Entrevista: Dreamslave


A Massacre Records traz a uma nova e alargada audiência um disco quase esquecido lançado há quatro anos. Rest In Phantasy foi a estreia dos Dreamslave, banda francesa que, na altura, decidiu avançar sozinha e até nem se saiu muito mal, chegando a fazer uma tour pela Europa. Agora a label alemã decidiu apostar neles e a primeiro ação é reeditar o seu brilhante disco. De que forma? O teclista e vocalista Peter Gothilainen explica tudo.

Olá Peter, obrigado pela disponibilidade! Três anos após a primeira edição deste álbum chegam à família Massacre Records. Podes falar-nos do vosso trajeto entre a primeira e a segunda ediçao de Rest In Phantasy?
Na vida real, raramente os planetas estão alinhados no tempo certo, mas deves manter-te sempre num movimento para a frente. Em 2015, a banda escolheu lançar o primeiro álbum Rest In Phantasy sem uma editora, mas com o objetivo de ser visto e isso funcionou. Permitiu-nos andar em tournée pela Europa em 2016, lançamos o video para Torment em 2017 e finalmente em 2018, tivemos a oportunidade de iniciar a nossa colaboração com a Massacre Records. Foi este o trajeto entre o primeiro e o segundo lançamento, em 2019.

Este novo lançamento através da Massacre expõe-vos a um público maior. Já sentem isso?
Sim, claro! Rest In Phantasy tem, agora, um novo caminho com um destino internacional. Esta é uma ótima notícia para este álbum, mas também para a banda. Sabes como é, colocamos neste disco todo o nosso amor, paixão e energia. Temos trabalhado com orçamentos muito menores comparativamente com algumas bandas de mesmo estilo. Por exemplo, o orçamento de Rest In Phantasy é quase 100 vezes menor do que o Dark Passion Play dos Nightwish. E, modestamente, acho que esse álbum tem um enorme potencial.

Rest In Phantasy versão 2019 é exatamente a mesma que a primeiro edição ou alteraram alguma coisa?
A nova versão de Rest In Phantasy permitiu-me redescobrir o nosso trabalho e fazer algumas alterações. Acho que foi bom ter um visual mais maduro neste primeiro álbum. Sobre o visual, mesmo que não pareça à primeira vista, refiz tudo, a capa e o booklet. A respeito dos áudios, inicialmente pensei que poderíamos ter que fazer todo o álbum novamente. Eu sou extremamente perfecionista e vejo apenas as partes que poderiam ser melhoradas... Felizmente, não mudamos nada nas músicas, e isso terá permitido preservar a inocência deste primeiro álbum, que nunca mais vamos encontrar...

Como aparece o nome Rest In Phantasy - às vezes conhecido como RIP?
Acho que na fantasia, tudo ainda é possível, os dados ainda não foram descartados, todos os sonhos, desejos, a doce loucura ainda são possíveis... Deixa a esperança e a paz para o outro lado. Talvez seja também porque a fantasia é uma forma de inocência, uma das partes centrais de um primeiro álbum, como uma nova flor fresca a florescer num jardim antigo.

Para cada música têm diferentes abordagens e diferentes influências. Até parece que cada música é uma fotografia. Podes escolher algumas dessas fotografia e explicá-las?
Exatamente, é verdade! Eu penso em fotos. Sinto-me como um viajante que tira imagens mentais das coisas que capturam a minha atenção e que me inspiram a escrever novas músicas, sem limitações no que diz respeito a temas ou géneros. Acho que a diversidade é uma grande parte de mim, o que se reflete na minha música. Em Rest In Phantasy, há várias faixas influenciadas pelo ambiente cinematográfico como Masquerade por Blade, The Dark Crusade pelo Senhor dos Anéis, Pirate’s Hymn pelo Piratas das Caraíbas e Angel Requiem, por The City Of Angel. A canção Wishes Of Revenge é influenciada pelos contos de Arabian Nights, The Vinland Saga por uma das épicas viagens Viking e Torments fala de loucura enquanto flirta com a escuridão de Lovecraft. Outros títulos são mais pessoais, como End Of Innocence, Doomsday ou Eternitears que falam respetivamente sobre a amizade perdida, a redenção e o desaparecimento de um ente querido que deve ser deixado de lado. Mas, quaisquer que sejam as influências, eu escrevo sempre música com o coração...

Têm, ainda, duas músicas baseadas nas criações de Mozart. Como foi o vosso processo criativo nestes casos?
Mozart é um génio. Como muitos outros compositores de música clássica, as suas obras sempre exerceram sobre mim um verdadeiro fascínio. Em particular o requiem Dies Irae e a ópera A Rainha da Noite. No primeiro álbum, quis, mais do que uma homenagem a Mozart, oferecer a minha maneira de pensar a música metal orquestral. Claro, é sempre muito delicado criar a dose certa e encontrar uma nova forma de harmonia, mas também é um desafio que adoro. E para ser honesto, acho que, para mim, a música é a mais íntima e intituitiva linguagem.

Em que fase está a preparação de um successor de Rest In Phantasy?
Nós temos muitos projetos. Iremos, novamente, em tournée pela Europa para tocar Rest In Phantasy. Terminar a produção do segundo álbum, claro, mas também gravar uma versão acústica completa de Rest In Phantasy. E, finalmente filmar novos videoclipes... Um futuro muito emocionante! Muito obrigado Pedro, vemo-nos em breve na web ou na estrada... e Rest In Phantasy!

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