Entrevista: Black Horizon

Ativos há mais de duas décadas, os Black Horizon apresentam um reduzido pecúlio. Para além de demos e EP’s, Dark Light é apenas o seu segundo longa duração e surge nove anos depois de The Choice. Mas os problemas que têm afetado os franceses parecem não ter influenciado a sua veia criativa e por isso este novo registo é um disco de excelente qualidade. Estes e outros temas foram o mote para uma agradável conversa com o guitarrista Seb Crispino.

Olá Seb, obrigado pela disponibilidade e parabéns pelo vosso novo álbum Dark Light. Em primeiro lugar, podes apresentar a banda aos metalheads portugueses?
Obrigado Daniel! Somos uma banda de heavy metal francesa de Paris. Até hoje, lançámos duas demos (Did You Hear It? e The First Door), um EP T.I.M.E.  e dois álbuns, The Choice, em 2010 e obviamente, Dark Light este ano! No passado, participamos em algumas compilações francesas de metal (as músicas Prejudice em French Steel e Bastard em A Tombeau Ouvert - French Metal) e numa homenagem (a canção Le Pouvoir Sans La Gloire em Les Fils Des Loups) para a banda francesa de speed metal Killers. Tivemos muitos espetáculos na França, Bélgica e Rússia. Estamos orgulhosos de ter tocado com muitas bandas como Blaze Bailey, Paul Di’Anno, Skull Fist, Satan Joker, Mr Jack... Agora, pessoalmente, eu sou Seb Crispino, guitarrista dos Black Horizon. Fundei a banda com o meu irmão Dom, que toca baixo. Ele e eu estivemos sempre juntos desde o momento em que caímos no heavy metal (se bem me lembro, desde 1990...). Recrutamos Philip Fifi Strobel no início de 2000 como baterista e o Sr. Alex Puiseux como vocalista (ex-Stratageme) pouco antes de começarmos a gravar Dark Light.

Ora, Dark Light é lançado nove anos após The Choice. Por que demoraram tanto tempo entre esses lançamentos?
Depois do The Choice, começaram os problemas da formação: o nosso cantor Bruno decidiu seguir o seu próprio caminho. Passamos muito tempo a tentar encontrar um bom frontman, dando uma portunidade ao primeiro - que tecnicamente era muito bom, mas estava totalmente fora do nosso estado de espírito -, e outra oportunidade a outro que era totalmente o oposto – um ótima pessoa que precisava de um pouco mais de trabalho para alcançar o nosso objetivo comum. Fizemos espetáculos com os dois (e alguns deles foram momentos realmente memoráveis). Também gravámos algumas músicas de Dark Light com os dois, mas nunca ficamos suficientemente satisfeitos. Aí propusemos ao Alex que se juntasse aos Black Horizon. Foi uma evidência considerando a maneira como ele se comporta ao vivo e a maneira como canta! Acredita, quando não se tem apoio logístico é preciso energia e tempo para encontrar o bom!!

O vosso inicio não foi muito fácil. Quais foram as principais dificuldades?
Primeiro de tudo, para entender o contexto da criação da banda, começamos a tocar heavy metal com o meu irmão Dom e o meu melhor amigo Hervé nos anos 90. Em circunstâncias trágicas, Hervé cometeu suicídio. Após muitos meses de reflexão, decidimos continuar e honrar o seu nome. Escolhemos o nosso nome em memória dele, usando suas iniciais B e H. Depois de muitas mudanças na formação, conseguimos criar uma banda de verdade, não apenas musicalmente, mas com fortes conexões em termos humanos! Depois, foi uma questão de trabalho duro.

A verdade é que já nasceram em 1998, embora este seja apenas o vosso segundo álbum. O que aconteceu durante esse longo período de tempo?
Alguns meses após o lançamento da nossa primeira demo Did You Heart It?, o Philip juntou-se a nós e começamos a ensaiar e a compor com afinco. Com essa formação, ficou evidente que éramos uma banda real, não apenas uma forma musical. Desde essa altura trabalhamos arduamente para nos orgulharmos da nossa música. Só gravamos o nosso primeiro álbum, The Choice, quando considerámos que estávamos prontos. Antes desse álbum, lançamos muitas demos e EPs. Todos esses passos foram necessários para crescer e apresentar uma produção decente, que pudessemos defender, independentemente do que as pessoas pudessem pensar! Fizemos um progresso sólido, foi o momento para concretizarmos o nosso passado. Precisamos gravar The Choice, o nosso primeiro álbum, para seguir em frente. Mas não tivemos muita sorte com ele, considerando que a editora que assinou connosco faliu alguns meses após o lançamento do álbum. E depois tivemos que enfrentar os problemas de formação, como já falamos. Acredita, precisamos manter a fé!!!

