Dois anos após Ordeal, os Foredoomed regressam com um novo e sensacional álbum, Chaos And Beauty. E este é um título
apropriado para aquilo que os finlandeses apresentam nos pouco mais de 40
minutos. Momentos de rara beleza contrapõem-se a outros bens pesados e
caóticos, no bom sentido do termo. Para nos falar deste álbum e
apresentar a banda, nomeadamente explicando a situação do baterista, fomos
falar com o guitarrista e vocalista Atte
Kymäläinen.
Olá
Atte, obrigado pela disponibilidade e parabéns pelo vosso álbum, Chaos And
Beauty. Antes de mais, podes apresentar a banda aos metalheads portugueses? Obrigado! Bem, eu sou o vocalista e guitarrista da
banda Foredoomed, e o nosso género
está próximo do death metal melódico.
Na nossa música, o material pesado de death
metal baseado em riffs é
combinado com um lado poético e sensível. Ou seja, por outras palavras, temas
de caos e beleza.
Chaos And Beauty
tem, de facto, as duas vertentes, como referiste. É fácil conjugar os dois
cenários?
A temática
sempre nos acompanhou na música e no meu processo de composição. Desta vez,
queríamos cristalizar a ideia numa embalagem bonita. Por outro lado, temos
coisas clássicas e pesadas, como death
metal, black metal, cru e underground. Esse lado é combinado com o
lado sensível, vulnerável, poético e artístico das coisas. Esse conceito de
sombrio está na nossa música, mas desta vez é direto e central. Portanto, não
foi muito difícil, pois acredito que foi um acompanhamento natural do álbum
anterior.
Quais
são as vossas principais influências, quer musical, quer liricamente?
Musicalmente,
muitas influências vêm dos meus primeiros anos da adolescência: Children of Bodom, Nightwish, Symphony X, Edge of Sanity... Eu costumava ouvir
essas bandas até a morte, pelo que, provavelmente elas criaram a base para todo
o meu estilo de composição. Mais tarde, quando comecei a ouvir todos os tipos
diferentes de música, mais sabores se acumularam sobre os velhos favoritos. Quanto
às letras, sou bastante egocêntrico nesse sentido porque é difícil escrever
sobre qualquer outra coisa além de mim mesmo. Portanto, todas as minhas letras
estão ligadas às minhas próprias experiências na vida. No entanto, não pretendo
escrever um diário, mas conectar-me às pessoas para que elas possam refletir sobre
as suas vidas e experiências nessas histórias. De uma maneira estranha, não
conto histórias sobre mim, mas sobre o ouvinte. Às vezes as letras são bem obscuras,
mas para mim (desculpa o cliché) é
como sangrar o sangue mau do meu corpo.
Assim, como
definirias este álbum para os leitores que não vos conhecem?
Então, como o
descrevi anteriormente - a nossa música tem esse lado pesado e suave. Os fãs de death metal encontrarão lá algo. Quem
gosta de histórias, poesia e partes vocais suaves também encontrará lá algo. O
nosso estilo vocal consiste em guturais de death
metal e canto limpo tradicional. Também temos coisas experimentais e
progressivas, como aquela sequência de piano com 2 minutos e outros enfeites.
Coisas que certamente irão prender a atenção do ouvinte.
Como decorreram os trabalhos em estúdio?
Bem, para
este álbum, trabalhamos num ambiente de estúdio doméstico. As partes de
guitarra e baixo foram gravadas em casa. Os vocais principalmente em minha
casa, mas algumas partes foram feitas na casa do produtor. Eu também misturei
as faixas. Ou seja, muitas coisas domésticas, usando a tecnologia moderna, a
nosso favor. Também foi mais fácil, porque não tínhamos bateria real para
gravar (já que usamos samples). Mas
tivemos algum trabalho para testar os arranjos de bateria e tocar muitas vezes
para os fazer soar naturais. Gravamos e misturamos o álbum em cerca de cinco semanas
e eu, às vezes, costumava ter dias de trabalho bastante longos. Por exemplo,
nas últimas semanas, ao trabalhar com teclados e misturas, lembro-me de fazer sessões
de 18 horas. Começou a ficar bastante cansativo quando os únicos contactos
sociais da semana aconteceram na loja local de comida (risos). Bem, trabalhar na
tua paixão pode pôr-te bem mentalmente, por isso façamos força para que no
final resulte. Em resumo, o trabalho do estúdio foi bastante estressante, mas interessante.
