica com alguns solos de guitarra de belíssimo
efeito. Finalmente acaba por ser uma
enorme revelação de um Rodrigo Guedes de
Carvalho que, para além da já conhecida qualidade como escritor, mostra ter
ideias musicais muito bem definidas. [83%]
Are You Open?
(SETH WALKER)
(2019, Royal
Potato Family)
Depois
do muito bom Gotta Get Back já
passaram dois anos e o blues rocker
americano Seth Walker já tem um
sucessor. Chama-se Are You Open? e
traz mais um conjunto de 10 canções curtas que no seu total pouco passam da
meia hora. Numa altura em que tanto criticamos o excessivo comprimento dos
álbuns, é de enaltecer alguém que percebe a velocidade dos tempos atuais, a
quantidade de música emergente e a reduzida probabilidade de um álbum longo ser
totalmente ouvido e absorvido. Aí Seth
Walker ganha pontos. Mas, depois, acaba por perder porque Are You Open? é um disco muito mais
desinspirado do que tinha sido Gotta Get
Back. É um disco que nunca chega a ser emocionante nem empolgante. É um
disco limitado e com poucos momentos capazes de surpreender. Mesmo que a linha
estilística se mantenha – continua a haver por aqui passagens pelo rhythm & blues, folk, delta blues, reggae – fica sempre a sensação que algo
está em falta. [62%]
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