A acompanhar a estabilidade do line-up, surge a capacidade técnica e
criativa e a criação harmónica através da utilização de diferentes vocalistas o
que faz de Don’t Panic, o novo disco dos IZZ, um disco evoluído,
complexo e até arrojado. O nono álbum da banda desenvolve-se em torno da
flexibilidade instrumental de 42, um épico de mais de 18 minutos e
do instrumental Six String Theory. Dois temas que não podiam faltar
na conversa com o baixista, guitarrista e vocalista John Galgano.
Olá John, obrigado pela disponibilidade!
É caso para dizer que depois do sucesso com Everlasting Instant, vocês não
entraram em pânico, correto?
(Risos) Sim,
de facto! Depois de Everlasting Instant, fizemos uma pequena pausa
criativa como banda e acho que isso ajudou a trazer de volta a parte de
criatividade que temos como banda. Foi uma pausa necessária e acho que o novo
álbum tem uma energia renovada por causa disso.
De
qualquer forma, como surge um título como este?
O título é
retirado do livro The Hitchhiker’s
Guide to the Galaxy, de Douglas Adams. Estava a ler esse
livro enquanto escrevíamos a música para o álbum e Don´t Panic destacou-se
como um dos principais temas do livro. O número 42 também desempenha um
papel importante no livro, e assim tudo parecia encaixar e conectar-se. Mas, enquanto
o pensamento inicial por trás do título Don’t Panic foi a ligação ao livro
de Douglas Adams, também adquiriu outro significado quando estávamos a escrever
e a gravar o álbum. Vivemos num mundo onde obtemos tanta informação em tão
pouco tempo nas redes sociais e nos meios de comunicação e a maioria dessas
notícias parece ser uma má notícia. Por isso gostamos que o nosso título tenha
um pouco de brincadeira e capricho e deixe as pessoas saberem que podemos
escolher ficar calmos e sermos gentis uns com os outros, não é? Portanto, não
entrem em pânico - sejam gentis e tudo ficará bem.
Mas
desta vez tentam uma abordagem diferente. Menos canções, mas com uma música
épica de 18 minutos. Por que escolheram esta opção?
Para este
álbum, Tom (o meu irmão e nosso teclista) e eu escrevemos muito juntos, na
mesma sala. Para os álbuns anteriores, cada um tinha escrito separadamente,
trazendo, depois as músicas para o grupo. A abordagem que tivemos na composição
foi similar à que tivemos em I Move e The Darkened Room, mas
diferente dos dois últimos álbuns. E quando escrevemos na mesma sala juntos é
sempre mais interessante do que escrever sozinho. Quando começamos a compor a
peça de 18 minutos, 42, estávamos muito animados para explorar todos os
lugares onde a música poderia ir. Pensamos que queríamos tentar a nossa sorte
numa peça mais longa e descobriu-se que o que aconteceu foi o que saiu dessas
sessões de composição. Estou muito orgulhoso de 42 - acho que é uma das
músicas mais empolgantes e interessantes que já escrevemos. O facto de escrevermos
juntos, desde o zero, tornou as coisas mais interessantes e agradáveis para
nós e produziu um tipo diferente de álbum.
Entre
Everlasting Instant e Don’t Panic,
lançaram Ampersand Vol. 2. Foi uma compilação de material inédito,
certo?
Sim, estás
certo. Os membros da banda escrevem tantas músicas que nunca chegam aos álbuns
do IZZ. E usamos os volumes de Ampersand como um veículo para lançar
parte dessa música para que ela veja a luz do dia. Algumas dessas músicas são
realmente boas e estou feliz que elas estejam disponíveis para as pessoas ouvirem.
Também
tem havido projetos individuais, como o da vocalista Laura Meade. Outros
tiveram a mesma experiência ou está algo planeado?
