Reviews: Abril (V)


Enigmatic Rites (ALBEZ DUZ)
(2019, Listenable Records)
Aquilo que começou um projeto paralelo de um membro apenas – Eugene Herbst, dos Dies Ater – já se transformou numa banda estabelecida, os Albez Duz, que entre 2009 e 2016 lançaram três álbuns e que se preparam agora, para regressar aos originais com Enigmatic Rites. O quarteto alemão apresenta sete novos temas (sendo que a última faixa, Only Lies, apenas está presente na versão em CD), de um doom metal que começa bem, com pontuais aproximações aos Candlemass, mas que se vai deteriorando à medida que o álbum avança. E isso, essencialmente por culpa de uma excessiva costela experimental e por uma desadequada entrada por campos de sludge. Sendo certo que a banda diz que pratica occult doom e que, portanto, as atmosferas místicas e rituais fazem parte do cardápio, a verdade é que já ouvimos melhor, mesmo vindo do mesmo coletivo. [61%]


A New Plague (CHEMICAL CITY REBELS)
(2019, Independente)
A New Plague é o disco de estreia dos Chemical City Rebels, banda do Louisiana, normalmente caraterizada pelo seu estilo de stoner pop punk. Porquê? Porque às guitarras tipicamente sulistas, o coletivo junta linhas vocais que se aproximam do pop e, por vezes, endurecem a sua atitude, assumindo-se como punk. No fundo, uma mistura na qual os Chemical City Rebels não se podem orgulhar muito, porque acabam por não ser verdadeiramente bons em nenhum dos campos. A New Plague é um disco sem garra, sem atitude e sem canções que sejam memoráveis. As influências vão de Hot Water Music até aos Queens Of The Stone Age, passando pelos Type O Negative e Nirvana e os diehard fãs deste estilo poderão encontrar algum interesse nesta nova praga. Para os restantes é um trabalho que, certamente, passará completamente ao lado. [56%]


Alive (MIKE MACHINE)
(2019, AOR Heaven)
O projeto Mike Machine nasceu da ideia de Michael Löfqvist, vocalista e principal compositor dos power metallers Cryonic. Mas, Alive, o primeiro álbum do coletivo (depois do EP do ano de 2017), está muito longe dos seus antecessores. O power metal deu lugar a um glam/sleaze rock e a verdade é que a inspiração para fazer grandes malhas, também se desvaneceu um pouco. De facto, metade do álbum vive dessa vertente glam açucarada mas pouco efusiva. E só a partir de Fireball, a coisa começa a aquecer, parecendo que a banda, de repente, sentiu necessidade da adrenalina do power. Melhora para o fim este Alive, mas já não vai a tempo de salvar o disco. [68%]


Cryptic Visions (ALLAGASH)
(2019, Independente)
A história dos Allagash começa no Canadá quando três amigos criam um projeto paralelo baseado em factos alienígenas e episódios misteriosos por resolver. E a realidade é que este jovem coletivo, em breve, estaria a partilhar os palcos com os gingantes Voivod e Anvil. Depois desse sucesso, a banda chega ao seu terceiro álbum, Cryptic Visions, sem o seu baixista original (Hawk Emblem saiu e foi substituído por The Harvester) e com um conjunto de canções totalmente escritas em estúdio. Oito temas poderosos, com linhas de baixo complexas e um trabalho vocal peculiar, num metal que tanto tem de tradicional como de estranho – eventualmente resquícios daqueles episódios misteriosos por resolver - e que termina com um épico instrumental. De qualquer forma, este Cryptic Visions ainda denota alguma inconsistência e pouca coesão. [64%]


Legend Master (TROLL)
(2019, Shadow Kingdom Records)
Depois do álbum homónimo ter tido uma reedição, os Troll, banda que assume as claras influências da cena doom de Portland, regressa com um novo disco com poucas, mas longas, canções, como é tradição. E este Legend Master era aguardado com muita expetativa porque traz o primeiro material escrito desde 2015. E bom, o que se pode dizer é o seu título não está lá muito bem colocado, porque Legend Master não é um mestre nem se tornará uma lenda no seu estilo. Claro que a banda não foge ao seu doom impregnado de stoner. Os rimos lentos sucedem-se, há algumas boas melodias e até, aqui e ali, se arrisca uns arranjos mais sofisticados. O problema é que quando o disco acaba já não há grande vontade de o voltar a por a tocar. E isso não costuma ser bom sinal…  [68%]

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