Reviews: Novembro (IV)


La Maldición (ONIRICOUS)
(2019, Black Seed Productions)
Com dois aclamados álbuns de death metal old school por duas editoras diferentes (Ritos Diabólicos em 2013 pela Razorback Recordings e La Caverna de Fuego em 2016, pela Equinox Discos), os espanhóis Oniricous voltam à carga com La Maldición, um EP de seis temas – 4 originais, uma intro e um outro – que promete por os fãs de grupos como Death, Morbid Angel ou Pestilence a salivar. La Maldición prova que a banda de Castilha La Mancha não está amaldiçoada e que o seu death metal, não sendo particularmente inovador, é suficientemente maléfico. Os riffs respeitam o legado dos grandes nomes, enquanto os solos são aproveitados para ilustrar a capacidade técnica dos guitarristas. Depois desta curta aventura, fica-se, ansiosamente, à espera de um próximo longa-duração para aferir a continuidade desta linha evolutiva. [74%]


Badlands (THE END A. D.)
(2019, FastBall Records)
Não haja dúvidas que a entrada da super dinâmica Ami Friend em 2017 trouxe um novo fôlego aos The End A. D. A banda de metal/hardcore/punk está ativa desde 2014 e é composta por membros das mais decadentes e sujas bandas de Filadélfia, mas foi a senhora Ami que os catapultou para um novo patamar, mesmo que Badlands, o seu mais recente disco seja uma obra que não acrescenta nada de novo ao habitual do estilo. Mas uma coisa é certa: com este disco, o coletivo expande os limites do que vinha fazendo, mostrando-se simultaneamente, mais puro, mais sujo, mais poderoso, mais punk, mais metal e mais decadente. A produção é excelente, mas o problema aqui reside na memorabilidade. Alguém, para além dos indefetíveis fãs da banda e do género, conseguirá ouvir este disco mais que um par de vezes? [59%]


Tales Of Bards & Beasts (CRUSADE OF BARDS)
(2019, Pride & Joy Music)
Os fãs de bandas como Nightwish, Last Days Of Eden, Xandria, Within Temptation e afins, têm mais um projeto para se entreterem. Oriundos de Madrid, os Crusade Of Bards estreiam-se com Tales Of Bards & Beasts, um registo igual a tudo o que povoa o imaginário do symphonic metal: vocais femininos (um belo timbre, mas alguma falta de atitude), guturais aqui e ali, algumas orquestrações bombásticas (ainda que sampladas) e incursões pelo folk/medieval. Este disco viaja pelas histórias desde a Grécia Antiga à Suécia e apresenta desde as poderosas orquestrações de Of Bards & Beasts até melodias catchy de The Golden Vessel; desde a extravagância dos instrumentos tradicionais de Chapter Twelve até à balada Ulysses Cry. Apesar de demonstrar pouca personalidade, Tales Of Bards & Beasts é um disco com alguns bons momentos, nomeadamente na sua segunda metade onde melhora significativamente. [67%]


Age Of Defiance (PRONG)
(2019, Steamhammer/SPV)
Com uma longa carreira (formaram-se em 1986 em Nova Iorque) alicerçada num conjunto de alguns álbuns emblemáticos, essencialmente na sua primeira fase em que mistura do hardcore novaiorquino com o thrash lhe valeu bastante reconhecimento, os Prong continuam no ativo! E como quase sempre o trio mantém a postura de fazer quase tudo. Age Of Defiance traz dois temas novos e três outros captados ao vivo e pretende fazer a ponte entre o anterior álbum (Zero Days, 2017) e o próximo que só se espera para os finais de 2020. É um período de tempo demasiadamente longo para os seus die-hard fãs suportarem e este é, principalmente, o objetivo deste lançamento – dar-lhes um doce e proporcionar-lhes a audição de algo novo e de algo apresentado com uma nova roupagem. Quanto aos temas novos, são o estilo habitual da banda – o poder e o groove combinados num cruzamento entre thrash e o hardcore. [68%]


The Revenant (ADRIAN BENEGAS)
(2019, Pride And Joy Music)
Nos primeiros quatro temas de The Revenant, o paraguaio Adrian Benegas (membro do projeto internacional Tragul) quer mostrar tanto serviço que consegue ser altamente confuso. Procura-se a contemporaneidade do metal moderno, com apontamentos sinfónicos samplados, diversas camadas sónicas e uma bateria muito maquinal. Já aqui é possível vislumbrar algumas boas ideias – nomeadamente ao nível das dinâmicas, dos breaks e das incursões operáticas - que acabam, irremediavelmente, por ficar perdidas no meio de tanta confusão sonora. Nesta fase, em momento algum The Revenant consegue ser empolgante. Até que chega Inferno, quinto e verdadeiramente espetacular tema. Quem conseguiu chegar a esta fase acabará por descobrir, a partir daqui um disco completamente diferente para melhor. É a fase em que Benegas se lembra de descomplicar, tornando simples o que deve ser simples e dando espaço às suas ideias para que o power metal melódico seja perfeitamente linear e percetível. Mas grande parte do mal já estava feito e não pode ser esquecido. [67%]

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