Sim, no ano
passado lançamos o álbum a solo de Laura Meade, Remedium. Foi
muito bom e todos nós ficamos muito satisfeitos - e mereceu a aclamação. Acho
que é um excelente álbum musicalmente e especialmente, a nível vocal. Laura soa
tão bem nesse álbum! Estou muito orgulhoso do que a Laura fez e do que fizemos
juntos na produção do álbum. Paul Bremner (guitarra) lançou o seu
excelente álbum a solo, The Witness, em 2017. Quanto a futuros projetos a
solo, Laura Meade está a escrever novo material para o seu próximo
álbum, mas, além disso, os IZZ estão a caminho do estúdio para escrever o
nosso próximo álbum. Estamos a sentir alguma criatividade positiva entre os
membros da banda e queremos continuar a explorar isso.
Em
relação a Don’t Panic, como
foi o processo criativo? Sensivelmente o mesmo dos álbuns anteriores ou desta
vez tentaram algo diferente?
Sim, como
referi antes, foi um pouco diferente, porque Tom e eu escrevemos muitas músicas
juntos, começando praticamente do zero, para além de alguns riffs e ideias.
Esta abordagem foi muito diferente dos últimos álbuns. Atualmente, Tom e eu temos
mais tendência a escrever sozinhos, mas nos primórdios da banda, escrevíamos
muito em conjunto. Queríamos tentar de novo e ver se existia a mesma magia de
quando escrevíamos dessa maneira. E acho que descobrimos que, quando escrevemos
juntos, surge um som único. Algo que nunca poderíamos realizar sozinhos. Outra
forma em que a criação deste álbum foi diferente é que todos os outros membros
da banda - incluindo nomeadamente Laura Meade e Anmarie Byrnes –
estiveram fortemente envolvidas na escrita de harmonias e arranjos das partes
vocais. Quando as músicas estavam escritas, foram editadas e arranjadas por
toda a banda. Ou seja, a banda inteira teve uma grande participação na forma
como as misturas finais soam e acho que isso é evidente em quão diferente e
nova a música soa.
Este
álbum acaba por trazer, também, algumas coisas menos esperadas, como, por
exemplo, Six String Theory, por sinal, uma
peça muito bonita. Há muita dose de improvisação nesse tema?
Six String
Theory foi escrita por Paul Bremner, nosso
guitarrista, e nessa música não houve improvisação. Ele escreveu essa peça para
guitarra clássica e foi tudo escrito anteriormente. Naturalmente irei informar Paul
que gostas dessa faixa! Eu também a adoro. É incrivelmente bonita e quando ele a
tocou, pensei logo que tinha que estar neste álbum, logo após o 42. É a
música perfeita para aquele spot no álbum.
Como
decorreram essas aparições ao vivo no Terra
Incognita Festival no Quebec e no New Jersey Proghouse?
Os espetáculos
foram ótimos! Em ambos os eventos, os fãs foram incríveis e ficamos muito
felizes de poder apresentar 42 e Don't Panic num formato ao vivo
para o público. É muito fixe tocar estas músicas ao vivo. Também pudemos
apresentar uma grande variedade de músicas de todos os nossos álbuns, o que foi
muito fixe. Tocámos Late Night Salvation (do My River Flows) e Solid
Ground (do Crush Of Night), bem como uma boa parte do álbum I
Move, incluindo Coming Like Light. O Terra Incognita Festival
foi muito bem executado e os fãs são muito bons - foi a primeira vez que
tocamos as novas músicas e o público não poderia ter sido mais recetivo. E o New
Jersey Proghouse é como a nossa casa musical! Já lá tocamos há quase 20
anos! É sempre bom tocar lá e estar na frente da multidão da nossa cidade
natal.
O
que têm previsto para os próximos tempos? Há algo que possam avançar aos vossos
fás?
Basicamente estamos
a trabalhar em duas coisas: voltar a estúdio para começar a escrever o nosso
próximo álbum e, ao mesmo tempo, fazer o possível para levar os IZZ até
à Europa, pela primeira vez. É um sonho nosso há muitos anos e por isso estamos
empenhados em fazer isso acontecer o mais rápido possível. Gostaríamos de
apresentar a música do Don't Panic aos nossos fãs na Europa! Enquanto
isso, iremos tocar dentro de poucas semanas no ProgDay na Carolina do
Norte, nos EUA e em Long Island, Nova York, em outubro. Obrigado pela
entrevista!
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