Reviews: Novembro (III)


The Stratosphere Beneath Our Feet (ATLAS: EMPIRE)
(2019, WormHoleDeath Records)
São dez os temas que fazem parte de The Stratosphere Beneath Our Feet, o primeiro longa-duração dos escoceses Atlas: Empire que sucede a três bem-recebidos EP’s, To The Astronaut… (2012), Somnus (2013) e For The Satellites (2015). Para este registo, a banda mantém o foco na temática espacial, embora, em momento algum chegue a ser estratosférico como o título deixa antever. The Stratosphere Beneath Our Feet traz uma abordagem conceptual a um post-rock/alternative rock/alternative metal que explora diferentes cenários que vão até ambientais paisagens shoegaze. Os aspetos mais destacados mostram-se em excelentes dinâmicas de bateria e algum arrojo ao nível das estruturas e da composição. A nível melódico e ao nível da criação de canções marcantes e que ficam na memória, o resultado final já não é tão consistente, sendo de referenciar, ainda assim, It’s All In The Reflexes, Gethsemane e Hostess, como dos melhores momentos. [68%]


Mehr Sein als Schein – Friedmann Live II (FRIEDMANN)
(2019, Exile On Mainstream Records)
Em formato acústico Friedmann fez uma longa tour em 2018 e em 23 de novembro captou o seu concerto no Lido, em Berlim. O resultado são quase duas horas de músicas em formato acústico, com muita conversa pelo meio (sempre em alemão, naturalmente!). Este é o segundo disco ao vivo do projeto de Friedmann Hinz, membro dos COR, mas é marcante porque representa o final da ligação ao seu amigo e companheiro Matthias Arndt. Este duplo vinil ao vivo traz vinte temas onde o alemão substitui o seu grito de rebeldia punk por uma abordagem que o ligam às suas raízes tradicionais. Mas pouco muda, a não ser a eletricidade desligada. Toda a quimica está lá e toda a essência também lá! [74%]


You Know What They Mean (BENT KNEE)
(2019, InsideOut Music)
Este ano marca o regresso dos experimentalistas Bent Knee com o seu 5º álbum, numa altura em que comemoram o seu décimo aniversário. A banda formada no Berklee College Of Music leva, neste novo disco intitulado You Know What They Mean, o seu experimentalismo e manipulação sonora a novos níveis, incluindo maquinaria no mais puro estado analógico em estruturas completamente avant-gard, totalmente disruptivas e sem grandes preocupações estéticas. Ainda assim, sempre se pode ir afirmando que este novo álbum será o que tem composições mais diretas, ou pelo menos é o que apresenta uma visão sónica mais direta, mostrando, em muitos momentos, estruturas mais simplificadas, por vezes minimalistas, havendo uma clara procura por um formato mais próximo da canção e por melodias vocais. Refrescante e com distorções poderosas e graves, You Know What They Mean não deixa, todavia, de ser uma amálgama algo confusa de experiências e canções. [66%]


VHS Remixed (DR. CHRISPY)
(2019, Interplanetary Records)
Dr. Chrispy, aka Dr. Chris Boshuizen é um engenheiro aeronáutico, produtor musical e compositor dedicado a partilhar a sua paixão pela música e exploração espacial. E depois dos singles Drive e Voyager At The Heliopause, juntou-se a um criativo conjunto de produtores para o lançamento de VHS Remixed. VHS foi o seu primeiro álbum lançado em 2018, tendo atingido o n.º 8 na Synthwave Radio Best Albums of 2018. Logo por aqui se nota que o estilo do produtor está virado para tecnologia e para as ondas sintetizadas da música. O que o Dr. Chrispy agora fez foi pedir a alguns produtores de todo o mundo que reimaginassem os seus temas desse álbum e lhe dessem uma roupagem diferente. O resultado é este insípido trabalho de muita eletrónica e pouca capacidade musical. [50%]


Stand For Something Or Die For Nothing (STREET DOGS)
(2018, Century Media Records)
É certo que o punk já pouco mais tem a oferecer, por isso foi imenso prazer que começamos a ouvir Stand For Something Or Die For Nothing o álbum que marca o regresso dos Street Dogs oito anos depois do seu álbum homónimo, se bem que os três EP’s lançados neste intervalo não devem ser descurados. A banda de Boston continua firme no seu propósito de alerta social e critica política, mantendo, para isso, uma postura old school, onde toda a envolvente de rebeldia está bem embrulhada em linhas melódicas e refrões orelhudos. E sempre com aquele feeling soul que os torna únicos. Entre linhas punk rock e algum rockabilly ainda há tempo para ligeiras incursões pelo country, para o uso de guitarras acústicas e até para se arriscarem jogos vocais. Afinal, o punk rock está bem vivo e, no caso dos Street Dogs, recomenda-se vivamente. [75%]

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