Reviews: Setembro (III)


Atão Porque Não? (MOÇOILAS)
(2019, ALG Eventos)
A comemorar 25 anos de carreira, as MoçoilasInês Rosa, Margarida Guerreiro e Teresa Silva – dão voz às canções tradicionais algarvias e apresentam 14 temas juntos no disco Atão Porque Não?. Utilizando apenas as suas vozes, num jogo polifónico cheio de interesse e dinamismo, o trio recupera temas esquecidos que fazem parte do património cultural da Serra do Caldeirão, onde o canto sempre foi uma identidade nacional. Este conjunto de antigas canções que, de forma natural, versam sobre as tradições campesinas, as profissões tradicionais e os namoricos, são apresentados numa forma em que as reinterpretações e enriquecimentos criados pelas Moçoilas, os tornam peças importantes num presente que olha para o futuro, mas não esquece as suas histórias e tradições passadas. [80%]


Senso Comum (MEN ON THE COUCH)
(2019, Independente)
Os madeirenses Men On The Couch trazem-nos a sua estreia na forma de Senso Comum. São 11 temas distribuídos por 43 minutos de música cantada em português, com arranjos curiosos e muito humor.  Senso Comum remete-nos para uma altura em que o rock português fazia dançar e por isso há aqui alguns temas com letras leves e ritmos acentuados. Mas também há momentos mais calmos e introspetivos. São influências que vão do pop rock britânico e português dos anos 80 (há muitos momentos em que nos lembramos dos Ban, por exemplo) até à música brasileira – são aquelas canções que poderiam estar na discografia de Zambujo. As guitarras ondulantes e um baixo marcante são elementos fundamentais na sonoridade deste Senso Comum que começa e acaba de forma extraordinária (os vocalizos femininos em Enredos, a criatividade negra de Se Eu Morresse Amanhã e os ambientes criados pela guitarra distorcida em It’s Okay), mas que pelo meio se perde um pouco. [64%]


Breaking The Silence (INTO THE UNKNOWN)
(Vigilante Records)
Breaking The Silence é o segundo álbum dos Into The Unknow e quebra um silêncio que durava desde 2017 quando o coletivo se estreou com Out Of The Shadows. De facto, quebra esse silêncio, mas mais valia nem quebrar. Breaking The Silence é um disco com demasiados temas (treze) onde os sucessivos para-arranca conferem pouca coesão. Mas pior que isso, é a confusão instrumental que grassa por este disco, o que faz com que alguns temas sejam quase inaudíveis. Muitos dos temas até não são más malhas (alguns outros nem deveria ter sido gravados), mas a execução é de um amadorismo tal que deita tudo a perder. Para piorar a situação, a senhora que canta, de seu nome Lucie Hölzlova, tem um desempenho muito fraco. E isto acontece mesmo depois de sangue novo ter sido injetado com as entradas de James Milner (guitarra ritmo) e Mike Ballard (bateria). O melhor deste registo, que tenta ser de symphonic rock arena, são alguns solos responsáveis por conseguir prender o ouvinte mais alguns minutos. [66%]


From Voodoo To Zen (TIDES FROM NEBULA)
(2019, Long Branch Records)
Depois de uma pausa de três anos, os Tides From Nebula (TFN) regressam com o há muito esperado quinto álbum, From Voodoo To Zen, o primeiro em formato trio. E terá sido por isso que From Voodoo To Zen soa muito melhor que a maioria dos álbuns deste género. O seu rock instrumental está bem estruturado, com alguns momentos épicos, e com melodias que vão crescendo. Claro que a voz é um elemento que faz muita falta na música. E um álbum todo instrumental, por mais interessantes que as passagens possam ser, acaba sempre por cansar um pouco. Isso acontece neste novo registo dos TFN, que procura superar esse desequilíbrio com um álbum coeso e de continuidade. [69%]


Better Than The Rest (ROBERT TEPPER)
(2019, AOR Heaven)
Um título pomposo para este novo álbum de Robert Tepper, um nome provavelmente desconhecido, embora os seus maiores hits, This Is Love, gravado por Paul Anka, ou No Easy Way Out, do filme Rocky, sejam, provavelmente mais conhecidos que ele. Este novo álbum Better Than The Rest resulta da colaboração entre o americano e o guitarrista espanhol Pablo Padilla e mostra um rock melódico insipido e desenxabido, com raros momentos de interesse. Melodicamente pouco evoluído e ritmicamente desinteressante, Better Than The Rest não acrescenta nada de novo e apenas deve interessar aos seus fãs, ou aos de nomes como Stan Bush, John Parr, John Wait ou Russ Ballard, situando-se, ainda assim, a milhas dos referenciados. [64%]

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