Entrevista: Ereb Altor


Inspirado, como sempre, na Suécia e nas suas histórias e tradições, Järtecken leva os Ereb Altor ao mais alto lugar dessa sonoridade única que funde metal épico, com viking e black. Antes de começarem a sua tour de promoção deste oitavo registo (quarto consecutivo com a mesma formação, o que é notável!), com os In The Woods e a banda-irmã Isole, Via Nocturna foi falar com o multi-instrumentista Mats.

Olá Mats, obrigado pela disponibilidade e parabéns pelo novo álbum Järtecken. Começando precisamente pelo título do álbum, qual é o seu significado? E de que forma esse título cruza as mensagens que vocês querem transmitir com este álbum?
É uma palavra sueca antiga, pouco comum hoje em dia. Traduzido para português é como "presságio". Como sempre, há nas nossas letras uma ligação à Suécia e à sua história. As primeiras cinco músicas estão ligadas e formam o tema do álbum. As outras músicas são histórias separadas. O tema é inspirado numa história verídica do século XVII, em que um homem na Suécia foi condenado à morte por interagir sexualmente e por fazer um pacto com um Skogsrå (algo como uma ninfa da floresta), uma velha criatura do folclore sueco, ligada à natureza e com poderes mágicos, mas que de acordo com a igreja, estava ligada ao diabo ou às vezes era o próprio diabo noutras formas. Li textos de livros antigos do tribunal e outros materiais desse julgamento e comecei a formar um tema lírico de ficção baseado nessa história.

Mesmo com um título em sueco, a maioria das músicas é cantada em inglês, situação que é frequente nos vossos álbuns. Gostam dessa dualidade?
Liricamente usamos o sueco em algumas das músicas dos dois últimos álbuns e no Järtecken temos algumas partes em sueco e outras em inglês, mesmo nas mesmas músicas. Na verdade, não é algo que eu pense muito, apenas me apercebo que música combina com o sueco. Acredito firmemente que no futuro haverá mais partes em sueco. Costumo escrever em sueco mais antigo, já que as letras lidam com coisas antigas da história sueca. Acrescenta um certo sentimento, suponho, para quem entende sueco, é claro.

Desde sempre que os Ereb Altor têm mantido pequenos intervalos entre os lançamentos. Desta vez, apenas dois anos separam Ulfven de Järtecken. Mantiveram a mesma metodologia de trabalho ou tentaram algo diferente desta vez?
Usamos mais ou menos a mesma fórmula. Eu gravei sozinho as minhas ideias para o álbum e depois eu e Tord começamos a percorrer o material com a missão de remover todas as falhas e alterar as músicas para chegar o mais perto possível da perfeição antes de entrar no estúdio. Como gravamos no nosso próprio estúdio e não precisamos de pagar por hora, há sempre alguns pequenos ajustes que se fazem nas sessões de gravação.

Mais uma vez, como aconteceu no vosso álbum anterior, voltaram a usar teclados. O que pretendem atingir com essa opção?
Para adicionar um pouco de atmosfera. Tentamos usar os teclados em segundo plano com pouco foco, apenas como um ingrediente para ampliar o som.

Ao longo da vossa carreira, têm vindo a introduzir algumas mudanças no vosso estilo. Do épico ao doom, do viking ao black… onde se sentem mais confortáveis?
A visão que tive quando comecei a escrever Järtecken era torná-lo feroz, selvagem, mas ainda com uma sensação de calma. Grandioso e claustrofóbico ao mesmo tempo. A ideia é tentar combinar perfeitamente os dois estilos. Mas fico sempre um pouco mais confortável com a abordagem um pouco mais épica, que, de alguma forma, está mais perto do meu coração.

Na tua opinião, Järtecken, está mais orientado para que estilo?
O Järtecken é mais pesado e mais cru em comparação com o Ulfven. Ainda assim, tentei manter o foco nas atmosferas e nas melodias nórdicas. Na minha opinião, Järtecken está muito próximo de ambos os estilos.

Os Ereb Altor mantém a mesma formação desde o álbum Nattramn. Em equipa que ganha não se mexe, costuma dizer-se. É importante essa estabilidade para o processo criativo?
Estou muito feliz com os membros da banda e espero que todos eles fiquem nos próximos anos. Especialmente, Tord e eu encontramo-nos no processo de criação e trabalhamos muito bem juntos, entendendo as falhas e os pontos fortes de cada um.

Outra novidade é a entrada na Hammerheart Records. Como se proporcionou essa ligação?
Não é uma novidade, pois já trabalhamos com eles há alguns anos. Eles entraram em contacto connosco em 2016 e perguntaram se estávamos interessados ​​em trabalhar juntos na altura certa (na altura, não tínhamos editora).

Em breve estarão em tournée com os In The Woods e os vossos colegas de editora e banda irmã, Isole. Quais são as vossas expetativas?
Espero ficar bastante exausto a fazer dois espetáculos por noite (risos). Por outro lado, tento não esperar muito, espero que os nossos fãs apareçam e espero que também consigamos conquistar novos fãs.

E o que vossos seus fãs? O que podem esperar eles?
Eles podem esperar que apresentemos todos os espetáculos como se fosse o nosso último, como sempre fazemos. Compromisso a 100%. Vamos focar-nos muito no nosso último álbum e fazer concertos épicos!

Obrigado, Mats! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado! Faremos sempre o possível para manter viva a chama do Metal Escandinavo!



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