Reviews: Novembro (II)


Under Attack (UNDER ATTACK)
(2019, Sliptrick Records)
Ainda é cedo para se tirar conclusões, mas esta primeira proposta dos Under Attack – um EP de apenas 3 temas – surpreendeu-nos pela positiva e agradou-nos sobremaneira. São três temas longos, bem desenvolvidos, com boas dinâmicas e bons solos. O seu heavy metal tradicional tem potencial e mesmo que aqui e ali se encontrem apontamentos de alguma ingenuidade (afinal essa mesma ingenuidade, às vezes é tão bem-vinda!) os italianos apresentam, neste trabalho homónimo, argumentos que lhes irão permitir desenvolver e crescer. Desde logo, as influências líricas são relevantes: Operation Mindcrime (Queensrÿche), Cyberpunk (Billy Idol) e Rust In Peace (Megadeth). E musicalmente, o seu heavy metal tradicional, influenciado pelos anos 80, é catchy e muito orientado para o trabalho de guitarra com longos e melódicos solos. Um nome a acompanhar! [76%]


Continuum (CATHUBODUA)
(2019, Massacre Records)
O coletivo com o estranho nome de Cathubodua aplicou-se a tentar escrever a sua estreia para que esta soasse mais forte e épica que qualquer outra coisa. A tentativa até correu bem, uma vez que Continuum é, de facto, um portento de metal orquestral, sinfónico e épico. Houve, claramente, arrojo na forma como as composições foram construídas com inúmeras camadas e bombásticos arranjos. Katrien Van den Hurk tem um papel fundamental nessas criações, enquanto membro responsável pela componente sinfónica. Também é ela que toca o violino que juntamente com o hurdy-gurdy, cortesia de Sabrina Gelin, incrementa uma certa áurea folk/medieval. Tudo muito bem construído nesta que é a estreia em formato longo dos belgas. Mas num álbum que soa superproduzido, exageradamente polido e onde os sucessivos pára-arranca criados pelos diversos interlúdios (o que origina 15 faixas em quase uma hora de música) se revelam contraproducentes. [71%]


Unbreakable (NEW YEARS DAY)
(2019, Century Media)
Depois das mudanças de line-up e management, eis que os New Years Day mostram que continua bem vivos, e deixam uma mensagem no próprio título do novo álbum – Unbreakable. Mas sem quebra não significa, obrigatoriamente, com qualidade. A banda californiana usa e abusa da mistura entre linhas pop radiofónicas e a violência de um nu-metal/metalcore sem nexo. Sem nexo e sem capacidade de, em algum momento, conseguir variar ligeiramente a sua postura musical. Tema após tema, os americanos oferecem mais do mesmo. Isto é, um conjunto de faixas situados algures num mau cruzamento entre os No Doubt e os Lacuna Coil, em que apenas a voz da líder Ash Costello parece ser o único elemento que merece ser ouvido. Até se pode dizer que o coletivo tem muita atitude, mas, que importa isso quando não se consegue ouvir nenhuma música até ao fim? [56%]


Totemic Anal Turbofucker (BARBARIAN SWORDS)
(2019, Blood Fire Death)
Com Barcelona a ferro e fogo pela independência, a guerra alastra-se ao black metal dos Barbarian Swords, banda de quem já falamos este ano por ter incluído dois temas seus no split Tetrarchia Ex Bestia. Mas se esses dois temas estavam orientados para uma sonoridade sludge/doom, Totemic Anal Turbofucker (o título diz tudo!), terceiro álbum do quinteto, envereda por algo mais pútrido e repugnante. Uma guerra infernal contra o Cristianismo leva os Catalães a mostrarem um conjunto de temas contendo desde alguns segundos de ruídos psicóticos e gritos histéricos, até temas mais longos e complexos, embora completamente sem misericórdia. Desta grandiosa orgia de selvajaria, decadência e violência salta à vista a versão de Cerebros Destruidos, dos Eskorbuto. Totemic Anal Turbofucker é um disco sádico, niilista, hedonista, maléfico e blasfemo. Destinado apenas a ouvidos habituados às sonoridades mais extremas. [55%]


All Shall Burn (ELEINE)
(2019, Black Lodge Records)
Depois de dois álbuns e apenas um ano após Until The End, os suecos Eleine apresentam um EP de cinco temas com duas composições novas, uma escaldante versão de Mein Herz Brennt (dos Rammstein) e duas soberbas versões sinfónicas e orquestrais para os temas Hell Moon (We Shall Never Die) e All Shall Burn. O que é certo é que este é um registo que nada acrescenta ao trabalho desenvolvido pelos Eleine, mas que vem provar a sua vitalidade. É que as duas novas faixas são do melhor que já foi feito neste estilo de metal sinfónico, questionando-se apenas a inclusão de pontualíssimos guturais perfeitamente desnecessários. A banda avança num sentido mais pesado e obscuro, embora sem por em causa o seu som sedutor com belas sinfonias e melodias. Não os percam por cá (RCA e Hard Club) a 28 e 29 de março do próximo ano, respetivamente. [85%]

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