Reviews: Agosto (I)


Resilience (BAYONICS)
(2019, Independente)
Jairo Vargas e os seus Bayonics tem animado as festas e as noites de San Francisco com o seu reggae/latin music nas últimas duas décadas. Inspirado pelos lendários grupos do género da Bay Area, como Santana ou The Family Stone, os Bayonics têm como principal missão fazer mover as pessoas. Nesta nova proposta do coletivo, Resilience, Jairo Vargas e companheiros trazem para a mesa temas sérios como a imigração a pobreza, que são empacotados num conjunto de regras bem definidas de um reggae e latin music sempre a pensar nas ondas radiofónicas. Nesse aspeto Resilience tem mais preocupação em soar bem para as massas do que, propriamente, ser artisticamente marcante, arriscado e fraturante (como o foram os nomes que os influenciaram e que anteriormente citamos). [58%]


Elektric Mistress (ELEKTRIC MISTRESS)
(2019, Independente)
O EP homónimo dos Elektric Mistress apenas traz três temas, mas deixa suficientemente claro que este coletivo de Halifax conhece bem os terrenos que pisa. Lançado de forma independente, Elektric Mistress retrata o verdadeiro psyche synth rock, na forma como os monstros sagrados o criaram – com groove sónico, ondas hipnóticas e melodias enevoadas que nos levam de volta aos primórdios dos Black Sabbath. Em pouco mais de um curto quarto de hora – mais de metade desse tempo ocupado com a genial Turn To Grey – o quinteto cria uma obra verdadeiramente clássica, intemporal e que se recomenda vivamente. Assim fica feita a apresentação dos Elektric Mistress, mas, a partir deste EP, fica-se ansiosamente à espera de algo mais substância. [75%]


Sea Of Reads (AVI ROSENFELD)
(2019, Independente)
Quando se chaga a Belladonna o sonho e a magia toca conta da nossa inspiração por este soberbo tema instrumental. É uma das melhores canções escritas por Avi Rosenfeld e, só por ela, vale a pena ouvir Sea Of Reads, mais um dos discos lançados já este ano pelo israelita. Mas será redutor levar em linha de conta apenas este tema. Os dois temas em hebraico são muito bem conseguidos (o segundo – por razões óbvias abstemo-nos de escrever aqui o título – aproxima-se muito do nosso Solta-se o Beijo!), as linhas minimalistas de Easy Rider convencem, assim como o violino gypsy de Esmeralda ou o ritmo num misto country/foxtrote de Shot All The Horses. O resto acaba por não acrescentar nada ao seu trabalho, voltando a estar em destaque, pela negativa, a componente vocal. [70%]


Blowsy (THE FINGER GUNS)
(2019, Independente)
Trazem consigo a experiência acumulada na cena rock de Seattle e depois de 4 álbuns, Blowsy é um EP de seis temas que promete por os seus fãs a delirar com o seu punk que vem diretamente dos The Sex Pistols ou dos The Ramones. São, como referimos, seis temas, todos eles bastante curtos, alguns deles a não chegarem aos 2 minutos de duração, onde a tradicional atitude punk de rebeldia fica bem patente e onde as descargas energéticas se sucedem. Tudo OK, é assim o punk e, nesse aspeto, os The Finger Guns, respeitam o legado. Acontece que, em termos musicais, por mais despretensioso que seja um lançamento, há critérios de composição e de arranjos que não devem ser descurados. E nesse aspeto a este Blowsy sobra-lhe em entrega e energia, o que lhe falta em capacidade criativa e construtiva. [60%]


Where The Vultures Gathered (JIMBO)
(2019, Independente)
Três temas em escassos 11 minutos não dão para perceber o que pretendem fazer estes Jimbo. Where The Vultures Gathered é o segundo EP da banda de Ontario, depois de Jimbo do ano passado, e mistura rock alternativo, psicadelismo obscuro e acid blues. Alguns elementos podem ser apreciados por fãs de Soundgarden ou Smashing Pumpkins, mas, na realidade, estes três temas ainda não mostram muito do caminho que os canadianos pretendem trilhar. Para já, fica o esforço e a vontade de criar algo com significado, embora, o resultado não seja marcante e não consiga ficar na memória por muito tempo. [64%]

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