O quinto
álbum dos Pristine continua a mostrar uma banda em evolução e a incluir
diversificados elementos na sua música, o que faz dos noruegueses um dos mais
criativos e interessantes projetos da atualidade. Fomos apanhar Heidi Solheim acabadinha
de chegar de um mês na estrada e a carregar baterias para um nova tour,
que se espere passe por Portugal. Com ela falamos de Road Back To Ruin e
ficamos a perceber como as belas auroras boreais do seu país acabaram por ser
uma inspiração para este disco.
Olá
Heidi! Novo álbum e a definitiva consagração do som dos Pristine, não concordas?
Olá Pedro!
Obrigada! Sim, sinto que encontramos o nosso novo caminho em Pristine.
Por
que Road Back To Ruin? Qual é a principal
mensagem deste título e desta coleção de músicas?
A razão pela
qual o álbum se chama Road Back To Ruin tem algo a ver com a forma como
vemos o mundo hoje. Acredito que grande parte da frustração e da tristeza que
sentimos quando olhamos para a sociedade de hoje e os valores que estão a crescer
influenciaram muita da nossa criatividade. Acho que a falta de generosidade e
empatia no mundo hoje, o crescimento de atitudes de extrema direita em todo o
mundo é assustador e, às vezes, opressivo. Quando adicionas questões relacionadas
com as alterações climáticas que muitas pessoas não vêem como a grande ameaça
que é, acho que estamos no caminho de volta à ruína.
Quando
começaste a trabalhar nestas novas músicas e durante quanto tempo?
Acho que comecei
a escrever a nova música no inverno de 2018, por volta de janeiro/fevereiro.
Sempre que vou escrever músicas novas para os Pristine, tenho esse
desejo e preciso viajar para a minha aldeia natal no norte da Noruega e os
melhores e mais criativos momentos para eu viajar para lá são desafiadores
quando é mais frio e mais escuro. Tem algo a ver com a solidão e os contrastes
e as surpreendentes auroras boreais, acho eu.
Desta
vez fizeste algo diferente no processo criativo - por exemplo, como surge essa
curta introdução em árabe, cortesia de Racha Rizk, na música Blind Spot?
Sim, desta
vez quisemos adicionar alguns elementos extras a várias músicas para fazer com
que as músicas atingissem todo o seu potencial. Entrei em contacto com Racha
Rizk quando gravei um dos álbuns de música dos meus filhos em 2016 e gostei
muito da sua voz incrível e bela ornamentação. Quando começamos a trabalhar no Blind
Spot, parecia certo contactá-la novamente. Algo me atraiu nos contrastes
entre a suavidade da sua voz e o brutal riff de guitarra.
Outra
grande novidade que resulta de forma espetacular é a introdução de uma
orquestra de cordas com 20 músicos em Cause
& Effect. Como surgiu essa ideia?
Cause &
Effect foi escrito como uma balada tradicional de bluesrock.
Mas quando começamos a ensaiar a música juntos como uma banda, ficou claro que
essa música precisava de mais elementos e um mundo "maior". Entrei em
contato com a Arctic Philharmonic em Tromsø e, felizmente, eles disseram
que sim! Os arranjos são escritos pelo jovem e extremamente talentoso Alexander
Aaröen Pedersen e dá à música toda uma vibe 007. Absolutamente - adoramos
o resultado!
Outras
músicas que eu gostaria de saber a tua opinião são Aurora Skies e Your Song. Ambas têm um mood diferente. Na
minha opinião é outra prova da vossa maturidade, portanto, por onde poderão ir os
Pristine no futuro?
Obrigado! Na
verdade, sinto que essas duas músicas dão ao álbum o elemento extra de surpresa
e completam-o. Aurora Skies é um dos meus temas favoritos neste álbum. Não
estava muito bem quando a escrevi. Estava cansada, triste e sentia-me como que perdida.
A música surgiu-me durante a noite, já tarde, quando estava fora de casa da
minha família, no norte. Envolvida pelo vento frio e pela neve branca, vi
a mais bela Aurora Boreal no céu. Sinceramente, não sei por onde irão os Pristine
em seguida. Este verão já comecei a escrever novas músicas e sinto que a mão escreve
mais depressa do que a minha cabeça possa pensar. O nosso principal objetivo é
colocar sempre o máximo de empenho e sentimento na nossa música e com isso em
mente, acho que simplesmente vamos esperar e ver para onde a estrada nos levará.
Em
estúdio, também introduziram algumas experiências?
Bem, os Pristine
tem uma marca registada para gravações ao vivo em estúdio. Acho que já se
tornou um hábito. Sempre apreciámos a energia e a sensação da música ao vivo, e
esta sempre foi a nossa principal força, penso eu. Fazer gravações ao vivo em
estúdio é a nossa maneira de transferir esse tipo de energia para um registo.
Nós gravamos os principais instrumentos (bateria, baixo, guitarra e vocais) ao
vivo em estúdio e depois usamos alguns dias para adicionar outros elementos
como duplicação dos riffs, guitarras acústicas, mais vocais e piano.
Coisas de pós-produção, na realidade.
De
que forma esse processo afeta o vosso som geral?
De certa
forma, acho que esse tipo de abordagem para uma gravação de álbum torna a
música orgânica. Ele oscila e respira um pouco nos tempos e energia ao longo de
cada música, e isso faz a música ganhar vida e dá uma espécie de crueza e
sentimento autêntico ao som. Nós realmente gostamos desse tipo de energia, portanto,
acho que este também será o método em todas as futuras gravações.
Para
além de Racha Rizk, que outros convidados surgem neste novo álbum?
Em Road
Back To Ruin temos Racha Rizk em Blind Spot, a Arctic
Philharmonic, Anders Oskal e Hanzi Enzensperger no hammond,
Ole Henrik Moe e cordas em Blind Spot e Øyvind Røsrud no
piano. Um incrível grupo de músicos!
O
que está programado em termos de tournée?
Portugal estará incluído?
Acabamos de
chegar em casa depois de um mês na estrada. Agora estamos a carregar as nossas
baterias para a próxima tournée e projeto. Vamos, com certeza, aconselhar
a nossa agência de reservas a incluir Portugal desta vez! Nós adoramos o teu país
e estamos ansiosos por encontar de novo os nossos fãs. Muito obrigado pela
entrevista! Tudo de bom!
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