No álbum contam com dois convidados importantes: Blaze Bailey e Andy Kuntz. Como se proporcionaram estas participações?
Conhecemos Blaze há aproximadamente 7 anos. Conhecemo-lo durante uma das suas tours, em que abrimos para a sua banda. Ele é incrível e rapidamente simpatizamos com ele. Desde esse dia, tocamos com ele em outros três espetáculos na França e na Bélgica. Quando entramos em contato com Blaze para pedir que ele emprestasse a sua voz a uma das nossas novas músicas, ele imediatamente disse "OK, manda-me a faixa". Algumas semanas depois, estávamos juntos no Les Studios de la Seine, aqui em Paris, a gravar Walking Near To Me com toda a paixão e o envolvimento que carateriza Blaze! No final do dia, fizemos um churrasco com o próprio Blaze Bailey! Acreditas? Em relação a Andy, a história começa com um encontro perigoso entre ele e o nosso baterista Philip. Philip e a sua esposa foram ver os Vanden Plas num espetáculo no leste de França e, por acaso, estavam hospedados no mesmo hotel. Nessa noite, entre bebidas e risadas, o Philip, que é um grande fã da voz de Andy, propôs que ele cantasse numa versão acústica da nossa balada Miles Away. Como Andy gostou da música, concordou em cantá-la. E fe-lo com muito sentimento e também envolvimento, propondo opções e imprimindo a sua personalidade forte a esta versão.

Quais são as vossa principais influências?
A respeito de mim e do meu irmão, começamos por ouvir Iron Maiden e não podemos negar isso, mesmo na forma como compomos a música... Acho que todos gostamos (ou amamos!) de Judas Priest, Helloween, Led Zeppelin, Accept, DIO e muitos mais ... Estás  a ver o que eu quero dizer? Também gosto de nomear Savatage como uma das minhas principais influências pessoais: para mim, eles eram geniais!

Como definirias Dark Light para os leitores que não vos conhecem?
Dark Light é um álbum de heavy metal no qual provavelmente encontrarás influências de algumas bandas mencionadas acima como Iron Maiden, Judas Priest, talvez Pantera ou Saxon... Foi composto num estilo direto e simples. Acho que te consegues lembrar das músicas na primeira vez que as ouves, mas encontrarás muitos detalhes quando o voltares a ouvir. E como gostamos de mudar de ideias, compusemos músicas ecléticas, de velocidade progressiva a barulhentas e pesadas, com pontes ambientais e atmosféricas e algumas surpresas... E por último, mas não menos importante, ouvirás a primeira balada que fizemos. Demos especial atenção à produção chamando Achim Koehler (Primal Fear, Edguy (ao vivo), Avantasia, Accept e muitos mais ...) para misturar e masterizar o LP. Ele tem uma ótima experiência e um toque muito especial. Dark Light é a segunda parte da história começada a contar no nosso primeiro álbum The Choice. Fala de um esquizofrénico que está totalmente perdido na sua mente e cuja obsessão é matar serial killers loucos (entendes o nosso nome agora?). Neste álbum, ele tenta desisitir e vai descobrir a razão pela qual ele caiu nessa orgia de violência, que vem do seu passado inconsciente...

Têm alguma coisa planeada para apresentar este álbum ao vivo?
Sim!!! O primeiro evento importante no qual participaremos para apresentar o Dark Light é o Mennecy Metal Fest, no sul de Paris. Terá lugar nos dias 13 e 14 de setembro. Este festival cresce ano após ano e os headliners deste ano são Septicflesh, Prong, Le Bal des Enragés e Les Tambours du Bronx. Todas as informações no Facebook. 

Para terminar, não teremos que esperar mais nove anos pelo próximo álbum, pois não (risos)?
Espero que não! Eu toco com estes velhos membros e não tenho a certeza que daqui a nove anos eles consigam tocar (risos). Agora a sério, apesar de todos os problemas que tivemos no passado, que não deverão acontecer novamente (eu cruzei os dedos!), falamos sobre maneiras diferentes de propor novas músicas o mais rápido possível. Talvez nós tentemos lançar novas músicas uma a uma com um suporte de vídeo cada vez que nos orgulharmos de uma faixa... Talvez não! De qualquer forma, faremos o nosso melhor!

Muito obrigado, Seb! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Sim! Estamos orgulhosos e honrados pelo teu interesse nos Black Horizon e agradecemos a tua entrevista e review! A nossa paixão e trabalho são recompensados! Informações: dentro de algumas semanas lançaremos o nosso primeiro videoclipe. Já podem ver e ouvir Obsession num visualizador no nosso facebook. Se apreciam Dark Light, não hesitem em nos contatar. A maneira mais fácil é através do facebook. Fifi ou eu responderemos. E se alguém estiver interessado em ajudar-nos a tocar no teu país, não hesitem em entrar em contato! Adoraríamos!!!



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