Ainda
bem que falas na bateria, porque que não têm um baterista permanente, pois não?
Durante um
período de 9 meses, Jere foi o nosso baterista. Quando entramos em estúdio,
Jere começou as aulas e aconteceram outras coisas da banda e foi por isso que
ele saiu. Para encurtar a história, Jere esteve connosco algum tempo, mas
nenhuma das partes se sentiu muito forte com isso, é isso. Ainda nos ajuda ao
vivo. Trabalhou connosco durante um longo tempo, por exemplo, com os arranjos
de bateria do Ordeal, com a gravação
de samples e tudo mais. Portanto,
desta vez não temos um baterista oficial e trabalharemos com bateristas ao vivo
até encontrarmos um.
Foi o Joel
Kaplas que gravou Ordeal? O que
lhe aconteceu?
Na verdade,
Joel não tocou bateria no Ordeal
porque as faixas da bateria eram feitas com samples
de computador. Quando Joel se juntou à banda em 2017, quase todos os arranjos
de bateria estavam concluídos e ele passou por eles e adicionou alguns
preenchimentos e outras coisas aqui e ali. Mas sim, Joel foi o nosso baterista em
2017-2018, acho eu. Não entendemos muitas coisas e tínhamos algumas diferenças
ideológicas, e penso que Joel não era adequado para a banda e esta banda não
era a certa para ele. Mas todos concordamos com isso e não há mau sangue entre
ninguém. Simplesmente espero o melhor para ele nas suas aventuras. Depois
disso, Jere começou como nosso baterista ao vivo até mais tarde se tornar um
membro permanente, e o resto aconteceu como na resposta anterior.
Sendo
este o vosso segundo álbum, após Ordeal, de 2017.
Como analisas a vossa evolução e crescimento?
Queríamos
fazer certas coisas de maneira diferente em comparação com Ordeal. De certa forma, a música é parecida, mas queríamos
empacotar tudo melhor. Ordeal teve
ótimos momentos, temática e musicalmente, mas o problema era que era muito
difícil entrar. Quem chegou ao final do álbum gostou, mas 95% dos ouvintes nem
tiveram essa oportunidade. Em Chaos And
Beauty, os ouvintes podem entrar nas águas de Foredoomed passo a passo, em vez de serem lançados para o fundo do
poço, como em Ordeal, penso eu. Quanto
aos elementos musicais adicionados, existem alguns. Os vocais limpos têm mais
variações, mais investimento. Tive alguns anos entre os álbuns para melhorar a minha
técnica, portanto acho que introduzi alguns elementos fixes às músicas. Além
disso, influências de death-doom e
até de gothic podem ser ouvidas em
algumas músicas como Feed e Derelict Hours. É divertido apresentar algo
novo.
Já
tiveram a oportunidade de tocar ao vivo e apresentar estas músicas aos vossos fãs?
Durante um
ano, não tivemos nenhum espetáculo ao vivo, enquanto estivemos a trabalhar em estúdio
no novo álbum, mas na semana passada tivemos o nosso primeiro concerto após
esse período. A audiência foi incrível e muito maior do que eu esperava. É
ótimo tocar quando as pessoas da plateia se divertem muito. Foi a primeira vez
que tocamos as nossas novas músicas ao vivo, e também tivemos algumas novidades
técnicas de informática que felizmente funcionaram perfeitamente. Também teremos
mais espetáculos aqui na Finlândia. Se as pessoas quiserem, espero que possamos
tocar fora da Finlândia um dia.
Obrigado
Atte. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado!
Nada de mais. Ouçam Chaos And Beauty,
caso isso dê algo novo e interessante à vossa vida. Cuidem-se e tenham um bom
dia.
Comentários
Enviar um comentário