Reviews: Maio (II)


Warlust (BLACK MASS)
(2019, Iron Shield Records)
Nascidos em 2012 em Boston o power trio Black Mass procura atingir muitas vertentes e acaba por não ser bom em nenhuma. Desde o thrash dos Slayer, ao rock ‘n’ roll sujo e decadente dos Motörhead, passando pelo old school death metal de Morbid Angel e pelo black metal escandinavo de uns Darkthrone, tudo se pode encontrar em Warlust, segundo registo da banda e sucessor da estreia de há quatro anos Ancient Scriptures. Um registo cru, duro, sólido e sem falinhas mansas, mas que muitas vezes se torna caótico e confuso. Um vocalista com um desempenho a atirar para o fraco também não ajuda nada. [65%]


Eye M God (SACRED SIN)
(2019, Lusitanian Metal)
Os Sacred Sin são um dos nomes mais importantes do metal nacional, sendo que o seu álbum, já considerado um clássico, Eye M God de 1995 (edição da Dinamite Records) merece uma reverência especial quando se trata de death metal. Foi aqui que o coletivo lisboeta sublinhou todo o seu poder e técnica num disco, ainda hoje, atual e pertinente. Após quase um quarto de século surge a sua reedição, em formato vinil, levada a cabo pela Lusitanian Music. O quinteto composto por José Costa, Tó Pica, Carlos Caseiro, Quito Nishal e Nuno pode não ter tido, na altura, noção da qualidade da obra que apresentou, mas agora, passado o teste do tempo, percebe-se que Eye M God era um disco com uma qualidade e muito à frente do seu tempo. Esta reedição, com uma nova capa, permite que as novas gerações tomem contacto com um dos nomes maiores da nossa cena metaleira, enquanto que as mais velhas têm a oportunidade de adquirir uma obra fundamental da história do metal português.   [80%]


Revived – Standing For Jesus (XT)
(2019, Talking Music)
Os XT fazem parte daquela longa lista de bandas que nos anos 90 foi completamente atropelada pelo grunge. Terminaram para voltar mais fortes em 2017 com Saved By The Blood ao qual se sucede Revived – Standing For Jesus, o seu quinto disco de estúdio. Bom, a verdade é que este não é um álbum de canções novas. É uma coleção das melhores faixas dos primeiros três álbuns (a fase antes de terem encerrado funções) agora regravadas com o atual line-up. Novo na banda, desde Saved By The Blood, é o baterista Thomas Weinesjö. Hard rock melódico, forte, dinâmico e altamente energético com o Hammond a levar-nos para os Deep Purple e os coros e arranjos para Nikolo Kotzev’s Nostradamus faz com que estes temas se continuem a ouvir muito bem. [78%]


Interstice (KNEEL)
(2019, Pulmonary Records)
Kneel é o projeto a solo do multi-instrumentista Pedro Mau (Kneeldown e Wells Valley) que em 2013, com a ajuda do vocalista Filipe Correia (Concealment e também Wells Valley) lançou o álbum Interstice. Neste registo, Pedro Mau assumiu todas as despesas – composição, guitarras, baixo, bateria, produção e mistura. Só mesmo os vocais foram entregues a Filipe Correia. Passaram seis anos e agora é a vez da Pumonary Records proceder à reedição desta obra, apresentando uma versão atualizada, com nova capa e novas misturas e masterizações. Visceral, eletrizante e verdadeiramente bone-breaker, o impacto do thrash/hardcore/mathcore dos Kneel está, agora, ainda mais forte. Para quem não tem medo de sons verdadeiramente acutilantes onde as fórmulas ficam de fora, embora se fique sem perceber muito bem qual o interesse em reeditar uma obra originalmente lançada há apenas seis anos. [60%]


Gain (KAMION)
(2019, Black Lodge Records)
Já imaginaram o que é serem atropelados por um camião? Pois deve ser semelhante a ouvir a meia hora de Gain, álbum de estreia dos Kamion, banda italiana. The Reaper é a faixa de abertura com pouco mais de dois minutos que parece durar uma eternidade. Nada há ali de interesse. Mas se conseguirem passar esse obstáculo (e o seguinte, Another God), os Kamion até melhoram e têm um par de temas muito bons em Queen Of Hate e Home. Mas, a pouco e pouco, vão regressando os riffs absurdos e as canções sem nexo. Os Kamion juntam heavy metal, thrash metal e groove metal e em resumo diremos que são muito bons na faceta heavy metal (deveriam concentrar-se aí), razoáveis no thrash e fraquinhos no groove. [58%]

Comentários