O último álbum dos Sodom, Decision Day, já data de 2016. O próximo prevê-se que possa estar cá foram no final
do próximo ano. Entretanto, a lendária banda alemã vai lançando EP’s como forma
de ir alimentando a ânsia dos seus fãs. É nesta perspetiva que se enquadra Out
Of The Frontline Trench, previsto para
daqui a uma semana. Mas mais: vem demonstrar que os thrashers continuam em alta, assumindo a sua
sonoridade 80’s. Aproveitando a oportunidade dada por este lançamento, fomos
conversar com essa mítica figura do metal mundial que é Tom Angelripper.
Olá
Tom, obrigado pela disponibilidade e deixa-me dizer-te que é realmente uma
honra fazer esta entrevista contigo! Para começar, qual é o principal objetivo com
o lançamento de Out Of The Frontline Trench?
Queremos demonstrar que
ainda estamos ativos e muito ocupados com o nosso processo de composição. O
novo EP e o Partisan também são algo
especial para a cena dos colecionadores de Sodom.
Estou muito satisfeito com o resultado. Este EP também descreverá a direção do
próximo material. Existem muitas bandas por aí que falam sobre "regresso
às origens", mas nós fizemos isso. O EP reflete exatamente o som que todos
amamos tanto. Especialmente a produção é muito áspera e inexorável.
De
facto, este é o vosso terceiro EP nos últimos dois anos, por dois selos
diferentes. Por que é que o primeiro EP deste ano, Chosen By The Grace Of God, não foi um
lançamento pela Steamhammer/SPV?
Chosen By The Grace Of God não é um lançamento oficial, é
apenas um sample de uma revista de metal. Hoje é comum dar um CD de graça,
ao comprares uma revista. Esse é sempre um acordo entre editoras e revistas.
Todo
esse EP funciona como uma preparação para o próximo longa-duração dos Sodom
agendado para o próximo ano. O que podem esperar os vossos fãs?
Sim, estás certo. Atualmente
estamos a ensaiar novas músicas e ideias, mas queremos trabalhar sem pressão de
tempo, por isso não discutimos uma data de lançamento com a editora. Mas, se
tudo estiver preparado, tentaremos lançar no final de 2020. Percebo que o
próximo álbum pode ser o mais importante da minha carreira. Quero ter a certeza
de que tudo será perfeito e satisfatório. Além disso, as pessoas que gostam dos
80’s não se dececionarão com as novas músicas. Queremos olhar para frente, mas
nunca esquecemos de onde viemos. O típico som dos 80’s será uma marca registada
dos Sodom… e isso é uma promessa!
Em relação a este
novo EP, apenas uma música estará presente no próximo álbum. Além dessa música,
o que mais podem os vossos fãs esperar?
O que posso dizer?
Provavelmente o melhor álbum da minha carreira. Mas eu não te posso contar mais
detalhes sobre as músicas ou sobre o conceito... mas prometo que não vos
dececionaremos.
Podemos ler no
comunicado de imprensa que este EP forja um arco entre o passado, o presente e
o futuro dos Sodom. De que forma isso acontece?
Da maneira que escrevemos
músicas melhores sem perder o espírito. Gravamos todos os instrumentos com
microfones, sem sinais de disparo na bateria, sem amplificadores digitais como
o Kemper etc. Acho que há uma mágica
especial e difícil de explicar entre alto-falantes e microfones, mas será assim
que queremos gravar o próximo álbum. Para nós, Klaus é o produtor perfeito para
os Sodom e é, também, um grande fã,
especialmente do material mais antigo.
Sendo que a primeira
música se chama Genesis
19, podemos antecipar que a questão
religiosa será um dos principais tópicos do novo álbum?
Não, é apenas o título. É
sobre a história da Bíblia sobre a destruição de Sodoma e Gomorra (livro do Génesis).
É muito interessante ler e também uma grande inspiração para mim. Sabes que eu
não acredito em Deus e acho que uma calamidade natural destruiu esses lugares.
