Fem (PYRAMIDO)
(2019, The Sign Records)
Sem medo de experimentar
novos tempos, melodias e ideias, por vezes, distanciadas do seu estilo, os Pyramido regressam com Fem, termo sueco que se traduz por
cinco, naquele que é, efectivamente, o seu quinto álbum. Fem junta o indie rock, o
psicadelismo vintage sueco, o folky fuzz e, essencialmente, muito doom e sludge. O resultado é um som claustrofóbico que cresce, sufoca e
esmaga, não deixando grandes espaços para vislumbres de claridade ou
possibilidades de respiração. Todavia, essas passagens fúnebres, desoladoras e
frias, pediam mais diversidade – todo o álbum se situa num plano de mono-registo
e, essencialmente, um vocalista com maior versatilidade. [60%]
Tú Decides El Final (ALERTA)
(2019, Blood Fire Death Records)
Após
uma carreira de 22 anos, os Alerta não baixam
a guarda. Mantendo a sua mensagem positiva, emocional e construtiva, a banda
basca assina com Tú Decides El Final, mais uma curta descarga de sete
temas de um combativo hardcore metal. São sete canções preenchidas com
letras (tanto em castelhano, como em basco) de protesto contra as injustiças
sociais. Este é o quinto álbum dos Alerta, um
coletivo que continua a manter os seus fãs no estado de alerta máximo para as
suas composições diretas e cruas, com riffs musculados, bateria clássica
e vocais rasgados. Os fãs de bandas como Hatebreed, Walls Of Jericho ou Madball
encontrarão nos Alerta os
parceiros ideias para guerras contra os poderes instituídos. Sem quebras, com
força e uma energia inesgotável, o quinteto de Durango não verga e continua a
sua luta, na forma de duras canções de intervenção. [70%]
Blackearth (BLACKEARTH)
(2019, Sliptrick Records)
Com o seu primeiro álbum,
os espanhóis Blackhearth criaram
algo bem assente no old school, com
uma abordagem clássica. Principalmente a partir do meio do álbum, saltam à
vista dinâmicas estruturais agradáveis bem como texturas melódicas bem
conseguidas. Falamos, portanto, de heavy
metal clássico, com ênfase nas atmosferas e riffs vindos diretamente dos anos 80, inspirado algures entre o NWOBHM e algo dos primórdios da cena metal germânica. São sete temas
enérgicos, pesados e bem balanceados que, como vimos, vão em crescendo até terminar
na extraordinária peça homónima que é o épico de mais de 11 minutos. Infelizmente
para a coesão de Blackhearth, o disco
não é muito equilibrado, sendo que a parte inicial não consegue prender o
ouvinte. Ainda vai a tempo de recuperar e, quem conseguir superar os primeiros
dois/três temas, vai poder ter acesso a um par de boas malhas. [67%]
Behind The Mask I (VIKRAM)
(2019, Rockshots Records)
O projeto é ambicioso.
Engloba música, multimédia, diferentes tipos de arte (literatura, jogos, dança)
numa aventura onde se insere um álbum musical, um livro, um jogo, um
documentário, um musical, songbooks, playthough, videoclipes, concertos e masterclasses. Por trás de Behind The Mask e do projeto Vikram está o guitarrista brasileiro Tiago Della Veja, nome presente no Guiness Book Of Records por ser o
guitarrista mais rápido do mundo. O problema desta longa (e cansativa) obra
acaba por ser que tudo esprimidinho
não tem o que mais interessa: canções que toquem, causem emoção e que fiquem na
memória. Este é um disco demasiadamente plastificado e superproduzido onde nem
as incursões por estruturas étnicas (nomeadamente orientais, mas também trilhas
de filmes épicos) conseguem surpreender. [65%]
Bowels Of Earth (ENTOMBED
A.D.)
(2019,
Century Media Records)
Com dois álbuns debaixo
do braço, os Entombed A. D. –
projeto que surge a partir dos Entombed
– prometeram e cumpriram manter o death
metal da escola sueca na sua lista de prioridades. E, em 2019, regressam
mais furiosos que nunca nos seus fraseados death
metal e sempre bem acompanhados por uma certa áurea de death ‘n’ roll o que permite, por exemplo, que Bowels Of Earth encerre com uma versão dos Motörhead. E este é o disco que completa a sua evolução rumo à sua
zona criativa nativa. Sem margem para dúvidas que se é death metal que gostam e querem, é death metal que os Entombed
A. D. vos dão em Bowels Of Earth.
Mas se procuram algo ligeiramente mais sofisticado que o tradicional, aí os
suecos já não conseguem ir. Eles são crus, sujos, viscerais, brutais,
selvagens, demoníacos, maléficos e poderosos. Mas não esperem que juntem a
isso, nem melodias negras nem sentido evolutivo do género. Embora consigam aqui
e ali introduzir alguns elementos novos no seu old school death metal. [66%]
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