Reviews: Julho (I)


Drowned By Humanity (DESERTED FEAR)
(2019, Century Media Records)
O death metal alemão não é conhecido por ser particularmente forte, mas estes Deserted Fear já cá andam desde 2007 e com Drowned By Humanity atingem a simpática marca de quatro álbuns de originais. Nunca nenhum deles foi considerado marcante para o género e também não será este, embora Drowned By Humanity mostre algum potencial, com algumas faixas com um atrativo trabalho de guitarra e linhas melódicas interessantes. A amálgama de death metal melódico com apontamentos de thrash acrescenta algum interesse, que acabam por se ir perdendo ao longo do disco face à incapacidade da banda de introduzir uma coisa chamada variabilidade. Um disco que, desta forma, se vai tornando repetitivo mas que pode ser indicado para quem procura alternativas (não muito diferenciadas!) aos At The Gates ou Amon Amarth. [68%]


Trauma (TOMMY CONCRETE)
(2019, Howling Invocations)
Menos de um ano depois do lançamento de Unrelaxed, o multi-instrumentista escocês Tommy Concrete apresenta Trauma, um EP de três temas que vêm diretamente das sessões de gravação desse álbum. Portanto o que aqui temos é, basicamente, um pequeno continuum de Unrelaxed com menos de um quarto de hora de metal progressivo e altamente esquizofrénico. O músico que já passou pelos lendários The Exploited, bem como pelo trio doom Jackal-Headed Guard Of The Dead, explora muito bem essa vertente progressiva de um metal com bastante agressividade, onde se notam influências quer de Ihsahn quer de coletivos mais avantgard como Arcturus. Eclético, operático, metálico e punkster, Trauma só perde porque não havia necessidade de fazer um lançamento em separado apenas com três temas. [69%]


Witchpricker (CULLODEN)
(2019, Heathen Tribes Records)
Witchpricker é o primeiro disco, em formato EP de 4 temas dos Culloden e tinha sido, originalmente, lançado em outubro do ano passado, de forma independente. Entretanto, a Heathen Tribes Records descobriu a obra e já este ano promove uma nova edição procurando abranger um público mais vasto. E sendo o primeiro trabalho há sempre coisas a melhorar, mas os Culloden têm muito a trabalhar, pelo menos no aspeto vocal onde há demasiadas deficiências. O seu estilo de heavy metal é influenciado por nomes como Venom, Satan, Spartan Warrior, Tysondog e Raven e se o instrumental apresenta alguns aspetos positivos, pelo menos ao nível dos solos e de algumas dinâmicas, vocalmente é um desastre completo. [58%]


Metal Fire (METALL)
(2019, Iron Shield Records)
Em 1982 o Muro de Berlim ainda não tinha caído, por isso não devia ser fácil haver uma banda de heavy metal na então RDA. Mas os Metall não se deixaram vencer pelo desânimo e juntaram-se, mesmo que o primeiro álbum só tenha surgido muito tempo depois da sua formação, em 2017. Claro que mudanças de nome e paragens pelo meio, não ajudaram a uma maior produção. Metal Heads foi o primeiro e agora, dois anos volvidos, surge Metal Fire. Sempre com a temática metaleira como base, este é um disco de metal puro e duro, que tanto tem de US metal como de teutonic metal. Dois temas sobressaem nesta nova proposta: Stay For A Night To Pray e Hold The Line. São eles que erguem bem alto a chama do heavy metal. Mas Metal Fire não traz muito mais fogo, ou pelo menos traz apenas pequenos fogachos ou fogo controlado. [68%]


The Time Of Miracles (THE TRIGGER)
(2019, Massacre Records)
Liderados pela vocalista Milena Brankovic e coadjuvados pelo guitarrista Dusan Svilokos, os sérvios The Trigger apresentam o seu primeiro álbum totalmente cantado em inglês, depois de uma década de álbuns lançados apenas no mercado interno. Guitarras muito pesadas e com uma afinação grave, linhas vocais com alguma sofisticação (pelo menos na parte feminina, porque a junção do tradicional a bela e o monstro soa igual a um milhão de bandas) e riffs fortes e sempre muito presentes, são as principais caraterísticas de The Time Of Miracles. Este é um álbum musical e liricamente inspirado no balanço entre os prazeres do mundo material e as necessidades espirituais da humanidade. O ponto forte situa-se na peça moderna de heavy rock que é What Have We Become, embora os sérvios frequentemente introduzam elementos de prog rock e sonoridades eletrónicas. O resultado, no entanto, acaba por ser algo insipido, com os The Trigger a não conseguirem demarcar-se de uma tonelada de bandas dentro do mesmo estilo, mostrando que, para eles, ainda não há milagres. [58%]

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