Mas a história original da Bíblia é algo espetacular para uma música dos Sodom... Mas o Génesis prevalecerá no
mundo inteiro se não pararmos de viver como se não houvesse amanhã. Eu amo essa
música. É uma música com todas as marcas registadas típicas dos Sodom. A combinação entre ritmo intenso
e solos e preenchimentos melódicos está sempre a trabalhar com as nossas
músicas. Também pusemos o baixo mais alto do que o habitual, o que lembra ao
ouvinte material mais antigo dos Venom
e Sodom... Essa é uma maneira de
manter o espírito dos bons velhos tempos. Mas não te vou contar sobre todas as
outras músicas do álbum... top secret!!!
Outras
músicas são sobre a Primeira Guerra Mundial inspiradas em alguns postais e
cartas do teu avô. Isso também é um alerta para os perigos do crescimento real
de nacionalismos extremos? Qual é a tua opinião sobre isso?
Sim, todas as músicas também
refletem o tempo presente. O mundo vai mudar para pior. Aqui não haverá
segurança para todos. Parece que está tudo a ficar fora de controlo. Os políticos
democratas cada vez perdem mais poder. Os grupos radicais prevalecerão. Não
tenho medo por mim mesmo, mas tenho medo pelas próximas gerações e pelos meus
filhos. Como será o mundo daqui a 30 ou 40 anos? Esta paz traiçoeira é apenas
um armistício, a calma antes da grande tempestade! Mas, de qualquer maneira, é sempre
uma grande inspiração para mim.
Atualmente
tens uma nova formação em comparação com o Decision Day de 2016. Desde quando estes novos
membros estão a trabalhar contigo?
Depois de me separar de Berni e Makka, entrei em contato com o Blackfire
para se juntar à banda. Eu sabia que ele tinha o seu próprio projeto solo e
também tocava com os Assassin. Ele
disse-me que de momento não estava muito ocupado com essa banda e que iria
ficar o tempo suficiente para se juntar aos Sodom para a próxima sessão de ensaios e espetáculos ao vivo. Isso
foi incrível e pareceu uma grande oportunidade para ele voltar ao mercado
internacional da cena. Quando ensaiamos o Nuclear
Winter, Sodomy & Lust e Christ Passion, fiquei surpreendido com
o som da guitarra que era exatamente o mesmo dos álbuns Persecution Mania e Agent
Orange. Agora, somos capazes de reproduzir as músicas de maneira original
durante os sets ao vivo. Yorck fez alguns trabalhos para mim
como guitartech, sabia que era um bom
executante, por isso pedi-lhe para se juntar à banda. Husky e Yorck também são
grandes fãs de Sodom, e assim tiveram
muitas ideias para as novas músicas e futuras listas de músicas. E sim, para
mim agora parece uma grande família e há uma enorme amizade entre os músicos.
Desde 1981, sem
parar, a criar o melhor thrash
metal do mundo! Como é que o Tom de hoje
olha para o início dos Sodom?
No início, apenas fizemos a
música como uma espécie de revolução contra os pais, professores e instituições
e também contra os posers e poppers, que odeiam a nossa direção
musical. Os fãs de metal eram uma
minoria, porque estilos como Deutsche welle
e new wave eram muito populares no
início dos anos 80. Na escola, estava numa turma com 30 alunos e eu era o único
que ouvia metal. Isso era estranho,
mas respeitávamo-nos. Acho que toda a cena do metal mudou para pior, porque atualmente está a ficar mais confusa.
E atravessaram
diversas mudanças na cena musical. Qual foi o segredo para permanecer sempre no
topo?
Muito simples. Basta fazer o
que gostas de fazer. Eu sei que tomei muitas decisões discutíveis, mas às vezes
tenho que reagir para manter a banda em andamento. Mas no final, é o resultado
de homens que trabalham arduamente. Sem nunca desistir e nunca seguir nenhuma
tendência. Seres tu próprio em tudo o que fazes.
Depois de todos estes
anos, ainda sentes a mesma força e energia para escrever novas músicas e
começar novas tournées?
Ah não! Há uma grande diferença entre um jovem de 20 anos e eu
(que já tenho 56!!!), mas enquanto estiver saudável e criativo, continuarei a
fazê-lo. Queremos olhar para frente, mas nunca esquecemos de onde viemos. O
típico som dos 80’s será uma marca registada dos Sodom… e isto é uma promessa!
Muito obrigado. Tom,
por este momento. Queres acrescentar mais alguma coisa?
Obrigado pelo apoio tão leal
e espero ver-vos em breve na estrada.
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